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Numa operação heroica, quatro reféns libertados

Por David S. Moran

Finalmente, no sábado (08/06), Israel se encheu de orgulho e alegria. Forças do Shabak (ex-Shin Bet – Serviço de Segurança Geral) e da Yamam (o SWAT israelense), arriscando suas vidas, conseguiram salvar, em duas operações diferentes realizadas simultaneamente quatro reféns israelenses.

Depois de um prolongado trabalho do Serviço de Inteligência das Forças Armadas de Israel, os Comandantes das FDI e da Shabak sugeriram fazer a operação em surpresa total, em plena luz do dia, às 11:00h. E isto no mercado de Nusseirat.

As forças chegaram ao local camuflados, em dois caminhões de mudança. A distância entre uma residência e a outra é de 200 metros e a operação deveria ocorrer simultaneamente para que nenhum deles alertasse o outro e o possível assassinato de reféns. A operação foi dirigida no quartel general da Shabak sob o comando do seu chefe, juntamente com o Tenente-General Herzi Halevi. Para lá se dirigiram o Ministro da Defesa e o Primeiro-Ministro.

Numa residência, encontrava-se Noa Argamani (26 anos) e na outra os três rapazes. Noa foi mantida na casa de um médico, que também é imam numa mesquita do Hamas, e do seu filho, repórter e fotográfico da Al Jazeera. Ambos foram mortos na operação. Três terroristas armados a vigiavam e foram eliminados. Ela estava apavorada, até que um dos comandos lhe disse em Hebraico: “Noa tudo está bem. Viemos te levar para casa”.

Os três rapazes, Andrei Kozlov (27 anos), Shlomi Ziv (41) e Almog Meir (21), foram mantidos no terceiro andar da residência de um ativista do Hamas. Lá sob fogo cerrado, que veio da vizinhança também, os três foram retirados sãos e salvos. O comandante da operação, Alon Zmora, (de 36 anos), que avançou primeiro, dando a ordem “avancem atrás de mim” recebeu rajada de balas e acabou morrendo. Por infelicidade, o carro blindado que os levaria até o helicóptero teve problemas e, sob fogo, tiveram que resgatá-los num outro veículo. Um terrorista que já apontava RPG para atingir o carro, foi tirado de cena com tiro de um helicóptero que dava proteção às tropas. A operação toda durou uma hora. Noa foi retirada num helicóptero para o hospital Sheba. Enquanto isto, forças de paraquedistas, tanquistas e da aviação davam cobertura aos comandos da Shabak e da Yamam até que estes alcançassem o segundo helicóptero que os levou ao hospital Sheba.

Esta operação, que teve o nome mudado para Operação Alon, em homenagem ao comandante que caiu, deixando esposa e dois filhos, foi exitosa. Todos os grandes jornais nos EUA e na Europa a estamparam nas manchetes. Porém, as lições que temos que aprender é que em Gaza, todos são armados, mesmo os civis. O Hamas se aproveita dos civis e em suas casas esconde sequestrados, fazendo deles sua proteção humana. Quando envolvidos são mortos correm para acusar Israel de matar civis e, como no costume árabe conhecido, sempre exageram no número de mortos, para demonizar as forças de Israel.

Como escreveu o ex-Comandante do Serviço de Inteligência, Amos Malka (Israel Hayom, 09/06), esta operação requeria inteligência do maior nível. Era complexa, requeria informações precisas do edifício, do apartamento, do quarto, quem encontra-se no apartamento, quantos guardas, suas armas e forças exteriores que poderiam atrapalhar.

Durante semanas, as tropas treinaram em modelos dos edifícios a serem abordados. Foi numa base sob grande sigilo. Surpreenderam o Hamas ao executar a operação a luz do dia num dia comum com o mercado repleto de gente. Não devemos esquecer que há mais 120 sequestrados, entre vivos e mortos que queremos trazer de volta a Israel. Muitos deles encontram-se em túneis, o que torna sua libertação mais difícil.

Infelizmente, quando se pensava que a organização terrorista Hamas aceitaria o plano apresentado pelo Presidente Biden, novamente ele foi rejeitado. O general (Res.) Giora Eiland, que foi Chefe do Conselho de Segurança de Israel alega que a Hamas só concordará em aceitar acordo se seu governo persistir em Gaza. Israel quer a libertação dos reféns e alfineta Netanyahu dizendo que não haverá “vitória completa” como alega.

Sobre as condições do cárcere: Andrei foi mantido dois meses com as mãos atadas atras das costas. Comia como um animal. Conta que teve sorte depois destes meses por seus captores amarraram sua mão para frente e, às vezes, lhe permitirem ir ao banheiro. Os outros tinham apenas um balde. Eles passaram por guerra psicológica e física. Todo dia lhes punham na cabeça que Israel se esqueceu deles e não queria saber mais. Também disse à mãe que havia coisas que ele nunca poderia lhe contar.

O Wall Street Journal relatou que eles passaram por torturas, às vezes os fechavam no banheiro, outras cobriam-nos com cobertores grossos apesar do intenso calor. Os três rapazes aprenderam árabe durante o cativeiro. Um médico revelou a CNN que os terroristas do Hamas lhes batiam. O Dr. Itay Pessach que os tratou disse que os oito meses de cativeiro deixaram rastros, seus músculos estão atrofiados e sofrem de subnutrição. O dano psicológico deles é maior do que dos reféns que voltaram depois de 51 dias. Noa servia a família onde estava de empregada e cozinheira e também sofria pressões psicológicas e físicas. Ao ser libertada, foi transferida ao Hospital Ichilov, onde sua mãe está internada em fase terminal. O tempo todo sua mãe pedia para que pudesse vê-la antes de morrer. Infelizmente, ela não a identifica.

Nusseirat

Mesmo 76 anos após a guerra da Independência de Israel, este lugar é chamado de campo de refugiados, que não saíram de lá porque os países árabes queriam perpetuar sua situação e fazer propaganda dele. Quando o General Sharon quis desmantelar os campos de refugiados em Gaza, ofereceu-lhes um pedaço de terra e financiamento para construir uma casa. Arafat ameaçou que quem aceitasse seria morto. Nusseirat é um lugar densamente habitado por terroristas armados e civis. Os armados usam os civis como protetores humanos. Pagam aos civis para guardar reféns e lá os guardam armados.

O líder da Hamas na Faixa de Gaza, Yahia Sinuwar pouco liga para sua população. Ele fala em nome dos palestinos, mas na realidade quer construir um califado islâmico. Se ele se importasse com o sofrimento do seu povo, já teria aceitado um cessar-fogo para libertar terroristas presos em Israel por israelenses sequestrados e para reconstruir Gaza.

Quem o ajuda é a organização terrorista Hizballah, que age a mando do Irã e é islamista xiita. Sua colaboração está no fato de que diariamente bombardeia o norte de Israel, de onde cerca de 100.000 pessoas deixaram suas residências há oito meses. Na terça-feira (11/06) mais de 200 obuses, RPG, misseis e drones foram lançados contra o território israelense. Enquanto isto, muitos kibutzim e até a cidade de Kiriat Shmona estão esvaziadas. A alguém isto parece normal? O governo americano diz que aprova a luta de Israel contra o Hizballah, mas não contra o Líbano. Fato que é um absurdo. Combatendo o Líbano, do qual Hizballah é parte do governo, colocaria o Nassralah, o líder do Hizballah em xeque, com a ira da população libanesa.

Fotos: Reféns israelenses se reunindo com a família após serem resgatados do cativeiro do Hamas em Gaza em 8 de junho de 2024. Topo da esquerda para a direita: Almog Meir Jan com sua família (FDI), Noa Argamani com seu pai (FDI). Parte inferior da esquerda para a direita: Shlomo Ziv com sua irmã e primo (Fórum de Famílias de Reféns e Desaparecidos), Andrey Kozlov com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu (Toaf Maayan/GPO).

Um comentário sobre “Numa operação heroica, quatro reféns libertados

  • Seria ótimo colocar também as notas do boletim semanal do David Moran nesta seção

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