E o futuro, a quem pertence?
Por Nelson Menda
O mundo costuma oscilar, em um ritmo bastante veloz, entre o bem e o mal. Durante minha infância, gatos e cachorros eram arqui-inimigos. O Joly, nosso vira-latas que foi adotado e acabou virando parte da família, não podia avistar um gato que tratava de persegui-lo.
Morávamos na Rua Demétrio Ribeiro, na Cidade Baixa, e meus avós paternos na Fernando Machado, a uma pequena quadra de distância. Enquanto a numerosa colônia asquenazi de Porto Alegre fazia questão de residir no Bom Fim, nós, sefaradis, sempre tivemos preferência pela Cidada Baixa.
O Joly, cachorro que nunca usou coleira, gostava de me acompanhar nas visitas que fazia à casa dos meus avós paternos. Era um curto trajeto, em que ele fazia questão de cheirar e urinar em cada poste que encontrava pelo caminho.
Certo dia, já quase chegando ao destino, um gato de rua, inadvertidamente, cruzou seu caminho. O Joly se preparou para atacá-lo e o pobre bichano, ao fugir da investida, atravessou a rua no exato momento em que um carro passava pelo local. Acabou sendo atropelado e sua cabeça, arrancada do corpo, rolou pelas pedras da rua. Foi uma cena horrível, que ainda preservo na memória. Lembro de ter dado uma bronca no Joly, que não adiantou de nada, pois ele continuou correndo atrás de gatos pelos próximos 18 anos.
Por que lembrei desse fato? Porque atualmente, decorridas algumas década, gatos e cachorros já não se estranham mais. Algumas famílias, inclusive, criam essas duas espécies dentro da mesma casa e os bichos chegam a compartilhar a própria cama, tanto entre eles quanto com seus donos. Alguns cães, mais folgados, se atravessam de tal maneira na cama dos donos que quase não deixam espaço para os humanos. Levando-se em conta que os cães descendem de lobos, deixo no ar uma questão importante: até quando esse processo evolutivo terá continuidade?
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Não tenho nenhuma experiência pessoal sobre o assunto porque na minha casa nunca tivemos bichos de estimação, a não ser canários e cardeais. Meu tio, que morava na parte de baixo de nossa casa, tinha uma cadela, Leca, com a qual tínhamos uma pequena interação. Tenho um colega de faculdade que tem dois cachorros e um gato que convivem maravilhosamente bem. Chegam a dormir na mesma cama e se alimentar no mesmo recepiente. Acho isso incrível!