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Brasil se retira oficialmente da IHRA

A decisão do Brasil de se retirar da Aliança Internacional para Memória do Holocausto, está causando indignação em Israel e na IHRA.

O presidente do Yad Vashem, Danny Dayan, que também é presidente interino da IHRA, disse que “esta é a primeira vez que um país ocidental subordina a memória do Holocausto a considerações políticas. Isso está cruzando uma linha vermelha muito séria. O Brasil está essencialmente se retirando do compromisso da comunidade internacional com a memória do Holocausto”.

O Brasil justificou sua decisão intrigante em um documento diplomático enviado ao escritório permanente da IHRA em Berlim. No documento, alegou que existem restrições legais que o impedem de pagar taxas de filiação à organização. Alegou também que a retirada se baseou em um parecer jurídico da Assessoria Jurídica do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, bem como em uma recomendação da Relatora da ONU para os Direitos Humanos, Francesca Albanese.

Os brasileiros não declararam explicitamente os motivos, mas em sua argumentação criam uma conexão clara entre a lembrança do Holocausto e a guerra em Gaza. Em resposta ao anúncio brasileiro, Dayan e os líderes da Aliança enviaram uma carta urgente ao Ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, expressando profunda preocupação com a decisão de seu país.

“A decisão de participar da IHRA, como membro pleno ou como observador, é, naturalmente, um direito soberano de cada país”, afirmava a carta. “No entanto, as razões mencionadas – o parecer jurídico do Itamaraty e as recomendações do relatório da ONU – suscitam profundas preocupações e exigem esclarecimentos urgentes”.

A Força-Tarefa Internacional para a Memória do Holocausto trabalha para preservar a memória histórica do Holocausto, promover a educação e a comemoração nessas áreas e combater o antissemitismo e a acessibilidade ao Holocausto em todas as suas formas. A organização enfatizou que seus objetivos são universalmente reconhecidos, enraizados no consenso internacional após a Segunda Guerra Mundial e refletidos em inúmeras declarações e documentos das Nações Unidas, que também é membro da força-tarefa.

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“A sugestão de que o trabalho da IHRA contradiz os padrões de direitos humanos ou princípios legais é infundada e pode minar o compromisso global compartilhado de garantir que as atrocidades do Holocausto nunca se repitam”, afirmava a carta enviada ao ministro brasileiro.

A liderança da IHRA solicitou ao governo brasileiro maiores explicações sobre a natureza das preocupações que levaram a essa decisão e como elas se relacionam com a missão da organização. “Se questões específicas foram identificadas, gostaríamos de ter a oportunidade de abordá-las diretamente, com total transparência e espírito de diálogo”, acrescentaram os líderes da organização. Eles observaram que o Brasil tem sido um parceiro valioso nos esforços internacionais para combater o antissemitismo e preservar a memória do Holocausto e expressaram a esperança de que a decisão não sinalize um recuo desses compromissos.

A força-tarefa internacional é composta por 35 países, nove países observadores e nove organizações internacionais. Muito países críticos a Israel, como Noruega e Irlanda, são membros da força-tarefa e não se retiraram dela, portanto, a atitude do Brasil é bastante intrigante.

O anúncio da retirada do Brasil como observador da IHRA ocorreu após o Brasil ingressar com uma ação judicial contra Israel na Corte Internacional de Justiça em Haia. A ação alega que Israel está cometendo genocídio em Gaza.

Há cerca de um ano e meio, o presidente Lula afirmou que não há guerra em Gaza, mas sim genocídio, e que o que está acontecendo com o povo palestino nunca aconteceu na história, “exceto quando Hitler decidiu matar os judeus”.

Fonte: Revista Bras.il a partir de Ynet
Foto: Ricardo Stuckert (Presidência da República do Brasil)

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