Hamas responde à proposta de cessar-fogo
O Hamas disse, neste sábado, que havia enviado aos mediadores sua resposta com algumas emendas à proposta apresentada pelo enviado do presidente Trump para o Oriente Médio, Steve Witkoff, o sinal mais concreto de progresso em direção a um cessar-fogo, desde março.
O grupo terrorista disse em um comunicado que, segundo o acordo, irá libertar 10 reféns vivos e 18 corpos em troca da libertação de prisioneiros palestinos por Israel, uma mudança na última proposta dos EUA que tornará mais difícil para Israel retomar os combates se as negociações sobre um cessar-fogo permanente não forem concluídas até o fim da trégua.
A proposta atualizada pelo Hamas inclui uma exigência pelo fim da guerra, que é uma questão crítica para Israel, e prevê que a libertação dos israelenses mantidos em cativeiro em Gaza seja distribuída ao longo da trégua de 60 dias, em vez de em dois lotes no primeiro e no sétimo dia, como a oferta dos EUA sugeriu.
A resposta do Hamas parece próxima de uma versão previamente divulgada do acordo, que especificava que o grupo libertaria 10 reféns, bem como restos mortais de reféns durante o cessar-fogo em troca de 1.100 prisioneiros palestinos.
A declaração do Hamas disse: “Esta proposta visa alcançar um cessar-fogo permanente, uma retirada total da Faixa de Gaza e garantir o fluxo de ajuda ao nosso povo e às nossas famílias na Faixa de Gaza”.
Um alto funcionário da organização terrorista disse à Associated Press que sua resposta veio “após a realização de uma rodada de consultas nacionais”. “Há algumas notas e alterações em alguns pontos, especialmente sobre as garantias dos EUA, o momento da libertação dos reféns, a entrega de ajuda e a retirada das forças israelenses”.
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A proposta de cessar-fogo dos EUA supostamente envolve uma pausa de 60 dias nos combates e esforços redobrados em direção à paz a longo prazo, bem como garantias de Israel de que não retomará sua ofensiva após o Hamas libertar os reféns, como fez em março.
Os negociadores israelenses aceitaram o acordo, mas a reação inicial do Hamas à proposta foi morna. Na sexta-feira, o grupo militante anunciou que estava realizando consultas com outras facções que operam sob seu domínio em Gaza, incluindo a Jihad Islâmica Palestina.
A resposta do Hamas veio depois de dois dias em que o grupo terrorista indicou que a proposta dos EUA era mais tendenciosa a favor de Israel do que as anteriores.
Um importante oficial do Hamas, Basem Naim, havia dito, na quinta-feira, que a proposta dos EUA “não responde a nenhuma das demandas do nosso povo”, incluindo “o fim do bloqueio humanitário na Faixa de Gaza, que levou a condições semelhantes à fome entre a população de 2 milhões de pessoas”.
Israel ainda não respondeu oficialmente à resposta do Hamas, mas uma autoridade disse a repórteres israelenses, sob condição de anonimato, que Jerusalém estava tratando as mudanças do Hamas como uma “rejeição efetiva”.
Profundas diferenças entre o Hamas e Israel frustraram tentativas anteriores de restaurar um cessar-fogo que fracassou em março, após apenas dois meses.
Israel insiste que o Hamas se desarme completamente e seja desmantelado como força militar e governante, e que todos os 58 reféns ainda mantidos em Gaza sejam devolvidos antes que o grupo concorde em acabar com a guerra.
O governo israelense teme que um cessar-fogo duradouro e a retirada deem ao Hamas uma influência significativa em Gaza, mesmo que ceda o poder formal. Com o tempo, os israelenses temem que o Hamas consiga reconstruir seu exército e lançar mais ataques semelhantes aos de 7 de outubro.
Por outro lado, o Hamas teme que Israel possa quebrar o cessar-fogo, como fez em março passado, e retomar a guerra.
A ONU e as potências regionais instaram tanto o Hamas quanto Israel a chegarem a um acordo para pôr fim aos combates em Gaza e suas consequências humanitárias.
“As negociações sobre a proposta atual estão em andamento”, disse o embaixador do Catar nas Nações Unidas, Alya Ahmed Saif al-Thani, na sexta-feira, acrescentando que o Catar estava “muito determinado a encontrar um fim para a terrível situação em Gaza”.
Fonte: Revista Bras.il a partir de The Jerusalem Post e The Guardian
Fotos: Wikimedia Commons e Shutterstock