A crise humanitária em Gaza e a realidade
Por David S. Moran
Guerra é algo terrível onde todos perdem e quem mais perde são os civis de ambos os lados. A Faixa de Gaza, governada com mão de ferro pela organização terrorista Hamas, desde 2007, tornou toda a população cúmplice do governo do qual dependem.
Em 7 de outubro de 2003, o Hamas invadiu Israel e assassinou a sangue frio 1.200 cidadãos pacatos que estavam acordando (foi num sábado, as 6:30 h da manhã). O governo de Israel, pego em surpresa, demorou para revidar, mas quando o fez, foi com força total. O exército israelense convocou centenas de milhares de reservistas e muitos deles estão em serviço militar há mais de 400 dias, deixando de lado seus afazeres cotidianos.
Não há dúvidas de que a população de Gaza está sofrendo, perderam suas casas, empregos e muitos até perderam suas vidas. Infelizmente, é o preço da guerra, principalmente quando um lado está lutando pela sua sobrevivência. O Hamas declarou que quer eliminar Israel do mapa, junto com seu “patrono”, o Irã. Querem construir um estado palestino do rio ao mar. Muitos no mundo, não sabem o que isto significa. Um amigo lituano que visitou sua terra natal me contou que se encontrou com amigos de longa data. Um deles lhe disse: “você vive agora em Israel, um país que tem economia forte, exército poderoso, educação privilegiada, invenções que mudam o mundo, o que custa para vocês darem aos palestinos um pedacinho de terra do rio ao mar e acabar com esta guerra”. A ignorância é total, o amigo não conhece o mapa e não sabe que este pedacinho significava a destruição de Israel.
A guerra traz consigo crise humanitária, mas, com um bom governo esta crise pode ser mais amena ou mais grave. O Hamas parece não se importar com os seus cidadãos. Porque escrevo isto? Pelo simples fato de que, desde que começou o deslocamento da população das suas casas para o sul – a área de Rafah – e Israel forneceu caminhões de alimentos para esta população, terroristas da Hamas armados se apoderaram de boa parte do comboio e levaram os alimentos para, posteriormente, colocá-los à venda a preços exorbitantes, que grande parte da população não podia pagar.
Aliás, os mantimentos que a ONU tinha, e que seriam distribuídos para a população, foram sequestrados pelos terroristas do Hamas, ou mesmo dados a eles e por isso Israel não confia na sua distribuição. Para que os habitantes fossem alimentados, Israel criou, com os Estados Unidos, uma companhia, o GHF, Fundo Humanitário para Gaza ao qual a ONU, junto com o Hamas, se opôs. Por que? Pelo fato de que ambos tinham vantagem e proveito do arranjo anterior. A agência da ONU que era encarregada desta ajuda, a OCHA, com outras agências faziam e fazem deslegitimação da existência de Israel. Projetos humanitários recebem “montes” de dinheiro. De 2019 a setembro de 2023 a OCHA recebeu de governos europeus 3,3 bilhões de dólares e a mesma quantia só em 2024. Desses valores, 33% era chamado “projeto de ajuda em efetivo”. O Ministério de Desenvolvimento Social é encabeçado, desde 2019, pelo ativista da Hamas Ghazi Hamad. Quem sabe para onde foi desviado este dinheiro vivo que talvez tenha ajudado a montar o monstro da base terrorista da Hamas.
Mas, uma mentira que é impressa num dos mais renomados jornais do mundo, o New York Times, faz seu efeito nocivo. Uma foto de Mohammed Zakaria al Matouq doi publicada na quinta-feira (23/07) sob o título “morrendo de fome em Gaza”. O New York Times é lido por 50 milhões de leitores. Imediatamente os maiores jornais do mundo e redes de TV copiaram a notícia com a foto que é devastadora. Ante a resposta de Israel, só na terça (29/07) houve retratação do NYT, em um de seus sites lido por apenas milhares e, evidentemente, esta retratação não tem o mesmo efeito. Acontece que o menino nasceu com múltiplas doenças genéticas. Há mais de um ano, Israel deu permissão a sua mãe e irmãos para ser tratado na Itália. Isto não significa que não haja fome em Gaza, mas uma mentira se espalha rapidamente e a verdade não vem a tona da mesma forma. O sensacionalismo vence. Ainda bem que o governo italiano confirmou que, desde junho de 2024, ele é tratado em um hospital seu.
Israel, não só permite a entrada de caminhões de mantimentos e até lança alimentos de seus aviões de carga, como também permite (por absurdo que seja) que um país como a Turquia, que virou inimigo de Israel, envie ao porto de Ashdod cargas para serem entregues em Gaza.
Aliás, Israel é o único país que dá comida, gasolina, eletricidade e água potável para seu feroz inimigo, que é a organização terrorista Hamas. Os únicos que realmente sofrem de política de esfomeamento são os reféns israelenses vivos nos túneis da Hamas. Estes, mesmo depois de 664 dias no cativeiro, nunca foram visitados pela Cruz Vermelha, ONU, alguém?
Todo este esforço de Israel é feito sem que o estado judeu receba nada em troca dos terroristas da Hamas. As negociações para encerrar a guerra e devolver os 20 sequestrados vivos e 30 caixões de sequestrados que morreram nas mãos da Hamas estão paradas e os familiares dos sequestrados apavorados. Ninguém sabe quando receberão seus entes queridos para abraçarem, ou para lhes prestar a última homenagem, num enterro decente.
Quo Vadis Gaza?
De ponto de vista militar, o Tsahal (exército israelense) praticamente encerrou suas atividades em Gaza. 75% da Faixa de Gaza está sob controle das FDI que ainda não atua onde possivelmente estão os sequestrados, para que não os matem com o avanço das tropas. Evidentemente, que onde as tropas estão eles fazem limpeza destruindo túneis e pegando material bélico, que até acharam no sótão de hospital em Khan Younes.
Os militares acham que Israel pode tomar a atitude de chegar a um acordo e libertar os reféns e se, depois, for necessário, voltar a lutar contra Hamas. Por outro lado, Netanyahu parece que foi sequestrado pela ala messiânica dos ministros Smotrich e Ben Gvir, que querem prosseguir na guerra e ele depende dos votos dos seus partidos para permanecer no poder. Pelas pesquisas de opinião pública, 74% querem ver o fim da guerra. Aliás, pelas pesquisas, o partido de Smotrich nem volta à Knesset, pois receberia menos que o mínimo exigido para eleger quatro deputados.
Esta guerra sem fim, a mais longa na história de Israel, que foi vitoriosa no plano militar, destruiu a organização terrorista Hamas (cadê Sinwar?), o Hezbollah (cadê o Nasrallah?), na Síria o ditador Bashir Assad fugiu para a Rússia, o fanfarão líder iraniano Ali Khameni ainda está no bunker. Infelizmente, no plano político, tornou-se um desastre. O trabalho e o financiamento dos antissemitas saíram do plano e foram ativados e Israel está perdendo sua boa imagem entre os jovens no Ocidente. O chefe do Estado-Maior, Tenente-general Eyal Zamir pediu ao governo instrução clara se querem que as FDI entrem nos 25% do território onde ainda não atua para resguardar os reféns israelenses. O messiânico Smotrich disse que sim e o Zamir lhe respondeu que é arriscado para a vida dos reféns. Smotrich, que nada entende da área militar – se esquivou de servir e só foi por alguns meses, aos 29 anos -, lhe respondeu: “E você evita a nossa vitória”. No absurdo desse governo, ele foi nomeado pelo Netanyahu para servir de ministro das Finanças e sub-ministro da Defesa.
Neste fim de semana, chega a Israel o enviado especial do Trump, Steve Witkoff. Se conseguir mover a engrenagem de um acordo entre Israel e Hamas será um alivio para os familiares dos sequestrados, mas como se sabe, nada no Oriente Médio age de acordo com a lógica.
Enquanto a pressão de Catar e Egito e outros países caem em ouvidos surdos do Hamas, países ocidentais preferem ameaçar Israel em reconhecer estado palestino. Começou com o francês Macron, seguido pelo premier inglês Starmer, Malta, Holanda, Portugal e outros. Eles não fazem a declaração por amor aos palestinos ou ao corrupto regime da OLP, o fazem visando ganhar o eleitorado islâmico nos seus países.
A ex-refém israelense, que tem nacionalidade inglesa, Emily Damari disse ao diário Telegraph: “o primeiro ministro Starmer tem que ter vergonha. Este seu passo dá legitimidade ao terror. Se ele estivesse no posto na II Guerra Mundial reconheceria o regime nazista nas regiões ocupadas da Holanda, França e Polonia?”.
Infelizmente, eles ignoram o que os espera. O antissemitismo estava em fogo brando, mas a leva dos imigrantes muçulmanos e o dinheiro de sobra de países como Catar trouxeram esta onda contra os judeus e contra Israel. Só se espera que os europeus e os ocidentais acordem a tempo, antes que seja tarde para seus próprios países.
Foto: COGAT (X)
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