Israel entre gritos e buzinas

Por Roni Szuchman

Estes dias tirei a carteira de motorista aqui em Israel. Meio caro, mas posso dirigir até os 70 anos (será que se eu morrer antes eles me dão o troco?). Não precisei fazer teste, só me perguntaram se eu sabia buzinar.

Mas sério, a primeira coisa que se aprende em Israel na autoescola é onde fica a buzina. Buzinam pra tudo aqui, se o sinaleiro vai abrir, buzinam. Tá lento, buzinam. Tá rápido, buzinam. E se estiver dirigindo bem, buzinam também pra você não ficar mal acostumado!

Silêncio não é comum por aqui. Todo mundo pensa que tem muito conflito em Israel, na verdade o pessoal só está conversando, é que aqui se conversa gritando. Todo mundo grita. Ainda não comecei a gritar, até porque eu, apesar de ser palestrante, falo baixo. Mas um dia eu chego lá!

No começo você se assusta um pouco, mas daí você percebe que é cultural. Grito aqui não significa briga, no final sai todo mundo sorrindo e você fica olhando pros lados sem entender nada. Tipo: Oi?

A língua hebraica não é fácil (o que assusta ainda mais quando gritam). Áspera, sem mimimi, direta como um soco no estômago. Pelo meu nome e sobrenome acham que eu sou daqui (pela aparência acham que sou russo). Muita mulher aqui também que se chama Roni. O Szuchman (Churrman) se pronuncia com o R gutural, como se fossem puxar um ranho da garganta pra cuspir. Nos seis meses que estou aqui, estudando hebraico, o meu inglês está cada vez mais fluente…

Outra coisa curiosa é que se você fala português na rua, os israelenses param para elogiar, acham lindo, vai entender? Tenho três teorias sobre esta gritaria toda: 1- Como todos fazem exército, são criados a base do grito. 2 – São uma grande família e como qualquer família judia, gritam uns com os outros. 3 – Ficaram surdos por causa das buzinas.

Mas por outro lado eles param para os pedestres e se você precisar de ajuda por algum motivo, eles realmente te ajudam! Param o que estiverem fazendo e te socorrem.

Quem nasce em Israel se chama “Sabra”, uma fruta do cactus que assim como o israelense é espinhosa por fora mais doce por dentro.

Dica útil: se vier para Israel buzine! Se não estiver dirigindo… grite!

Foto: Canva

7 thoughts on “Israel entre gritos e buzinas

  • 4 de maio de 2023 em 10:11
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    Roni Szuchman você é paulista? Pegou bem uns pontos que precisam de melhorar, o que só acontece se as pessoas são educadas as desde pequeninas a não gritar ou buzinar. Mas que fazer se os educadores (pais e professores) também não se dão conta?

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  • 4 de maio de 2023 em 17:57
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    Muito bom de ler, não sabia que escrevia tão bem meu amigo. Esperando o próximo.

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  • 4 de maio de 2023 em 20:32
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    Legal meu amigo…gostei muito das informações descoladas de Israel…deixou bem mais leve a impressão pesada que temos.

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  • 5 de maio de 2023 em 02:14
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    Gostei de ler este texto, apesar de nunca ter tido a mínima vontade de conhecer Israel, mas como admiro meu colega Roni, fiz questão de ler e até imaginei algumas situações. Foi uma leitura curta, mas prazerosa, portanto, sugiro que continue a escrever, pois seu estilo é muito bom.

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  • 5 de maio de 2023 em 18:53
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    É Israel, mas poderia ser a Itália tbm.

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  • 9 de maio de 2023 em 02:50
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    Que bacana. Gostaria muito de conhecer. Nos Estados Unidos onde morei, também elogiavam quando me ouviam falar português no celular. Bacana teu sendo de humor.
    Gostei . Tem mais ?
    Gianine Lima

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