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Como se levantar depois do caos?

Por Mary Kirschbaum

Caos é o movimento inicial de criação, uma criação do “escuro”, do não ser. Chamo aqui caos de guerra. Esta guerra louca que passamos: “A guerra dos 12 dias”. Quando falo em criação, falo em renascimento, falo em como renascer depois das cinzas. Como renascer após dias de medo, debilitação, dor, perdas, enfraquecimento, aniquilação? Porque este processo denominado caos, o caos gerado por uma guerra, é um processo de “redução”, de quebra, e não de soma.

Mas, por que dizemos que podemos “renascer das cinzas”, sendo este processo tão desagregador, tão desorganizador, como se levasse a uma “quase morte” ou um “não ser”?

Porque podemos dizer que o “não-ser” procede o “ser”. Abre-se uma fenda da qual se tem o escuro, o tenebroso.

Mas a potência do caos também pode ser entendida como uma necessidade muito maior de se organizar, de se levantar, de se reconstruir. Diz-se que, às vezes, é necessário mergulhar no caos para que ao submergir encontremos fôlego na superfície.

Estou ouvindo as pessoas aqui em Israel dizendo: “como agora retomar a vida normal?”, depois de 12 dias vivendo uma guerra com o Irã, com notícias catastróficas de mortes e destruição de casas, medos, feridas e insegurança total. A suspensão da vida, a parada no trabalho, o sono interrupto, a alimentação desregrada. É possível retornar?

Sim, é possível retornar. Rapidamente, como se nada tivesse acontecido, da noite pro dia, assim depois do anúncio do Trump de cessar fogo? Somos feitos de que, de vento?

Não! Não é possível voltar como se nada tivesse acontecido. Mas, acontece que o povo de Israel já vem vindo de algo duradouro, um caos que se instalou na nossa vida desde 7/10/2023. “O dia do Inferno”, já estamos completamente rasgados, eu diria dilacerados, desde lá. Vidas nos foram roubadas, entes queridos, amigos queridos. Estamos vivendo este inferno, não é de hoje. Sem contar que o povo de Israel já viveu outros infernos. Mas não vamos nos alongar. Pois não somos feitos de infernos. Somos feitos de amor.

E com amor renasceremos, com força, com resiliência, com fé, renasceremos. Com paciência.

O povo de Israel é unido, é uma muralha. Nós entendemos o caos, vivemos o caos, a desagregação em toda a nossa história. Sempre nos levantamos. Encontraremos novamente nosso “cais”, nosso porto seguro, interno e externo.

E segundo “Zorba, o grego”: “Sabia o que iria desmoronar, mas não o que se poderia reconstruir sobre as ruínas…”

Reconstruiremos!

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