O mundo ao avesso
Por David S. Moran
O sábado 07/10/2023 abalou profundamente o povo de Israel, pela audácia e surpresa no ataque da organização terrorista Hamas aos kibutzim e povoados israelenses. O mundo também ficou chocado ao ver as atrocidades provocadas pelo Hamas.
O revide de Israel em poucos dias e a consequente guerra que originou, o mundo não gostou, principalmente, pelas vitórias de Israel. Sem dúvida nenhuma, os altos valores que o Catar esbanjou no Ocidente contribuíram e promoveram uma grande onda de antissemitismo em várias partes do mundo.
Não vou mencionar novamente as grandes contribuições de judeus em geral e de israelenses em particular ao mundo todo. Os avanços israelenses em todos os campos da vida humana, na medicina, literatura, ciências, computação, IA, agricultura, dessalinização transformando água do mar em água potável e muito mais, em apenas 77 anos de independência do Estado de Israel.
Em 29/11/1947, na ONU, foi aprovado o Plano da Partilha da Palestina em dois estados, um estado judeu e um estado árabe (não mencionou palestino, pois na época ninguém falava em palestinos, este termo só surgiu em 1964, com o primeiro ataque contra Israel da chamada Organização de Libertação da Palestina). Os árabes, cientes de sua força e do seu grande número comparado ao ishuv (população) judeu de cerca de 800.000 pessoas, não aceitou a partilha e sete países árabes atacaram os judeus pensando em varrê-los do mapa. Decisão errada. Os judeus, muitos deles sobreviventes do Holocausto, que havia terminado três anos antes, não tinham outra alternativa senão lutar pela sua sobrevivência.
Os judeus israelenses criaram colônias agrícolas (kibutzim), fábricas, meios de irrigação para poder plantar, em mais do que a metade do seu território que é desértico, tornando o solo fértil.
Ao mesmo tempo, as centenas de milhões de muçulmanos e árabes que benefícios trouxeram ao mundo? Não é meu objetivo menosprezá-los, mas praticamente nada. Aperfeiçoaram os sequestros de aviões (inventado pelos cubanos), destruindo-os em pleno ar, ou no deserto da Jordânia, guerras civis com a Jordânia, com o Líbano, desviando aviões em edifícios nos EUA (9/11), guerras no Afeganistão, na Síria, no Sudão, no Iraque. Em suma, só violência. Se alguns países árabes não tivessem petróleo, ainda viveriam na idade da pedra. Vejam o exemplo do Iêmen ou do Afeganistão.
E agora, depois de 7 de outubro, o antissionismo e antissemitismo saíram da garrafa e se espalharam pelo mundo, sem nenhuma lógica. Vejamos o exemplo da Dra. Lilia Chak, renomada artista ambiental, pesquisadora da arte, formada pela Sorbonne de Paris. Foi convidada para expor na Open Nights 2025, na Grécia. Ela disse que sempre enviou suas propostas a exposições no mundo todo e “sempre obtive convites. Depois de 7 de outubro recebo negações. Os expositores da Grécia não perceberam que ela é israelense e disseram que seu projeto ‘Canção de ninar para Corais’, que tem por objetivo salvar os recifes de corai é excelente e é importante a eles e ao mundo todo”. De repente descobriram que ela é israelense e exigiram que condenasse as ações de Israel na Faixa de Gaza, ou seria excluída da exposição. Vale a pena lembrar que o maior turismo de israelenses é para Grécia. De repente, a arte excelente de israelense não pode ser exposta. Disse Lilia: “Quando festivais de arte se tornam plataformas de segregação política, eles traem a voz universal que a arte representa. O meu projeto nada tem de político, é em defesa da própria vida ambiental”.
Outro exemplo recente é do Festival de Cinema de Toronto (Canadá), o TIFF. O documentário israelense “O Caminho entre nós; O Resgate Ultimativo”, dirigido pelo aclamado Barry Avrich, canadense de 62 anos, relata o heroísmo do Noam Tivon, general reformado que, na manhã de 7 de outubro de 2023, logo que soube do ataque do Hamas, pegou sua arma e viajou para a área para socorrer o maior número possível de pessoas, inclusive seus familiares que vivem num kibutz fronteiriço com Gaza. Barry Avrich é bem conhecido e premiado neste festival. Mas, o filme não foi aceito sob a alegação de mostrar cenas filmadas das vestes dos terroristas do Hamas, durante a chacina, sem sua permissão. A direção alega que a rejeição é devida a questões judiciais e não políticas. Ante o ridículo argumento e forte protesto, o diretor do festival disse que seu departamento jurídico se reunirá novamente com o diretor do documentário para examinar a possibilidade de exibi-lo no festival.
Estes atos absurdos chegam até a área dos esportes. O futebolista israelense, Shon Weissmann, que atua no time de Granada, na Espanha, acertou sua transferência para o time alemão de Fortuna Dusseldorf. Fez os exames médicos, acertou os valores, mas os torcedores fizeram pressão sobre a direção do clube, alegando que Shon não tinha condenado a ação israelense em Gaza. Resultado, o time voltou atrás. Este episódio pode ter um final feliz para Shon, pois o seu primeiro time no exterior, foi a equipe alemã de Wolfsberger que parece ter interesse de tê-lo de volta.
Mesmo assim, Israel tem que agradar todo o mundo. Embora o Catar seja um ferrenho inimigo de Israel, raposa vestida de cordeiro, que patrocina no mundo todo as ações antissemitas e antissionistas, Israel tem que aceitá-lo como mediador na questão do Hamas e Jihad Islâmica, patrocinados por ele mesmo, o Catar.
Assim é com o Egito, que permitia o contrabando de aramas para o Hamas, da Península de Sinai, e agora os dois países assinaram contrato de 35 bilhões de dólares, para o fornecimento de gás natural israelense, extraído do Mediterrâneo para abastecer as turbinas para 110 milhões de egípcios e evitar crise energética. Israel fornecerá ao Egito 130 bilhões de BCM (Bilhões de Metros Cúbicos), até 2040, estendendo o acordo que tem desde 2020 de fornecer 60 BCM até2030.
A Jordânia que tem maioria da população palestina é outro país que depende totalmente de água de Israel, que lhe abastece de água do Mar da Galileia e de água dessalinizada do Mar Mediterrâneo. Isto não impede de criticar Israel e o que mantem as boas relações entre estes dois países são os atuais governos. Os acordos não são com a população.
Infelizmente, atualmente parece que condenar e ou criticar Israel se tornou moda. Até o chanceler alemão falou espontaneamente sobre embargo de material bélico alemão a armas que seriam usadas em Gaza. O setor militar alemão entrou em polvorosa, pois a Alemanha está comprando de Israel material bélico em bilhões de dólares ou euros, para a defesa da Alemanha. Estes militares temem uma represália israelense e embargo que privaria a Alemanha dos melhores armamentos que necessita.
Só se espera que o premier israelense, Netanyahu reflita e veja esta situação e consiga fazer um acordo com a organização terrorista Hamas, para a devolução dos 50 sequestrados para seus lares e ou para serem devidamente sepultados e acabar com a guerra. Levará algum tempo para o mundo refletir e voltar a enxergar devidamente os fatos.
Foto: Ted Eytan (Crowdcast). CC BY-SA 4.0
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