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Estivadores europeus boicotam carga militar para Israel

Sob o lema “os estivadores não trabalham para a guerra”, os sindicatos de trabalhadores portuários europeus estiveram reunidos neste sábado, em Gênova, para definir formas de bloqueio conjuntas relativamente à saída de navios com carga militar de portos europeus a Israel.

Eles se declararam “contra a guerra” e “contra a ocupação da Palestina” e pedem “o fim do genocídio” em Gaza.

O sindicato organizador, o Unione Sindacal di Base (USB), da Itália, procura expandir o boicote às exportações de material militar a todos os portos europeus. E, por isso, convidou as delegações sindicais de estivadores de Espanha, França, Grécia, Chipre, Marrocos, Alemanha e EUA.

A reunião foi transmitida ao vivo através da página do Facebook do sindicato de estivadores italiano e contou com a presença de uma delegação do sindicato de estivadores palestinos (PNFTU) e uma da Turquia, esta última participou no evento remotamente.

Na declaração conjunta dos trabalhadores portuários, foi sublinhado que os “estivadores não trabalham para a guerra”.

“Esta reunião mostrou-nos o caminho a percorrer nos próximos dias. Os trabalhadores portuários e outros trabalhadores essenciais estão unidos para coordenar formas de impedir o armamento de Israel e travar a guerra”, disse o porta-voz do sindicato.

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“Não queremos que os nossos portos, os nossos trabalhadores, nós próprios, carreguem armas, nem bombas para massacrar pessoas, não queremos que os governos nem que a União Europeia transformem a economia em uma máquina de guerra. Por que privatizar os portos e reduzir salários, por que privar as pessoas de uma vida digna? Não queremos contribuir para os milhares de euros que envolvem essa máquina de guerra. Com esta declaração, confirmamos que estamos contra esta guerra imperialista e exigimos:

1) Fim do genocídio do povo palestino. Israel está agindo como um Estado assassino com o apoio dos EUA, NATO e da União Europeia;

2) A abertura imediata de corredores humanitários para o povo palestino que, neste momento, sofre com a fome;

3) Queremos que os nossos portos contribuam com o envio de ajuda e envio de tropas de manutenção de paz;

4) Estamos contra o programa de armamento militar da Europa, que deve ser alocado às pessoas, aos salários e à segurança social”.

Além dos quatro pontos, os sindicatos “pedem o fim de guerra e o estabelecimento de um Estado palestino”, acrescentou o porta-voz do USB que considera que “Israel está cometendo um genocídio e, por essa razão, apoiamos a Global Sumud Flotilla que tenta romper o cerco a Gaza”.

O USB pede ainda a todos os sindicatos dos estivadores e todos os trabalhadores portuários europeus que se oponham ao envio de armas para Israel.

“Pedimos a todos que protestem, que se mobilizem e em conjunto enviemos a mensagem de que não somos coniventes com esta guerra”, disse o porta-voz. “Somos muitos, somos fortes, pela Palestina livre, nós, os trabalhadores dos portos, protestamos em conjunto”, concluiu o dirigente sindical.

O USB tem intensificado a sua luta contra o tráfego de armas e material bélico nos portos italianos: começando pelo porto de Gênova, assim como pelo de Livorno, estendendo-se a aeroportos como Pisa e Brescia. A luta dos estivadores dos portos italianos focou-se no boicote ao movimento de cargas com material bélico dirigidas a Israel dentro dos seus portos.

Recentemente, um petroleiro proveniente dos EUA, que transporta petróleo bruto destinado à aviação israelense, ficou bloqueado em Taranto. Um outro navio, com carga militar, ficou também bloqueado no porto de Livorno, após uma vigília que durou dias e noites.

Os representantes dos sindicatos convidados expressaram solidariedade com a Palestina, todos recriminando a guerra e garantindo lutar. O representante espanhol prometeu que os portos bascos “não serão cúmplices do genocídio”. “Israel deve ficar isolado”, disse o sindicalista basco. “Faremos tudo o que está ao nosso alcance para evitar a saída de armamento da Europa através dos nossos portos”, declarou.

Momentos antes, o representante dos estivadores portuários da Grécia afirmou que “com os portos de Itália, Grécia e Espanha em sintonia têm demonstrado que estão contra a guerra imperialista e contra o massacre do povo da Palestina e por isso não aceitam o envio de ajuda militar europeia. Somos contra a guerra e afirmamos que vamos bloquear a máquina de guerra e o financiamento da máquina de guerra. Vamos reagir contra qualquer ataque à flotilha humanitária”, garantiu o representante grego.

De parte da França, o representante sindical dos estivadores franceses (FNDP) lembrou as lutas passadas pelos portos franceses. Os trabalhadores “sempre lutaram contra o tráfico de armas desde os tempos da Indochina, do Vietnam, da Argélia, do Iraque e da Ucrânia”.

“Como os nossos camaradas italianos, gregos e espanhóis, opomo-nos ao tráfico de armas e somos contra a militarização dos nossos portos”, disse o representante sindical francês que sublinhou que as ações coordenadas serão colocadas em marcha e sublinhou que os “recentes” ataques contra a flotilha são vergonhosos”.

“A vossa luta é a nossa”, disse o representante sindical dos trabalhadores portuários turcos numa mensagem lida por uma porta-voz do USB. “A resistência do povo da Palestina contra a ocupação israelense é justa e por isso os estivadores turcos estão atentos às exportações de material bélico saindo de Istambul e procuraremos o boicote”, prometeu.

Dos EUA também chegou solidariedade. “Estou aqui para trazer solidariedade do porto mais militante dos EUA”, disse um representante sindical norte-americano em Gênova.

Em Marselha, Tânger e Atenas, navios com material bélico têm sido impedidos de atracar pelos estivadores. “Surgiu uma verdadeira coordenação dos portuários europeus”, reconhece o USB. “Nasceu, assim, uma verdadeira e adequada coordenação dos portos europeus e, com diferentes histórias de organização e luta”.

Ainda na sequência desta reunião de dois dias em Gênova, foram anunciadas manifestações de apoio a Gaza em várias cidades italianas.

Fonte: Revista Bras.il a partir de Euronews
Foto: Captura de tela (USB)

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