Opinião

Alegações de fome em Gaza desmoronam. A mídia silencia

Por Rinat Harash, The Algemeiner

Durante meses, os meios de comunicação ocidentais amplificaram uma das acusações mais dramáticas da guerra entre Israel e o Hamas: a de que Israel estava causando fome em Gaza.

O IPC, um observatório da fome apoiado pela ONU e criticado por metodologia falha, publicou um relatório em agosto de 2025 alegando que mais de meio milhão de habitantes de Gaza já estavam passando fome. O relatório foi compartilhado e reproduzido em grandes veículos de comunicação praticamente sem qualquer análise crítica.

As manchetes alertavam para a “fome em massa”, fotos de crianças emaciadas (na maioria das vezes com doenças preexistentes) estampavam as primeiras páginas, e Israel era difamado por matar civis de fome deliberadamente.

Mas quando surgiram novos dados que minaram toda a narrativa da fome, esses mesmos veículos de comunicação perderam repentinamente a vontade de noticiar o assunto.

Os números atualizados, divulgados em julho-agosto pelo Global Nutrition Cluster (GNC), um grupo formado por agências da ONU e outras organizações de ajuda humanitária, apresentam um panorama drasticamente diferente.

O GNC constatou taxas de desnutrição aproximadamente 23% menores do que as utilizadas pelo IPC. A taxa mais alta medida foi de 11,9%, abaixo do limiar de 15% que define a fome. Esta não é uma revisão menor. Trata-se de um colapso total da alegação mais alarmante feita sobre a situação humanitária em Gaza.

No entanto, os meios de comunicação que trataram o relatório original do IPC como verdade absoluta não noticiaram essa correção.

Nenhum grande veículo de comunicação ocidental publicou uma manchete reconhecendo que a alegação de fome se baseava em dados falhos. A história simplesmente evaporou. Nenhuma responsabilização. Nenhuma investigação posterior. Nenhuma explicação.

A declaração de fome do IPC não surgiu do nada. Seus números foram usados ​​para atacar Israel diplomaticamente, provocar condenações da ONU, inflamar protestos e colocar comunidades judaicas em risco em todo o mundo.

Uma vez que a afirmação “Israel está matando Gaza de fome” se tornou um assunto viral, não importou que autoridades israelenses e analistas independentes questionassem a precisão do relatório. Não importou que dados importantes estivessem faltando. Não importou que os números fossem inconsistentes ou que a metodologia fosse frágil. O que importava era que a acusação se encaixava na narrativa, então foi acreditada.

Agora sabemos mais sobre essas falhas. Os críticos apontaram que o IPC se baseou em conjuntos de dados incompletos, coletou números de triagens realizadas apenas em clínicas, que não representam a população em geral, e passou a utilizar apenas medições da circunferência do braço – um teste rápido de circunferência do braço que sabidamente superestima a desnutrição. Essas questões foram substanciais o suficiente para lançar dúvidas sobre toda a declaração de fome.

Mas, em vez de reverem a própria cobertura, os mesmos veículos que amplificaram as alegações originais optaram por ignorar os dados atualizados. O pânico da fome era notícia; a correção, aparentemente, não.

Isso não é apenas uma falha jornalística. É uma falha perigosa. Uma vez feita uma acusação humanitária dessa magnitude, ela se torna uma arma. Ela molda protestos, justifica ameaças e alimenta o antissemitismo. Se a história desmoronar, mas a mídia se recusar a noticiá-la, a mentira continuará viva.

Mesmo com os dados do GNC refutando a alegação de fome, o discurso global permaneceu estagnado em agosto: Israel ainda era acusado de deixar Gaza passar fome. As imagens emotivas que acompanharam o relatório do IPC continuaram circulando online. A indignação gerada ainda molda a percepção pública. A correção nunca teve a mesma repercussão.

Isso deveria servir de alerta. Em zonas de conflito, a informação é um campo de batalha, e a terminologia humanitária, como “fome”, “cerco” ou “inanição”, pode ser usada indevidamente para fins políticos. Quando os jornalistas deixam de questionar suas fontes ou de revisar suas próprias reportagens, a desinformação se consolida como “verdade”.

Atenção, leitores: se os jornalistas não forem céticos, vocês devem ser. Toda alegação humanitária impactante merece ser analisada minuciosamente. Toda estatística alarmante deve ser questionada. Todas as instituições, inclusive órgãos ligados à ONU, devem ser responsabilizadas pela precisão das informações. Caso contrário, as mentiras se espalham, a indignação aumenta e pessoas reais pagam o preço.

Nesse caso, a reputação de Israel foi manchada, o discurso global foi distorcido e as comunidades judaicas foram expostas a riscos maiores, tudo com base em dados que não se sustentavam. E a mídia, que deveria ter corrigido os fatos, simplesmente ignorou a situação.

Portanto, da próxima vez que uma manchete declarar catástrofe, trate-a com o ceticismo que os jornalistas deveriam ter demonstrado desde o início.

Foto: Wikimedia Commons

Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores e não expressam necessariamente a opinião da Revista Bras.il.

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