Hamas diz ter devolvido todos os corpos que encontrou
O Hamas entregou, na noite desta quarta-feira, dois caixões contendo os corpos de reféns mortos, alegando ter recuperado os corpos de todos os reféns mortos “que conseguiu localizar”.
Os caixões foram recolhidos pela Cruz Vermelha, na Cidade de Gaza, e depois transferidos para as FDI.
Uma vez em Israel, os caixões foram inspecionados pelo exército, depois envoltos em bandeiras israelenses e homenageados em uma breve cerimônia liderada por um rabino militar.
A polícia os escoltou até o instituto forense de Abu Kabir, em Tel Aviv, para identificar e determinar a causa da morte. O Hamas não identificou os restos mortais, semelhante ao ocorrido no dia anterior, quando um dos quatro corpos que entregou era de um palestino.
Os corpos do reféns sequestrados que foram devolvidos foram identificados. Inbar Heyman, assassinada e sequestrada em 7/10, aos 27 anos, quando estava na Festa Nova, em Reim. Era artista multi-talento, fazia grafites e pinturas, e era conhecida pelo seu nome artístico de Pink e Raven. Era a única mulher dentre os reféns que ainda estavam sequestrados em Gaza.
O primeiro-sargento Mehmad Al Atrash foi assassinado aos 39 anos. Combatente da Divisão do Comando do Norte da área fronteiriça com Gaza, do Exército de Israel, era de uma tribo beduína do sul do país. Era supervisor de uma unidade de rastreadores, um dos cargos mais específicos do exército israelense, que usa o talento e a capacidade dos beduínos de reconhecimento do terreno para descobrir pegadas e armadilhas inimigas. Combateu por horas, sozinho, contra dezenas de terroristas palestinos que invadiram a base onde ele servia. Conseguiu eliminar 12 terroristas, antes de ser assassinado violentamente e ter seu corpo levado a Gaza. Ele deixa 13 filhos órfãos.
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O Hamas ainda mantém os restos mortais de 19 reféns reféns em Gaza.
O Ministro da Defesa, Israel Katz, ameaçou retomar os combates se o Hamas não honrar o acordo de trégua, dizendo que ordenou que os militares preparassem um “plano para esmagar” o grupo terrorista palestino no caso de um novo combate.
“Se o Hamas se recusar a cumprir o acordo, Israel, em coordenação com os EUA, retomará os combates e agirá para derrotar totalmente o Hamas, mudar a realidade em Gaza e atingir todos os objetivos da guerra”, disse um comunicado do gabinete de Katz.
Mas a ala militar do Hamas alegou, antes da transferência, que cumpriu suas obrigações sob o acordo de cessar-fogo apoiado pelos EUA ao devolver todos os reféns vivos a Israel, e os corpos de todos os cativos mortos “que conseguiu alcançar”.
“A localização dos corpos dos reféns que não foram devolvidos, exige grande esforço e equipamento especial, e estamos fazendo grandes esforços para resolver esse problema”, disse.
Falando a repórteres, logo após os corpos retornarem a Israel, o presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou que o Hamas está procurando os reféns mortos restantes mantidos em Gaza. “É um processo horrível… Eles estão cavando e encontrando muitos corpos. Depois, eles têm que separar os corpos”, disse ele a repórteres no Salão Oval. “Alguns desses corpos estão lá há muito tempo, e alguns estão sob os escombros. Eles precisam remover os escombros”, continuou ele. “Alguns estão em túneis… que ficam bem no fundo da terra”.
Mediadores alertaram que pode levar semanas para o Hamas localizar os corpos de todos os reféns, devido ao nível de destruição em Gaza, uma avaliação repetida por dois conselheiros seniores de Trump durante uma entrevista coletiva com repórteres na quarta-feira. “Ouvimos muita gente dizendo, ‘o Hamas violou o acordo, porque nem todos os corpos foram devolvidos’. O acordo que tínhamos com eles era que tirássemos todos os reféns vivos, o que eles honraram”, disse um dos assessores.
“Neste momento, temos um mecanismo em vigor pelo qual estamos trabalhando em estreita colaboração com os mediadores para fazer o nosso melhor para retirar o maior número possível de corpos”, acrescentou o assessor, sob condição de anonimato. “Continuamos a fornecer aos mediadores as informações que os israelenses têm sobre onde os corpos podem estar localizados e continuamos trabalhando de boa-fé até que possamos esgotar esse mecanismo”.
Um segundo assessor de Trump, também falando sob condição de anonimato, disse: “O Hamas fez a coisa certa ao entregar todos os 20 reféns vivos ao mesmo tempo. Foi um grande momento”.
Ele observou que só foi possível começar a recuperar os corpos depois que o cessar-fogo entrou em vigor na semana passada, já que Gaza era uma zona de guerra ativa.
A quantidade de destroços em Gaza é muito maior do que a que sobrou do atentado ao World Trade Center em 11 de setembro, disse ele. “Além de todos esses destroços, há muita munição não detonada e, presumivelmente, embaixo dela há muitos corpos”.
“Teria sido quase impossível para o Hamas, mesmo que soubessem onde estavam todos os 28 corpos, mobilizar-se e capturá-los todos. Provavelmente vamos montar algum programa em que pediremos aos moradores de Gaza para ver se eles podem nos ajudar a localizar corpos, e pagaremos recompensas por esse tipo de bom comportamento”, revelou ele.
Segundo este assessor, os EUA estão em contato com a Turquia, que está disposta a enviar especialistas para ajudar a recuperar corpos, pois têm experiência com terremotos. A questão não é se Israel aceitaria tal assistência, dada a desavença entre o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e o presidente turco Recep Tayyip Erdogan.
Embora reconhecendo a complexidade do assunto, o conselheiro de Trump enfatizou que os EUA estão comprometidos em recuperar todos os corpos restantes dos reféns. “Não vamos sair daqui até que todos voltem para casa. Ninguém vai ficar para trás”, disse ele.
O ministro de Assuntos Estratégicos, Ron Dermer, um dos principais conselheiros de Netanyahu, acusou o Hamas de “lentidão” nos resultados, enquanto conversava com os enviados de Trump, Steve Witkoff e Jared Kushner.
Uma autoridade americana disse que Washington acredita que o Hamas eventualmente devolverá todos os corpos, “mas isso levará tempo”. “Continuaremos trabalhando nisso, mas não podemos permitir que o acordo fracasse”, enfatizou.
Fonte: Revista Bras.il a partir de The Times of Israel e Zé Má Yesh