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A ameaça terrorista dentro da Europa

Manifestações pró-Palestina realizadas em diversas cidades europeias desde o ataque terrorista de 7 de outubro de 2023 expuseram um fenômeno que vem preocupando serviços de inteligência e forças de segurança: a crescente interseção entre ativismo político, redes de financiamento e estruturas ligadas a organizações terroristas como o Hamas.

Embora protestos pacíficos existam, autoridades e estudos independentes alertam que, em muitos casos, esses atos funcionam como cobertura logística, espaço de recrutamento e plataforma de propaganda para grupos extremistas.

Manifestações na Europa têm repetidamente exibido bandeiras do Hamas, elogios aos autores dos ataques de 7 de outubro e apelos para “repetir” o massacre, tudo sob o rótulo de “direitos humanos”.

Relatórios acadêmicos e de segurança indicam que a guerra iniciada em Gaza deixou de ser apenas um conflito regional. Em novembro de 2025, o Mossad revelou ter auxiliado países europeus a desmantelar uma infraestrutura terrorista do Hamas “no coração da Europa”, incluindo depósitos de armas e planos de ataques contra alvos judaicos e israelenses. A revelação confirmou alertas feitos, desde o final de 2023, por serviços de inteligência da Alemanha, Holanda e Dinamarca, que já haviam prendido membros do Hamas acusados de preparar atentados em território europeu.

O Relatório de Situação e Tendências do Terrorismo da Europol de 2025 reconheceu oficialmente que o conflito em Gaza remodelou o panorama das ameaças internas da União Europeia. O documento afirma que guerras fora do continente alimentam processos de radicalização, propaganda e planejamento operacional dentro dos Estados-membros. Paralelamente, autoridades europeias vêm desmantelando discretamente planos ligados ao Hamas, ao Hezbollah e ao Irã.

Estudos apontam que essa presença não surgiu recentemente. Uma pesquisa da Universidade George Washington detalha como o Hamas construiu, ao longo de décadas, redes de arrecadação de fundos e logística no Ocidente por meio de ONGs, instituições de caridade e empresas de fachada, muitas delas financiadas com recursos europeus. Segundo os autores, essas mesmas estruturas são o terreno fértil para futuras operações terroristas.

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Em 2024, uma pesquisa da ELNET, citada pela Fundação para a Defesa das Democracias, identificou pelo menos 30 organizações e figuras ligadas ao Hamas atuando no Reino Unido, Alemanha, Itália, Bélgica e Holanda. Esses grupos operam sob rótulos de “sociedade civil” ou “ajuda humanitária”, enquanto promovem narrativas do Hamas e mantêm vínculos pessoais com extremistas conhecidos.

A Alemanha tem adotado medidas mais duras do que a maioria dos países europeus. Berlim proibiu o Hamas, a rede Samidoun e grupos locais que glorificam o terrorismo sob o pretexto de ativismo. O Ministério do Interior alemão estima que cerca de 450 membros do Hamas estejam ativos no país, principalmente em propaganda e arrecadação de fundos. Ainda assim, cada proibição costuma ser seguida pelo surgimento de novas redes sucessoras, como a Masar Badil, descrita pela mídia alemã como ligada ao Hamas, à Jihad Islâmica Palestina e a milícias apoiadas pelo Irã.

Além do financiamento, a doutrinação é considerada um pilar central da estratégia. Um relatório da Universidade de Indiana descreve uma rede transnacional de ONGs e grupos universitários que disseminam narrativas antissemitas e pró-Hamas, amplificadas pelas redes sociais. Essa dinâmica tornou-se visível nos campi europeus entre 2024 e 2025, com a proliferação de “acampamentos em Gaza” e slogans como “globalizar a intifada”. Em alguns casos, manifestações exibiram bandeiras do Hamas, elogiaram os autores do massacre de 7 de outubro e pediram sua repetição, tudo sob o discurso de “direitos humanos”.

Relatórios internos da UE descrevem como propaganda online, redes da diáspora e conflitos no Oriente Médio interagem para criar ecossistemas terroristas híbridos na Europa. Ainda assim, no plano político, líderes europeus evitam nomear o inimigo ideológico. Como observa a jornalista Liat Collins, do Jerusalem Post, “o único Estado judeu é o primeiro a sofrer, mas todo o Ocidente está na linha de fogo”.

Enquanto isso, comunidades judaicas europeias vivem sob forte ameaça. Sinagogas e escolas operam sob segurança reforçada, e turistas israelenses são aconselhados a ocultar sinais visíveis de identidade. O aumento expressivo de incidentes antissemitas desde outubro de 2023 é frequentemente associado por autoridades de segurança à agitação pró-Hamas, mesmo quando discursos oficiais tentam dissociar os dois fenômenos.

Especialistas alertam que a guerra exportada de Gaza para a Europa se apoia em três pilares: dinheiro, doutrinação e células operacionais – todos inseridos em estruturas que se apresentam como “solidariedade palestina” ou “organizações de direitos humanos”. Para eles, uma política eficaz exigiria o fechamento de grupos de fachada, o fim do financiamento público a organizações que glorificam o terrorismo e a responsabilização de universidades e instituições que toleram a incitação à violência.

Enquanto os governos europeus aceitarem essa farsa, o continente continuará sendo tanto uma base financeira quanto um potencial campo de batalha para o Hamas e seus patrocinadores no Catar, na Turquia e no Irã.

Fonte: Revista Bras.il a partir de Gastone Institute
Foto: Mohammed Abubakr (Pexels)

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