Hamas impõe condição para entregar armas
Khalil al-Hayya, negociador-chefe e líder do Hamas em Gaza, afirmou que o grupo terrorista só entregará suas armas quando a “ocupação israelense” terminar, destacando que, nesse cenário, o armamento seria transferido para uma futura autoridade estatal palestina que governará a Faixa de Gaza.
Segundo ele, “as armas estão ligadas à existência da ocupação e da agressão”. Em resposta à AFP, o gabinete de Hayya esclareceu que a referência é a um estado palestino soberano e independente.
Hayya afirmou ainda que o Hamas estaria disposto a entregar seu arsenal a um governo sob a soberania do futuro Estado da Palestina. Ele observou que o tema das armas segue em discussão com facções palestinas e mediadores internacionais, e que o grupo aceita a atuação de forças internacionais como monitores de fronteira e supervisores de um eventual acordo de cessar-fogo.
“O Hamas aceita o destacamento de forças da ONU como força de separação, encarregada de monitorar as fronteiras e garantir o cumprimento do cessar-fogo em Gaza”, disse Hayya, sinalizando, porém, a rejeição ao envio de uma força internacional encarregada de desarmar o movimento.
No passado, Hayya já havia declarado que a solução de dois estados seria apenas temporária e que os palestinos mantêm seu “direito histórico a todas as terras palestinas”. Em contraposição, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e seu governo rejeitam a criação de um estado palestino nos territórios capturados por Israel durante a Guerra dos Seis Dias, em 1967.
A declaração mais recente do Hamas, divulgada em meio a um contexto regional instável, reafirma que o grupo só se desmilitarizará com o fim completo da ocupação e o reconhecimento pleno de um estado palestino. Especialistas em Oriente Médio observam que essa posição não representa uma mudança ideológica, mas sim uma reafirmação estratégica em um momento em que Estados Unidos, Catar e Egito tentam promover um cessar-fogo que inclua novos modelos de administração civil para Gaza.
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A exigência do Hamas contrasta diretamente com a postura de Israel, que demanda a dissolução completa do braço armado do movimento antes de discutir reconstrução ou governança. Essa discrepância se tornou um dos principais obstáculos para os mediadores internacionais, que buscam propostas capazes de equilibrar segurança israelense e aspiração palestina por soberania.
Analistas destacam que a posição do Hamas também repercute no cenário regional: países árabes que normalizaram relações com Israel ou consideram fazê-lo observam o desfecho com cautela, conscientes de que qualquer acordo pode influenciar a estabilidade bilateral e a política interna no mundo árabe.
Organizações humanitárias, por sua vez, defendem que o futuro político de Gaza deve ser acompanhado de soluções que permitam a reconstrução de infraestrutura crítica, a circulação de mercadorias e a retomada da vida civil.
A questão do desarmamento do Hamas permanecerá central nas negociações futuras. Sem avanços concretos em soberania, segurança e governança, o conflito seguirá como uma das crises mais complexas do cenário internacional.
Fonte: Revista Bras.il a partir de ISNA e France 24
Foto: Wikimedia Commons

