Dois anos de guerra, tudo (quase) igual
Por David S. Moran
Após dois anos e um mês da mais longa guerra da história de Israel e, ainda por cima com uma organização terrorista, o Hamas, parece que quase nada mudou. Tudo continua quase igual. Não há dúvidas de que Israel conseguiu se levantar rapidamente do desastre em que foi apanhado no dia 7 de outubro de 2023, com a invasão da Hamas que assassinou 1.200 israelenses.
No plano político israelense, ninguém assumiu a responsabilidade e o primeiro ministro Benjamin Netanyahu só toma para si quando Israel sai vitorioso. Trump, sem conhecer a fundo a mentalidade dos palestinos, veio como um tufão, parecendo “veni, vidi, vici”. Achou que bastava ver o topete dele e ele já resolveria o assunto, “a guerra de 3.000 anos”.
Todos os envolvidos e os países interesseiros assinaram um acordo. Israel conforme reza o acordo, recuou suas tropas para “a linha amarela”, esperando que o Hamas fizesse a sua parte: devolvesse os 48 sequestrados (20 vivos e 28 assassinados), entregasse suas armas e se retirasse do governo e da Faixa de Gaza. A parte dos sequestrados foi violada e só pressão israelense conseguiu fazer o Hamas entregar para Israel os 20 sequestrados vivos e, a prestações, parte dos sequestrados assassinados. Isto depois de enganar as autoridades e, de vez em quando, entregar restos mortais de desconhecidos, talvez, pensando que o IML israelense não descobrisse o fato.
Ao contrário do que disse Netanyahu (“lutaremos até o total desarmamento da Hamas e que não governe a Faixa de Gaza”), não só o Hamas não entregou suas armas, como esta organização está contrabandeando armamento com drones do Egito e recrutando jovens para repor os ativistas que foram mortos. O retorno lento dos sequestrados parece proposital. Assim eles ganham tempo e conseguem se manter no poder.
Na quarta-feira (05/11), terroristas do Hamas tentaram enfrentar forças israelenses e dois deles foram mortos. Outros 200 terroristas parece que estão presos nos seus próprios tuneis, debaixo de área ocupada por Israel. A libertação deles é com uma condição, a de que Hamas entregue os remanescentes seis sequestrados mortos, em seu poder.
O Hamas está longe de ser derrotado. Informes apontam que o Hamas acusará Israel no mundo de promover uma crise humanitária e assim adiará a fase B do acordo. Assim incentivaria protestos anti-israelenses ao redor do mundo. O absurdo é que a Faixa de Gaza é abastecida em alimentos suficientes e além disso Israel fornece a Gaza seus combustíveis e eletricidade. E eles ainda reclamam.
Ao mesmo tempo, a organização terrorista Hezbollah, que estava na lona, aproveita-se da situação de que o governo libanês é muito fraco e consegue receber contrabando de armamento do Irã, que passa através da Síria. Isto inclui misseis de curto alcance. Israel acompanha estas atividades e os ataca. Certamente, nem todas as operações são abortadas.
O presidente Trump ajudou muito Israel, mas também tem seus interesses que não vão de acordo com os interesses de Israel. Ele é muito amigo dos dirigentes do Catar e da Turquia, dois países radicais islamistas e muito anti-israelenses. Ele se mostrou até disposto a vender à Turquia, país membro da OTAN, os caças F-35 e também à Arábia Saudita. Se o fizer, Israel perde parte de sua superioridade aérea, fato muito preocupante, já que nenhum destes países é amante de Sion.
Assim chegamos a dois anos de guerra e Israel demonstrou sua superioridade militar, mas não conseguiu sua meta, a de tirar o Hamas do governo de Gaza e nem de destruir a Hezbollah.
Esta semana Israel recebeu os corpos de sete sequestrados. Nas mãos do Hamas ainda restam seis corpos, inclusive do tenente Hadar Goldin, de unidade de comando da Brigada Givati, que caiu em 2014 e seu corpo está nas mãos da Hamas desde então. O coronel Assaf Hamami “fechou sábado”, como se diz aqui aos que ficam no quartel no fim de semana. Tudo estava tranquilo e ele até trouxe o seu filhinho para estar com ele no fim de semana. No sábado, 07/10/23, às 6:29 da manhã, as sirenes eclodiram em todo o país, ante o lançamento de foguetes e a invasão da Hamas aos kibutzim ao lado da fronteira. O Coronel Hamami foi o primeiro a entender a gravidade da situação, deixou o filho com alguém e partiu com dois ajudantes a combater os invasores. Eles lutaram e mataram dezenas de terroristas, até esgotarem a última bala e foram mortos. Os terroristas não sabiam quem eles eram, mas o que não se fez em nenhuma guerra, levaram os corpos como troféus para mostrar aos residentes de Gaza. Ele foi enterrado no Cemitério Militar em Kiriat Shaul, com a presença de sua família, do presidente Herzog, do chefe do Estado-Maior, Zamir, de deputados e milhares de pessoas. Infelizmente ninguém do governo se fez presente.
Outro sequestrado que voltou com Hamami foi o capitão Omer Maxim Neutra, judeu dos Estados Unidos que se voluntariou e emigrou a Israel para servir no exército. O terceiro que foi entregue pelo Hamas foi o primeiro-sargento Oz Daniel, tanquista de 19 anos, morreu em combate.
Foto: FDI
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