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Ex-assessor diz que Netanyahu sabia do vazamento

Eli Feldstein, ex-porta-voz do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e atualmente indiciado, afirmou em entrevista à TV Kan que Netanyahu tinha conhecimento e deu aval ao uso de informações confidenciais para influenciar a opinião pública contra um acordo de libertação de reféns, contradizendo a versão oficial de que Netanyahu desconhecia o vazamento de documentos ao jornal alemão Bild.

Segundo Feldstein, o objetivo era reforçar a narrativa de que o Hamas não estava interessado em negociar, em meio à forte pressão pública após a execução de seis reféns no fim de agosto de 2024, em Rafah, episódio que gerou grande indignação contra o governo.

Feldstein disse que insistiu para que Netanyahu realizasse uma coletiva de imprensa, o que ocorreu em 2 de setembro, quando o primeiro-ministro exibiu um memorando interno do Hamas, obtido pelas FDI, sugerindo a recusa do grupo a um acordo.

O documento, porém, era antigo. O ex-porta-voz afirmou que tinha acesso, por meio de contatos na inteligência militar, a um memorando mais recente e confidencial, que reforçaria a posição de Netanyahu de que apenas a pressão militar levaria à libertação dos reféns.

Ele relatou ter informado o primeiro-ministro sobre a existência desse material e recebeu como resposta um “excelente”. Dias depois, o Bild publicou uma reportagem baseada nesse documento, posteriormente acusado por outros veículos de distorcer os fatos em favor do governo. Netanyahu passou a citar a matéria em aparições públicas para rebater críticas sobre sua condução das negociações.

O ex-porta-voz afirmou ainda que o chefe de gabinete de Netanyahu, Tzachi Braverman, soube meses antes da divulgação pública sobre a investigação interna das FDI a respeito do vazamento e teria garantido que poderia “abafar” o caso.

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Braverman, indicado recentemente para o cargo de embaixador no Reino Unido, negou as acusações, dizendo não ter poder ou conhecimento prévio sobre a investigação. O gabinete do primeiro-ministro também rejeitou as alegações, afirmando que Feldstein tenta desviar a culpa de crimes que podem levá-lo à prisão perpétua.

Na entrevista, Feldstein descreveu um Netanyahu obcecado em combater narrativas midiáticas negativas, especialmente sobre sua responsabilidade pelo ataque do Hamas em 7 de outubro. Segundo ele, o premiê pediu que seus assessores reduzissem o debate público sobre esse tema e buscassem “diminuir a tempestade” na imprensa.

Feldstein relatou ainda que Netanyahu evitou assistir a vídeos de reféns divulgados pelo Hamas e priorizava a derrota do grupo terrorista, mesmo que isso significasse atrasar a libertação dos cativos – percepção compartilhada por familiares dos reféns.

Feldstein também é suspeito no chamado caso “Catargate”, que investiga um suposto trabalho paralelo dele e de outro assessor, Jonathan Urich, para promover a imagem do Catar enquanto trabalhavam para Netanyahu.

Mensagens reveladas pela imprensa indicariam a fabricação de conteúdos pró-Catar apresentados a jornalistas como se fossem de autoridades israelenses ou americanas, com o objetivo de valorizar o papel de Doha nas negociações de reféns em detrimento do Egito. Urich negou envolvimento, apesar de relatos de que mensagens falsas também lhe teriam sido repassadas.

Fonte: Revista Bras.il a partir de The Times of Israel
Foto: FDI

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