InternacionalNotícias

Al Jazeera recebe prêmio de liberdade de imprensa

A Associação e o Clube de Correspondentes da Imprensa Estrangeira dos EUA (AFPC-USA) realizaram sua gala anual em Washington, D.C., onde homenagearam diversos profissionais da mídia norte-americana.

O evento, no entanto, foi marcado pela concessão de honrarias a jornalistas da Al Jazeera, emissora estatal do Catar e copatrocinadora da cerimônia, que também recebeu o prêmio de liberdade de imprensa da organização.

A decisão gerou controvérsia, uma vez que autoridades israelenses acusam alguns dos homenageados de manterem vínculos ativos com o Hamas e a Jihad Islâmica Palestina, com alegações baseadas em documentos de inteligência recuperados em Gaza.

Segundo relatos de participantes, o evento incluiu um minuto de silêncio em memória de 10 repórteres e profissionais da Al Jazeera mortos durante a cobertura do conflito em Gaza. Fotos dos falecidos foram exibidas em uma mesa memorial.

Durante a gala, Trey Yingst, correspondente-chefe de assuntos internacionais da Fox News, utilizou seu discurso de agradecimento para ressaltar o trabalho dos repórteres no enclave palestino. Yingst criticou as restrições de acesso impostas por Israel a jornalistas independentes e elogiou os profissionais locais.

“Jornalistas palestinos destemidos e tenazes em Gaza, que não têm o luxo de partir quando o trabalho jornalístico se torna muito perigoso”, afirmou Yingst, acrescentando: “Que não nos esqueçamos do seu sacrifício e das suas contribuições para a nossa profissão”.

LEIA TAMBÉM

O ponto de tensão envolveu a inclusão de nomes que as FDI identificaram, através de documentos capturados e inteligência militar, como combatentes ou colaboradores de grupos armados.

Yingst não nomeou essas supostas “contribuições”. As alegações de Israel contra os homenageados incluem:

Anas Al-Sharif (morto em 10 de agosto de 2025): As FDI afirmam que materiais de inteligência, incluindo listas de treinamento e registros salariais recuperados em Gaza, identificam Al-Sharif como chefe de uma célula do Hamas responsável por lançamentos de foguetes. Israel divulgou fotos que supostamente mostram Al-Sharif com Yahya Sinwar e outros líderes do grupo. Também foi citada uma publicação no Telegram atribuída a ele em 7 de outubro, elogiando as ações do grupo.

Ismail Al-Ghoul (morto em 31 de julho de 2024): Identificado por Israel como membro das forças Nukhba do Hamas. Segundo as autoridades militares israelenses, sua função incluía instruir agentes na filmagem de ataques e participar da produção de propaganda.

Hossam Shabat (morto em 24 de março de 2025): Israel alega que documentos comprovam sua participação em treinamento militar desde 2019 e que ele atuou como atirador de elite no Batalhão Beit Hanoun do Hamas. Shabat também foi o autor de uma reportagem acusando soldados israelenses de estupro no Hospital Shifa, alegação que a Al Jazeera retratou posteriormente.

Hamza Al Dahdouh e Mustafa Thuria (mortos em 7 de janeiro de 2024): Documentos citados pelas FDI apontam que Al Dahdouh serviu na unidade de engenharia eletrônica da Jihad Islâmica Palestina e teria sido vice-comandante da força de foguetes da Brigada Zeitoun. Thuria foi identificado como comandante adjunto de esquadrão na Brigada da Cidade de Gaza. Israel afirma que ambos operavam drones ligados a atividades militares no momento do ataque que os vitimou.

A Al Jazeera tem consistentemente negado as acusações de que seus jornalistas são terroristas, classificando os ataques de Israel como uma tentativa de silenciar a cobertura da guerra em Gaza.

Segundo a HonestReporting, uma ONG israelense de defesa da mídia “o terror foi homenageado como jornalismo: membros conhecidos do Hamas e da Jihad Islâmica foram publicamente homenageados como jornalistas, apagando seus atos violentos. A propaganda foi recompensada: a Al Jazeera recebeu um prêmio de ‘liberdade de imprensa’, apesar de ter ligações comprovadas com grupos terroristas. A verificação foi abandonada: as homenagens substituíram a checagem de fatos, transformando elogios não verificados em lavagem de narrativa”.

Fonte: Revista Bras.il a partir de HonestReporting e Israel National News
Fotos: FDI, Wikimedia Commons

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *