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A tempestade Byron preocupou os israelenses

Por David S. Moran

O Serviço Meteorológico advertiu tanto sobre o temporal que todo mundo se preveniu. Pena que o serviço que tinha que alertar sobre a invasão dos terroristas do Hamas a Israel não o fez. A longa estiagem estava provocando a diminuição do nível do lago Kineret (Mar da Galileia).

É impressionante como a tecnologia evoluiu e pode prever o tempo, as chuvas, o frio e o calor. Deus faz e as máquinas acompanham e advertem antecipadamente. Raios e relâmpagos vieram como previsto, iluminaram e fizeram barulho na noite de terça para quarta-feira (10/12). Mas o mal estava para vir na madrugada de quinta para sexta-feira (12/12). Pelo menos as plantas saíram dançando e os vales se encheram momentaneamente com água. Em certas partes, caíram mais chuvas em um dia do que geralmente num mês.

Como não podia deixar de ser, a organização terrorista Hamas ainda não devolveu o último sequestrado, o herói Ran Gvili, infringindo o acordo acertado com o presidente Trump.

O presidente Trump pressiona para seguir para a segunda etapa do acordo, firmado em Doha, Catar, sob pressão dos EUA em Israel e da Turquia no Hamas. Para engatar (talvez) esta ação, Netanyahu estará com o presidente Trump, em Mar a Lago (Florida), no dia 29 de dezembro. A ocasião é no mínimo estranha, pois Trump estará nas suas férias de fim de ano e Mar a Lago, não é Washington ou Nova York, onde se concentram os políticos. As conversas podem ser duras. Trump quer algo nas mãos. O acordo que fez entre Camboja e Tailândia ruiu depois de dois meses, a Ucrânia continua na guerra contra a Rússia e ele quer pressionar Israel, que depende em muito dos EUA. Por outro lado, Israel quer que se execute o que ainda falta da primeira etapa: o Hamas ainda não entregou todos os sequestrados (ainda falta um), o Hamas não depôs suas armas, a Força Militar Internacional ainda não foi formada e, portanto, não entrou e desmilitarizou a Faixa de Gaza e um novo governo (mesmo interino) sem o Hamas não foi formado. Tudo isto deveria ser executado sob a supervisão do Supremo Conselho de Paz, encabeçado por Trump.

O plano poderia ser bom, planejá-lo é fácil, mas do outro lado, no Oriente Médio a realidade é diferente e torna-se difícil de ser executado. Nenhum país árabe ou muçulmano quer integrar a Força Militar Internacional, que tem a incumbência de desarmar o Hamas e desmilitarizar a Faixa de Gaza. Até agora, só há um país disposto enviar tropas à região e Israel se opõe. Trata-se da Turquia, de Erdogan. Sob a presidência deste, o país tornou-se cada vez mais radical islâmico e dá abrigo a organizações terroristas anti-israelenses. Israel não quer seus soldados confrontando-se no futuro com soldados turcos. A segunda mina é o governo tecnocrático provisório com elementos palestinos, mas sem ligações com o Hamas ou com a Autoridade Palestina. O terceiro problema é lidar com a retirada das Forças Armadas de Israel (FDI) que levariam a reconstrução da Faixa de Gaza e constituir novo governo na região.

Certamente, Trump pressionará Israel e não consegue pressionar para que o Hamas ceda. Netanyahu, no seu sexto encontro com Trump em menos de um ano, deverá fincar o pé e exigir o retorno do último sequestrado, impedir que forças turcas estejam na Força Internacional, certificar que o Hamas seja desarmado, a Faixa de Gaza sem armamento e o Hamas fora do governo.

Ao mesmo tempo, Israel espera que a Autoridade Palestina de Mahmoud Abbas, de 90 anos, tome atitude de boa vontade e acabe com p seu projeto “pay for slay”, que é o pagamento recompensa da AP a cada terrorista e/ou sua família por ter matado israelenses. Israel também exige que a AP tire dos seus textos escolares o incentivo ao terrorismo e a incitação do ódio contra Israel.

Israel também exige que, após 77 anos, acabe de vez o status de refugiados dos palestinos, o término das atividades das agências da ONU, como a UNRWA, em Gaza e na Samaria e Judeia. Este status só foi mantido para os palestinos e não existe similar no mundo. O status de refugiado termina depois de dois anos.

Tem-se que levar em conta que com o frio do inverno e as chuvas, a situação humanitária na Faixa de Gaza se deteriora. Tudo se molha, a infraestrura do esgoto está arruinada, o que pode causar doenças.

No plano interno, o ministro da Defesa, Israel Katz, continua combater o chefe do Estado-Maior, major general, Eyal Zamir. Katz é um político e não um militar, é do topo dos políticos do Likud e quer nomear pessoas ligadas a ele para altos postos militares. Por exemplo, quer nomear o seu secretário militar general Guy Markizno para adido militar em Washington. Zamir recusa e quer nomear o general Tal Politis, considerado por muitos um corajoso e bem avaliado. Enquanto a discussão continua, Israel está sem adido militar no lugar mais importante, nos EUA. A represália de Katz é não confirmar a nomeação do próximo comandante da Força Aérea, da Marinha e outros para postos menores. É um absurdo de luta, que causa danos ao Exército. Centenas de oficiais veem o que está acontecendo e rescindem contrato. Netanyahu só vê este embate e fuma outro charuto sem intervir.

A lei do recrutamento, ou da evasão dos haredim é mais um abacaxi ao qual ainda não se chegou a solução. Segundo a lei em Israel, todos os jovens de 18 anos têm que se apresentar ao centro de recrutamento. Os ultraortodoxos conseguiam se evadir, devido a força dos seus políticos, necessários para formar governos. Com a falta de soldados devido a guerra, agora as FDI necessitam de mais pessoas e não só ficar com reservistas que fazem 300 a 600 e mais dias de serviço militar nos últimos dois anos. A Guerra de 7 de outubro foi um terremoto em Israel, mas os ultraortodoxos continuam como se isto não tivesse acontecido. Mesmo os jovens que deixaram as yeshivot e os que vivem como leigos, continuam na boa vida sem o serviço militar. Eles conseguem enganar os políticos, que talvez se deixam enganar. Mesmo na brigada especial que se criou para os haredim, ela é incompleta e 275 soldados não são haredim, mas do Sionismo Religioso. Será que os políticos ultraortodoxos acham que se nenhum jovem israelense servisse nas FDI, o Estado continuaria existindo?

Foto: Captura de vídeo

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