Opinião

Sempre é tempo de visitar Israel

Por Uri Blankfeld

Queridos amigos e conhecidos que deixei no Brasil,

Esta semana comemoro 9 anos desde a minha aliá. Resolvi, como costumo fazer durante a quietude deliciosa do fim de semana aqui em Israel, e tão somente quando a inspiração também se aproveita da brisa da ociosidade e em sociedade, sentar e escrevinhar algo, diante da janela que emoldura a minha Kfar Saba.

Hoje, mais do que um texto, ou uma carta, faço um apelo.

Voltando no tempo, quando cheguei, fiz uma conta (talvez ingênua), que tomando como base, digamos, 500 amigos ou “conhecidos” brasileiros, e que se um pequeno percentual dessa turma resolvesse visitar Israel, teríamos (na certeza das minhas contas), ao menos 1 casal por mês para receber, ou, ao menos falar um “oi” na terra santa.

O tempo foi passando, vez ou outra uma vista, vez ou outra um familiar…

Reconheço que notícias de mísseis iranianos ou atropelamentos intencionais são assustadoras. Talvez sejam mais assustadoras para quem resida no exterior. Aqui, a vida sempre seguiu. Com sirene ou sem sirene, com “boom” no céu ou sem “boom” no céu, o israelense tomou sorvete, passeou com seu cachorrinho, os cinemas funcionaram e as pizzarias também.

Sem trocadilho, os misseis viraram fumaça!

E hoje, com diversos sentimentos misturados, os israelenses lotam as pizzarias, cinemas, shows, shopping centers. Barzinhos em Tel Aviv voltaram a ficar lotados com uma proliferação de gente bonita paquerando e, muitas vezes, acredite se quiser, segurando um copo de “caipirinha” na mão.

Dizem que o turismo é a forma mais leve de economia, afinal, ele nasce do desejo humano de ver, sentir e descobrir. Mas por trás de cada fotografia tirada diante de um pôr do sol ou de um muro milenar, há um motor poderoso movendo cidades e países inteiros.

Hoje, o turismo representa quase 10% de tudo o que o mundo produz. Imagine: a cada cem dólares que circulam na economia global, dez vêm das malas que rodaram o planeta, dos hotéis que abrem as portas, dos cafés que servem cappuccinos a estrangeiros curiosos. Em números frios, são cerca de US$ 9,5 trilhões, em 2023, e as previsões dizem que essa conta ainda vai crescer.

Mas o peso do turismo não é o mesmo em toda parte. Em países altamente industrializados, como o Japão e os Estados Unidos, o setor tem papel discreto, coisa de 2% ou 3% do PIB. Já em lugares que vivem da beleza e do encanto, como Aruba, as Maldivas ou a Grécia, o turismo chega a representar um quarto de toda a riqueza nacional.

Na Europa Mediterrânea, o sol, o vinho e as ruínas antigas sustentam parte importante da economia: Portugal gira em torno de 19%, a Grécia chega perto de 25%, e a Espanha, 15%. Até o Brasil, com sua imensidão de praias e diversidade, já tirou 8% do seu PIB do turismo e segue crescendo.

Mas nem tudo é brisa e areia quente. O turismo é uma engrenagem sensível: basta uma pandemia, uma guerra ou um alerta internacional, e hotéis se esvaziam, aeroportos silenciam, guias ficam sem público.

Israel é um bom exemplo disso. Pequeno no mapa, mas gigantesco na alma, ele atrai viajantes de todos os credos – peregrinos que vêm tocar o Muro das Lamentações, flutuar no Mar Morto ou caminhar pelas ruelas de Jerusalém. O turismo aqui é um elo entre o passado e o presente, entre fé e curiosidade.

Antes da pandemia, em 2019, o país vivia um auge: 4,5 milhões de visitantes deixaram cerca de US$ 6,6 bilhões em receitas, quase 3% do PIB israelense. Era o ponto alto da década.

Veio a COVID, e os números despencaram. A recuperação começou em 2022, quando o fluxo quase dobrou, e parecia que tudo voltaria ao normal… até que, em outubro de 2023, o conflito com o Hamas interrompeu novamente a rota dos turistas.

De repente, hotéis em Jerusalém voltaram a ter quartos vagos, e as excursões que costumavam lotar os santuários se transformaram em memórias congeladas. Ainda assim, Israel resiste: mesmo em meio às tensões, 2024 mostrou sinais tímidos de recuperação, com um leve aumento nas receitas e a esperança de que 2025 traga mais visitantes, talvez 3,5 milhões ou mais, embalados por um possível cessar-fogo e pelo otimismo renascente.

O turismo, afinal, é também uma forma de fé, uma crença de que o mundo continuará aberto, curioso e disposto a se encontrar. E enquanto houver gente disposta a atravessar fronteiras, haverá também histórias, lembranças e economias inteiras girando junto com as rodas das malas.

O meu apelo, portanto, amigos, é que venham! Casais, famílias, conhecidos de conhecidos, venham para Israel!

Ver de perto não apenas o Muro das Lamentações! Venham tomar vinho apreciando as vinhas que encantaram os espiões de Moisés, venham caminhar nos corredores das fortalezas e castelos medievais, venham se aventurar em grutas e crateras, explore o deserto com cidades de 3.000 anos e, mais importante de tudo, venham ver bem de pertinho a resiliência e a força deste povo.

Nas suas próximas férias ou escapadas considerem visitar Israel. Como diz a propaganda, “não tem preço”.

E, estando por aqui, não esqueçam de dar um “oi”.

Foto: Wikimedia Commons

Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores e não expressam necessariamente a opinião da Revista Bras.il.

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