Quem paga pelos erros do governo?
Por Marcos L Susskind
No Brasil parece valer a frase jocosa: “eu nunca faço o mesmo erro duas vezes. Eu faço cinco, seis ou sete vezes, só para ter certeza!”
O governo do Presidente Lula, por meio do chanceler Mauro Vieira, se une a processo que acusa Israel de genocídio. Trata-se de mais um erro na interminável corrente de erros deste governo, desatinos estes que comprometem a imagem do Brasil e nos colocam como aliados ao que há de mais atrasado no concerto das nações.
Não faz muito tempo que Lula ameaçou abandonar o dólar norte-americano como moeda de troca. Antes, havia se imiscuído na campanha presidencial dos Estados Unidos defendendo a candidatura de Joe Biden e, após sua desistência, a de Kamala Harris. Além disso chamou o então candidato Donald Trump de nazista. No que diz respeito a alinhamentos, optou por estar ao lado do Hamas, do Irã e da Rússia – países conhecidos como terroristas, invasores e/ou incentivadores de terror.
Algum anônimo disse: “todo mundo erra algumas vezes. No entanto, se você comete o mesmo erro duas vezes, deixa de ser erro. Passa a ser uma escolha”. E, aparentemente, o desafio da lógica e o alinhamento com o atraso parece ser realmente uma escolha. O que dita este tipo de escolha? Será a ideologia? Será a vontade de ser notado como diferente? Será ingenuidade? Ou será apenas estupidez, inconsequência?
O mesmo Brasil que considera o que ocorre em Gaza como genocídio cala-se sobre o Sudão. Lá, a guerra já entrou no terceiro ano. Segundo a ONU, nesta guerra há evidências de graves violações dos Direitos Humanos, saques, violências sexuais e torturas. Até início de abril/25, segundo a ONU, já havia mais de 150 mil mortos, 13 milhões de deslocados internos e alguns milhões de refugiados para países como o Chade ou ainda o Egito, onde se encontram mais de 1,5 milhão de refugiados. Além disso, a ONU considera a situação “catastrófica”, dada a grave crise humanitária, Calcula-se que 25 milhões de sudaneses passam por insegurança alimentar, sendo que oito milhões já efetivamente passam fome.
O Brasil não se pronuncia sobre a situação sudanesa, um país de maioria Islâmica como Gaza.
Em 1974, a Turquia invadiu o norte de Chipre, onde permanece até hoje. 37% do país está em mãos dos invasores, 200.000 grego-cipriotas fugiram do norte ocupado, seus bens foram expropriados. A República Turca de Chipre do Norte é reconhecida exclusivamente por um país: a própria Turquia. Lula se encontrou muitas vezes com Erdogan, mas não consta qualquer menção à ocupação ilegal.
A invasão da Ucrânia por parte da Rússia já entrou no quarto ano. Até maio/2025, morreram 250.000 russos e 90.000 ucranianos. Há cerca de 1.350.000 feridos de guerra, com parte substancial deles inválidos, mas isso também aqui o governo brasileiro se cala.
Qual a razão que este imenso número de mortos, inválidos, refugiados e famintos não tocam os corações das autoridades brasileiras, que se calam e até justificam as ações da Rússia? E por que a crise Israel/Hamas toma tamanha proeminência? Israel não enfrenta o povo palestino e sim um grupo reconhecidamente terrorista, que desencadeou um massacre premeditado contra velhos e bebês, inválidos e sadios, mulheres e adolescentes, sequestrando mais de 250 inocentes.
Israel ofereceu ao grupo a possibilidade de evitar uma guerra, bastando aceitar duas condições: a devolução dos reféns e dos assassinados e a deposição de suas armas. 20 longos dias de espera sem resposta até que Israel agiu. Ao longo dos 650 dias de guerra, a mesma oferta foi renovada, pelo menos outras sete vezes, e sempre rejeitada. Em junho/2024, a liderança política do Hamas no Catar, criticou a liderança em Gaza sobre o número de mortes de civis. Yahya Sinwar, então comandante supremo do grupo terrorista, afirmou aos demais líderes do Hamas, que a alta mortalidade civil de palestinos favorece a organização, e são mortes necessárias e convenientes, pois colocam Israel em uma posição delicada perante a opinião pública internacional. Lula não sabe ou não se importa com este fato? E, se sabe, como tem o desplante de acusar Israel de genocídio, quando são os próprios líderes do Hamas quem expõem seus civis à morte, utilizando-os como escudos humanos e, frequentemente, atirando contra seus próprios cidadãos.
A acusação de genocídio é torpe, mentirosa e indigna e seguramente será derrubada, a menos que a corte seja extremamente parcial. E o Brasil, graças a sua liderança atual, descerá mais um degrau na escada da infâmia adicionando mais uma mácula aos erros constantes de nossos governantes!
Foto: Foto: Ricardo Stuckert (Presidência da República). Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, Ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira e o Assessor-Chefe da Assessoria Especial do Presidente da República, Celso Amorim, durante reunião, na Expo City Dubai. Dubai – Emirados Árabes Unidos, 01/12/2023.
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