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“Israel é uma ameaça direta à segurança da Holanda”

Um novo e impactante relatório publicado na Holanda, no fim de semana, revela uma mudança significativa nas relações do país com Israel: pela primeira vez, os serviços de inteligência e segurança holandeses – o Serviço Geral de Inteligência (AIVD), o Serviço Militar de Inteligência e Segurança (MIVD) e o Coordenador Nacional de Contraterrorismo e Segurança (NCTV) – classificaram Israel como uma “ameaça direta à segurança” da Holanda.

O relatório, intitulado “Situação de Ameaças Estatais 2025” (BDSA 2025), indica um aumento constante de ameaças vindas de vários países e enfatiza que, nos últimos anos, nenhuma ameaça diminuiu, enquanto a incerteza em torno da capacidade de lidar com elas aumentou.

O ponto central em torno do qual se concentra a classificação de Israel como ameaça são suas ações, em conjunto com os Estados Unidos, contra o Tribunal Penal Internacional em Haia e o Tribunal Internacional de Justiça. Essas duas importantes instituições jurídicas internacionais estão sediadas em Haia, Holanda.

Segundo o relatório, os EUA e Israel emitiram “ameaças públicas” contra esses tribunais, com os Estados Unidos até mesmo impondo sanções nesse sentido.

Essas ações, alerta o relatório, podem “prejudicar o funcionamento dos tribunais ou até mesmo paralisá-los completamente”, inclusive restringindo seu acesso a serviços financeiros. Isso é explicitamente descrito como uma “ameaça direta à ordem jurídica internacional”, que constitui um dos seis principais interesses de segurança nacional dos Países Baixos.

Os Países Baixos, como país anfitrião de instituições jurídicas internacionais, têm uma “responsabilidade especial” pela sua segurança e continuidade das atividades. Ameaças e sanções estrangeiras podem afetar diretamente os Países Baixos: “Os países podem decidir impor sanções que também afetarão cidadãos holandeses ou rejeitar pedidos de visto de cidadãos holandeses”. Afirma ainda que, quando os Países Baixos fornecem informações a tais instituições e estas chegam a agentes estatais de forma oculta, “isso também diz respeito à segurança nacional” dos Países Baixos.

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Além das ameaças aos tribunais, o relatório também aborda as tentativas de Israel de influenciar a opinião política e pública dentro dos Países Baixos. Um exemplo disso é a distribuição de um relatório pelo Ministério da Diáspora israelense, em novembro de 2024, após eventos relacionados à partida de futebol entre Ajax e Maccabi Tel Aviv pela Liga Europa.

O relatório de segurança holandês enfatiza que, em vez de passar o documento pelos canais oficiais, o Ministério da Diáspora o enviou diretamente a políticos e jornalistas específicos nos Países Baixos.

Esta forma de distribuição foi fortemente condenada pelos ministros holandeses da Justiça, Segurança e Relações Exteriores, que o consideraram “incomum e indesejável”, principalmente devido às “possíveis consequências negativas para os cidadãos holandeses”. Tal ação, alerta o relatório, pode levar a “intimidação, ameaças ou, em casos graves, agressão aos indivíduos mencionados”. Tal atividade é vista como prejudicial à “estabilidade social e política” dos Países Baixos, que também é um interesse fundamental para a segurança nacional.

O relatório holandês aborda uma ampla gama de ameaças de diversos atores estatais à Holanda. Ele também lista ameaças da Rússia (como guerra cibernética, sabotagem, espionagem militar e política), da China (espionagem econômica e tecnológica, influência estrangeira) e do Irã (espionagem, assassinatos de exilados, influência sobre a diáspora iraniana).

No entanto, a classificação de Israel como uma ameaça “direta” à segurança decorre especificamente das ações listadas. O relatório não descreve uma ameaça militar ou econômica direta de Israel à Holanda, ao contrário, por exemplo, das ameaças da Rússia. As guerras na Ucrânia e em Gaza são mencionadas como causadoras de um “ambiente internacional turbulento”, mas Israel não é apresentado neste contexto como uma ameaça direta à Holanda.

O relatório enfatiza que, em um período de relações internacionais imprevisíveis e mudanças nos equilíbrios globais de poder, os Países Baixos são obrigados a identificar e lidar com uma ampla gama de ameaças para manter sua segurança nacional e seus valores democráticos. Essa classificação, que aparece pela primeira vez, indica uma crescente sensibilidade dos Países Baixos em relação a ações estrangeiras que sejam consideradas contrárias à sua soberania ou interesses internos, mesmo por países que antes eram considerados amigos.

A publicação do relatório ocorre em meio a uma mudança de atitude dos Países Baixos, considerados amigos de Israel, também no nível diplomático. Nos últimos meses, foi o ministro do Exterior Caspar Waldekamp quem exigiu que a questão do acordo de associação de Israel com a União Europeia fosse retomada para discussão.

Fonte: Revista Bras.il a partir de N12
Foto: Tribunal Internacional de Haia

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