Haredim e oposição apoiam a dissolução da Knesset
A oposição pedirá a dissolução da Knesset na próxima semana, o que forçaria eleições antecipadas, depois que líderes ultraortodoxos que apoiam o governo indicaram que apoiariam a proposta.
O partido Yesh Atid, de Yair Lapid, anunciou hoje nas redes sociais que apresentará uma proposta para dissolver a Knesset na próxima semana. Um anúncio semelhante foi feito pelo partido Israel Beitenu, de Avigdor Liberman.
Um porta-voz do Yesh Atid explicou que as duas moções serão fundidas posteriormente, assim que forem apresentadas na sessão plenária.
Em uma mensagem em sua conta no X, Liberman disse que a proposta seria apresentada na segunda-feira. “O governo de 7 de outubro deve voltar para casa”, escreveu o político.
O anúncio ocorre depois que vários veículos de comunicação noticiaram que líderes de diversas correntes religiosas ordenaram que partidos ultraortodoxos israelenses retirassem seu apoio ao governo de Benjamin Netanyahu.
De acordo com o jornal Maariv, a decisão foi tomada após os ultraortodoxos terem realizado uma reunião malsucedida na noite passada com Yuli Edelstein (foto), o parlamentar responsável pela tramitação de um projeto de lei para isentar a maioria dos judeus ultraortodoxos do serviço militar obrigatório.
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Os dois partidos ultraortodoxos de Israel, Shas e Judaísmo Unido da Torá, são fundamentais para a estabilidade da coalizão de Netanyahu, e ambos vêm bloqueando a atividade legislativa no país há semanas em protesto contra a lentidão do governo em aprovar o plano de isenção militar.
Segundo relatos, o apoio do Shas à moção para dissolver a Knesset permanece incerto, e Netanyahu ainda tem espaço para buscar um acordo que mantenha o governo.
Os ultraortodoxos, fundamentais para a estabilidade da coalizão, querem que o governo aprove um plano que permita a manutenção de muitas das isenções militares para membros de sua comunidade. Desde a fundação do Estado de Israel, essas isenções têm permitido que judeus que frequentaram escolas religiosas em tempo integral evitem o serviço militar obrigatório.
Em junho de 2024, após a expiração da disposição temporária que permitia as isenções (a questão nunca havia sido ratificada por lei), a Suprema Corte ordenou que as Forças de Defesa de Israel (FDI) começassem a alistar membros ultraortodoxos, forçando o governo a apresentar um projeto de lei para manter a maioria das isenções, embora também contemplasse o alistamento de alguns membros ortodoxos.
A iniciativa, no entanto, está parada no Parlamento há meses, pois Edelstein, o deputado responsável por sua tramitação, se recusa a considerar uma proposta que não aumente significativamente o número de pessoas elegíveis para o recrutamento das FDI.
A isenção militar de muçulmanos é uma questão controversa no país, especialmente desde o início da guerra contra o grupo terrorista islâmico Hamas na Faixa de Gaza, o que levou o governo a estender a duração do serviço militar obrigatório e a mobilizar dezenas de milhares de reservistas para manter sua campanha militar.
O primeiro-ministro Netanyahu convocou Yuli Edelstein para uma reunião esta noite.
Segundo relatos da mídia, Netanyahu tem considerado substituir Edelstein como presidente do Comitê de Relações Exteriores e Defesa, embora a medida tenha sido rejeitada pelos haredim, que acreditam que isso aprofundaria a oposição ao projeto de lei. O ministro das Comunicações, Shlomo Karhi, propôs que Netanyahu permita que ele renuncie ao cargo e substitua Edelstein, informou o jornal Israel Hayom.
Edelstein exigiu a negação total dos orçamentos das yeshivot, mesmo que 94% da meta seja alcançada. “Ele defendeu uma versão draconiana que não existe contra nenhum outro setor no país”, disse uma fonte, acrescentando que as exigências “violam direitos civis básicos do público haredi, mesmo que cumpram sua parte”.
A lista das exigências de Edelstein, conforme relatado pelo site Kikar Ha’Shabat são:
- Fim de descontos na arnona (imposto predial)
- Fim de pontos de crédito tributário para mulheres trabalhadoras
- Fim de descontos de habitação
- Fim de descontos em transporte público
- Fim de isenção de imposto na compra do primeiro apartamento
- Revogação de subsídios para estudos acadêmicos
- Revogação de carteiras de motorista
- Proibição de sair do país
- Fim de subsídios para creches
- Risco de prisão permanente
Fonte: Revista Bras.il a partir de Aurora, The Times of Israel e The Yeshiva World
Foto: ראובן קופיצ’ינסקי (Wikimedia Commons)