A flotilha que pode mudar a realidade de Gaza
Por Marcos L Süsskind
A flotilha de cerca de 40 embarcações e centenas de ativistas de esquerda, que até há pouco esteve sob comando de Greta Thunberg, segue em direção a Gaza.
É um projeto que atrai a mídia de todo o mundo, porém algo inócuo. Todos na flotilha sabem que os barcos serão interceptados, seus ocupantes novamente deportados e os suprimentos que trazem serão tomados por Israel e posteriormente entregues aos palestinos de Gaza. A quantidade de ajuda é irrisória frente às quase 100 carretas diárias entregues por Israel, com mantimentos, medicamentos, equipamentos hospitalares, combustíveis etc.
Mas este grupo de ativistas poderia perfeitamente contribuir com os palestinos em Gaza e aqui vai um desafio e algumas ideias.
Proponho que solicitem permissão às autoridades de Israel para entrarem em Gaza, e que lá permaneçam por seis meses trabalhando nas causas que defendem. Greta se dedicará a defender suas pautas: a igualdade das mulheres e o respeito ao meio ambiente, usando seus gritos em imensos comícios em praças públicas onde condenará a liderança do Hamas por cavar túneis sob escolas ou por usar hospitais como depósito de armas
Os brasileiros
Thiago Ávila, Mariana Conti e Gabrielle Tolotti, todos do PSOL, se comprometem a defender os ideais do marxismo e a separação da ligação religião/Estado bem como promover em Gaza as duas principais bandeiras de seu partido: o identitarismo, a que dá voz a grupos como lésbicas e gays e o feminismo que prega direitos iguais as mulheres, incluindo a forma de vestir-se, libertação de poderes patriarcais e a promoção dos direitos das mulheres. Embora o Hamas condene estes valores, os membros do PSOL serão baluartes da mudança, usando sua voz na luta por seus princípios.
Magno de Carvalho, do Sintusp, deve se comprometer a pregar as três colunas básicas do seu sindicato: a luta pelo fim da exploração, da opressão e do autoritarismo – exatamente o que o Hamas faz em Gaza desde que tomou o poder em 2007. Como sindicalista convicto, certamente enfrentará o Hamas com a mesma veemência que enfrenta as lideranças universitárias e governamentais em São Paulo.
E os europeus?
A portuguesa Mariana Mortágua, deputada lésbica, defensora dos direitos LGBT+ e dos direitos das mulheres pode trazer sua esposa, Joana Pires Teixeira e juntas lutarem contra o constante assassinato de gays e lésbicas bem como organizar uma Parada Gay tão grande como as que organiza em Portugal.
Miguel Duarte, o mais conhecido batalhador pela entrada de ilegais na Europa, pode organizar grandes levas de imigrantes de Gaza para países como Itália, Reino Unido e Alemanha, como fez recentemente com outros ilegais.
A franco-síria Rima Hassan, conhecida por sua luta constante contra o Apartheid, buscará mudar as leis palestinas que condenam à morte quem vende terras a judeus. Ela também buscará mudar o apartheid que não permite sequer um único judeu de viver na Palestina, provavelmente o único lugar no mundo onde não há judeus.
O professor Antônio Mazzeo, da Itália, o mais ferrenho defensor da paz, detentor de diversos prêmios por defender a desmilitarização, tratará de convencer a Jihad Islâmica, o Hamas e a FPLP a se desfazerem de suas armas e a mudarem suas constituições abandonando a luta armada e se tornando paladinos da paz. Ele provavelmente conseguirá mudar suas bandeiras: ao invés de mostrarem metralhadoras, mostrarão pombas brancas.
Poderia me alongar sobre muitos outros participantes. Mas cada um deles, aceitando os exemplos acima, usará sua capacidade de argumentação, para promover os mesmos valores que promovem em seus países e continentes.
Então, membros da flotilha: aceitam o desafio?
Foto: @gazafreedomflotilla (Instagram)
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Marcos, com todo respeito, o seu texto, em uma situação normal seria de extrema precisão quanto a incoerência das ideologias e lutas de cada um dos grupos , movimentos e integrantes dessa flotilha.
Eu moro em Israel, e é claro que estou maltratado, violentado e corroído pela catástrofe e monstruosidade do Hamas que culminou no 7/10/23.
Porém, infelizmente o nosso péssimo e e radical governo conseguiu errar na estratégia de atuação militar, no timing da geopolítica local e mundial em relação à Gaza.
Infelizmente não temos argumentos e ferramentas eficazes para combater e convencer o mundo de que esta guerra era e continua sendo justa.
Principalmente quando temos vozes de ministros radicais fundamentalistas que não tem o mínimo compromisso com a vida dos reféns e suas famílias, que grita e alardeia a todo momento que quer reliminar a população de Gaza e recolonizar com população judia, e não faz nem questão de dizer, israelense, e sim judia.
Não temos argumentos para critucar nenhum desses manifestantes nesse momento, porque cometemos uma destruição humana e estrutural edionda