Hezbollah chama desarmamento de “presente a Israel”
O Hezbollah emitiu uma dura repreensão, na tarde de quarta-feira, em resposta à suposta intenção do governo libanês de desarmar o grupo, após uma dramática sessão de gabinete realizada na terça-feira.
“Agiremos como se a decisão não existisse”, declarou o grupo, chamando a medida de “um presente a Israel que deixa o Líbano exposto ao inimigo israelense sem qualquer dissuasão”.
O presidente do Libano Joseph Aoun e o primeiro-ministro Najib Mikati defendem uma proposta para consolidar todas as armas sob a autoridade do Estado libanês, uma medida que efetivamente exigiria que o Hezbollah abrisse mão de seu arsenal.
A iniciativa surgiu no contexto de uma proposta de acordo de cessar-fogo com Israel, segundo a qual as Forças Armadas Libanesas seriam mobilizadas para impor a proibição da presença do Hezbollah ao sul do rio Litani.
Enquanto o gabinete libanês discutia o desarmamento do Hezbollah, a organização “ameaçou” com comboios de motocicletas (foto).
O debate atual, agora, se concentra no que acontecerá com o arsenal do grupo ao norte do rio, onde o Hezbollah mantém uma infraestrutura militar significativa.
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A reunião do gabinete do Líbano, que durou algumas horas, na segunda-feira, terminou sem uma decisão final, com o primeiro-ministro Najib Mikati anunciando que a sessão seria retomada na quinta-feira. Mikati afirmou que as Forças Armadas Libanesas (FAL) foram incumbidas de elaborar um plano de implementação para abordar a questão do monopólio de armas no país, a ser submetido ao gabinete até o dia 31 deste mês.
O anúncio desencadeou uma resposta imediata e furiosa do Hezbollah. “O primeiro-ministro Najib Mikati cometeu um pecado grave ao concordar em despojar o Líbano de suas armas contra o inimigo israelense”, declarou o grupo, na tarde de terça-feira. “Isso enfraquecerá a força e a posição do Líbano diante da contínua agressão israelense-americana”.
O Hezbollah acrescentou: “Esta decisão dá a Israel o que não conseguiu alcançar com os ataques ao Líbano. Viola a declaração ministerial, que afirma que o governo está comprometido em usar todos os meios necessários para libertar todo o território libanês da ocupação israelense, estender a soberania libanesa por meio de suas próprias forças e posicionar o exército ao longo da fronteira reconhecida. Preservar a força do Líbano e as armas da resistência é essencial para a resiliência do país”.
Chamando a decisão do gabinete de “parte de uma estratégia de rendição”, o Hezbollah confirmou que seus ministros, junto com os do Movimento Xiita Amal, saíram da reunião, em protesto, descrevendo-a como uma rejeição à tentativa de colocar o Líbano sob “patrocínio americano e ocupação israelense”.
Há uma crescente preocupação em Beirute de que o Hezbollah, significativamente enfraquecido em seu confronto contínuo com Israel, mas ainda uma força militar e política dominante, possa instigar distúrbios violentos em resposta à medida. Na segunda-feira, logo após a reunião do gabinete, apoiadores do grupo foram vistos pilotando motocicletas pelo reduto do Hezbollah em Dahiyeh, no sul de Beirute, agitando bandeiras do Irã e exibindo imagens do líder do grupo, Hassan Nasrallah.
Fonte: Revista Bras.il a partir de Ynet
Foto: Captura de tela