Irã e Catar envolvidos no caso contra Israel no TPI
Um novo relatório do Instituto para o Estudo do Antissemitismo Global e Política (ISGAP) aponta o envolvimento financeiro e político do Irã e do Catar no caso aberto pela África do Sul no Tribunal Penal Internacional (TPI), em dezembro de 2023, que acusa Israel de genocídio em Gaza.
De acordo com o ISGAP, que tem sede em Nova York, o partido governante da África do Sul, Congresso Nacional Africano (CNA), que estava próximo da falência, recebeu doações substanciais dos dois países poucos dias após entrar com o pedido no TPI.
O Ministro do Exterior da África do Sul, Ronald Lamola, compareceu à posse do presidente iraniano Masoud Pezeshkian em Teerã em julho passado, afirma o relatório. Durante a visita, Lamola se encontrou com o Ministro do Exterior do Irã, Ali Bagheri, que o elogiou por avançar o caso do TPI. Bagheri chamou Lamola de “diplomata inovador” e reiterou o apoio total do Irã ao papel da África do Sul no esforço legal.
O relatório estima que iniciar um caso no TPI requer aproximadamente US$ 10,5 milhões com custos legais, podendo chegar a US$ 79 milhões, com a necessidade de uma rede complexa de especialistas jurídicos internacionais. O ISGAP conclui que tais custos sugerem financiamento externo significativo.
Rumores de envolvimento iraniano circularam na África do Sul, particularmente entre líderes da oposição. No entanto, autoridades do CNA, incluindo o presidente Cyril Ramaphosa, se recusaram a revelar as origens de uma misteriosa doação que ajudou o partido a se recuperar de quase US$ 30 milhões em dívidas pouco antes de abrir o caso.
O ISGAP também destacou um aumento no comércio entre a África do Sul e o Catar, que cresceu de US$ 307 milhões para quase US$ 1 bilhão na última década, indicando o fortalecimento dos laços econômicos.
LEIA TAMBÉM
- 14/11/2024 – Aumenta o tempo de serviço dos reservistas
- 14/11/2024 – Seis soldados morrem em combates no Líbano
- 13/11/2024 – Hamas não se compromete com acordo de reféns
O relatório sugere que o Irã vê a África do Sul como um centro estratégico para contornar sanções ocidentais e alavancar o acesso a tecnologias sensíveis como interceptação de satélite, hacking e orientação de mísseis.
Em troca, a África do Sul apoiou a inclusão do Irã no bloco econômico BRICS, garantindo a Teerã acesso a financiamento internacional, apesar das sanções dos EUA.
O relatório observa ainda que 45 das 574 citações no processo do TPI da África do Sul vieram de organizações abertamente críticas a Israel. Isso levanta questões sobre a credibilidade do caso, argumenta o ISGAP.
Entre as fontes citadas está a Al-Haq, uma ONG designada como organização terrorista por Israel, embora essa classificação tenha sido rejeitada pelos EUA e pela Europa.
Outro é o Centro Palestino para os Direitos Humanos, liderado por Raji Sourani, que já cumpriu pena de prisão em Israel por ser membro da Frente Popular para a Libertação da Palestina, que é designada como uma organização terrorista por Israel, os EUA, o Reino Unido, a UE, o Canadá, a Austrália e o Japão.
O CNA e seus aliados não comentaram as alegações.
Fonte: Revista Bras.il a partir de Ynet
Foto: Canva