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O dono da bola

Por Roni Szuchman

Apesar de ter nascido no país do futebol, nunca gostei do mesmo – nem de jogar, muito menos de assistir. Sempre preferi esportes individuais: eu contra eu mesmo.

Na década de 80, quando garotos como eu se reuniam para jogar futebol, quem mandava era o dono da bola. Além de escolher os melhores jogadores primeiro, tendo assim uma vantagem competitiva, ele também decidia quando o jogo terminava. Bastava pegar a bola e ir embora.

Trump é o dono da bola. Ele escolhe os jogadores e dita quando o jogo – ou a guerra – acaba.

Há dois anos perdemos feio, mas de lá pra cá estamos jogando um bolão!

Israel derrotou todos os seus inimigos vizinhos. O Hezbollah, que era a maior ameaça da região, com um arsenal superior ao de vários países – vinte vezes maior que o do Hamas – sucumbiu a uma simples mensagem de pager. No dia seguinte, outra mensagem, agora por walkie-talkie, e eles passaram a ter medo até de usar uma torradeira. Uma jogada de mestre!

Com isso, cai o regime na Síria, e em doze dias deixamos o Irã de joelhos – uma goleada histórica. Agora Gaza desmorona como um castelo de cartas. Os últimos reféns vivos estão de volta para casa.

Nem alegria de vencer uma final de Copa do Mundo se compara com a emoção que tivemos aqui, de ver pais e mães abraçando seus filhos libertados depois de dois anos de tortura. Lágrimas e gritos de alegria que ecoaram na alma…

Mas, como disse, Trump é o dono da bola. Simplesmente pegou a bola no meio do campo e foi embora. Ganhamos uma guerra que parecia nunca ter fim.

Porém, perdemos – de lavada – a guerra das narrativas. Somos poucos e ruins de propaganda, enquanto nossos adversários dominam o campo da opinião pública. Catar, anfitrião da última Copa, joga sujo. E Israel nem foi classificado para a próxima, pois precisa disputar com fortes seleções europeias, já que nossos vizinhos se recusam até a bater bola conosco.

Falando em Europa, o Macabi – time israelense – não é bem-vindo por lá. Torcedores israelenses foram espancados na Holanda e proibidos de entrar na Inglaterra. Parece que meu passaporte europeu não vai me servir de muita coisa.

Com a bola nas mãos, Trump põe a ONU para escanteio e monta um novo time com os melhores jogadores: Israel no ataque, enquanto Inglaterra, França, Canadá, Austrália entre outros – patéticos – ficam no banco de reservas. É isso que acontece quando se demonstra fraqueza ao cair na narrativa e reconhecer um estado que paga pra matar israelenses, sem exigir no mínimo, a soltura dos reféns.

Daqui a pouco a bola vai estar em campo novamente. Basta-nos torcer pela vitória.

Dica útil: É importante estar preparado para partidas difíceis, treinar e jogar bem, mas não esqueça de ser amigo do dono da bola!

Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores e não expressam necessariamente a opinião da Revista Bras.il.

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