Relatório diz que UNRWA ignorou relação com o Hamas
A Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA) fez vista grossa enquanto os chefes terroristas do Hamas ocupavam altos cargos no seu sistema educacional e promoviam o terrorismo e a radicalização, revelou um novo relatório do órgão de vigilância UN Watch.
A UNRWA arrecada mais de US$ 1 bilhão anualmente de países ocidentais com o objetivo declarado de educar crianças palestinas com valores como paz, tolerância e direitos humanos universais. No entanto, o relatório argumenta que “ao empregar conscientemente líderes terroristas do Hamas como diretores de escolas e professores, e ao permitir que chefes terroristas chefiassem os sindicatos que supervisionam milhares de seus professores, a UNRWA não apenas tolerou o extremismo, mas o institucionalizou, transformando salas de aula em incubadoras de ódio”.
Apesar de oficialmente ser liderada por uma equipe internacional sob o comando do Comissário-Geral Philippe Lazzarini, a UN Watch constatou que a maioria das operações da UNRWA em campo são dirigidas por líderes locais, que, especialmente em Gaza e no Líbano, são membros ou líderes do Hamas. De fato, mais de 99% dos 30.000 funcionários da UNRWA são funcionários locais. Apenas 120 funcionários da agência são funcionários internacionais, financiados pelas Nações Unidas em Nova York.
Entre os funcionários locais, o apoio ao Hamas é total. A UN Watch havia mostrado que um grupo de bate-papo no Telegram da UNRWA, com 3.000 membros, comemorou as atrocidades de 7 de outubro. Antes disso, o diretor de uma escola da UNRWA e chefe do Sindicato dos Funcionários da UNRWA em Gaza, Suhail Al-Hindi, revelou publicamente seu envolvimento com os chefes terroristas do Hamas, mas não foi demitido.
Da mesma forma, no Líbano, a direção da UNRWA não conseguiu demitir Fateh Sharif, que serviu durante anos simultaneamente como chefe do Sindicato dos Professores da UNRWA e como líder do Hamas no Líbano.
A UN Watch alega que o Hamas “sequestrou a educação da UNRWA por meio de seu domínio sobre os sindicatos locais de funcionários da UNRWA, particularmente os setores de professores, permitindo que o Hamas controlasse as escolas da UNRWA”.
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Os métodos de controle incluem impedir que a agência desradicalize o currículo, bloquear os esforços da UNRWA para disciplinar funcionários por incitar o antissemitismo e o terrorismo jihadista e colocar agentes do Hamas em cargos de direção nas escolas.
Suhail al-Hindi foi um líder no Hamas e uma figura proeminente na UNRWA, supervisionando aproximadamente 8.000 professores e 220.000 alunos.
Quando Al-Hindi foi eleito para a direção do Hamas, em 2017, foi forçado a renunciar à UNRWA. Ele passou a liderar o comitê do Hamas “Marcha do Retorno”, anunciado como “protestos pacíficos”, mas que, na verdade, foi criado para testar e estudar as defesas israelenses em preparação para a invasão do Hamas, que acabou ocorrendo em 7 de outubro.
Al-Hindi elogiou o dia 7 de outubro como uma conquista e, desde então, tem atuado como um importante porta-voz do Hamas e membro da equipe de negociação do cessar-fogo do Hamas.
No entanto, a UN Watch observa que a UNRWA estava ciente do envolvimento de Al-Hindi com o Hamas por muitos anos antes de sua renúncia.
Em 2011, Al-Hindi apareceu no palco ao lado do líder do Hamas, Ismail Haniyeh, levando a UNRWA a suspendê-lo por três meses. Al-Hindi, no entanto, respondeu com uma campanha de pressão, fechando escolas da UNRWA e ameaçando a organização até que lhe fosse permitido retornar.
O UN Watch relata que Al-Hindi não apenas foi autorizado a retomar seu cargo, mas também conseguiu pressionar a UNRWA a aceitar sua exigência de que nenhum funcionário da UNRWA fosse punido por envolvimento em atividades do Hamas.
Em sua cerimônia de renúncia, em 2017, seus colegas o elogiaram por rejeitar o ensino de educação sobre o Holocausto nas escolas da UNRWA e por trabalhar para garantir que a gerência da UNRWA não impedisse os funcionários de participarem de atividades do Hamas.
Apesar de ter deixado oficialmente a UNRWA, Al-Hindi permaneceu influente. O UN Watch observa que ele se tornou chefe da Assembleia dos Sindicatos Profissionais de Gaza, que supervisiona o sindicato da UNRWA, e, portanto, continuou a influenciar as decisões.
Al-Hindi foi sucedido por Amir Al-Mishal, membro do Hamas, que também pertence a uma importante família da organização terrorista. Al-Mishal usou sua posição na UNRWA para desviar fundos de funcionários para o Hamas, acrescentou a UN Watch. Ele conseguiu isso explorando sua posição no Conselho de Administração do Banco Al-Intaj, controlado pelo Hamas, para receber depósitos de civis de Gaza e enviá-los ao Hamas.
Em abril de 2023, al-Mishal foi sucedido por Mustafa Al-Ghoul, um ortodontista da UNRWA. Ele foi eleito para o Sindicato dos Funcionários da UNRWA em Gaza na lista filiada ao Hamas.
O relatório também lista outros membros-chave do programa da UNRWA em Gaza que estiveram envolvidos com o Hamas. Um desses indivíduos foi Mohammad Shuwaideh, diretor de escola e também comandante de esquadrão do Hamas na Brigada da Cidade de Gaza. Outro foi Mahmoud Ahmed Mohammad Hamdan, um dos doze educadores da UNRWA acusados por Israel como membros do Hamas, em julho de 2024. Outro membro da UNRWA, Hani Kaskin, também era membro da Jihad Islâmica Palestina.
Fateh Sharif foi diretor da UNRWA na escola Deir Yassin, no Líbano, e chefe do Sindicato dos Professores da UNRWA no Líbano, responsável por 2.000 professores e 39.000 alunos. Simultaneamente, Sharif era o líder do Hamas no Líbano, de acordo com o próprio grupo terrorista. Sharif ocupou os papéis por mais de uma década antes de ser morto em um ataque aéreo israelense.
Quando questionado sobre o motivo de a ONU não ter agido em relação a Sharif, Stéphane Dujarric, porta-voz do secretário-geral da ONU, António Guterres, disse: “A maioria das pessoas envolvidas em organizações clandestinas tenta não tornar seu envolvimento conhecido publicamente”.
No entanto, o relatório da UN Watch revela que a UNRWA sabia das posições de Sharif e seus colegas no Hamas e do apoio ao terrorismo, mas não agiu.
Por mais de dez anos, Sharif promoveu abertamente o terrorismo em suas redes sociais, inclusive elogiando o terrorista “herói” que sequestrou e assassinou o soldado israelense Tomer Hazan, em 2013.
Em janeiro de 2014, ele postou uma foto de um menino com uniforme escolar da UNRWA segurando uma arma. Quando o Egito incluiu o Hamas em sua lista de terroristas, em 2015, Sharif escreveu que a resistência ao Hamas é “uma honra” e “não terrorismo”. Vários de seus colegas curtiram sua publicação.
Durante a “Intifada das Facas”, de 2015, na qual terroristas palestinos perpetraram mais de 200 ataques a faca contra israelenses, Sharif disse: “Hoje, testemunhamos uma nova geração de mártires que escreveram histórias de heroísmo e provaram que combater o inimigo não requer armas estratégicas, mas apenas a crença de que a Palestina pertence exclusivamente a nós. O amor pela Palestina só é demonstrado pelo sacrifício das coisas mais preciosas em prol de sua libertação. O que está acontecendo hoje na Palestina é uma resposta natural aos crimes da ocupação sionista”.
O relatório detalha dezenas de postagens semelhantes, incluindo o apoio público de Sharif aos ataques do Hamas em 7 de outubro.
Após décadas de inação, a UNRWA suspendeu Sharif por três meses por “atividades políticas que violam a neutralidade”, em fevereiro de 2024. A ação provocou reação negativa, e o Sindicato dos Professores da UNRWA no Líbano emitiu uma declaração em apoio a Sharif, acusando a UNRWA de “brincar com fogo”.
Vários grupos terroristas palestinos também se manifestaram em apoio a Sharif, incluindo o Hamas, a FPLP e a PIJ. A coalizão de grupos terroristas ameaçou a direção da UNRWA, afirmando que “nossos compatriotas no Líbano se oporão a qualquer medida maliciosa tomada contra qualquer funcionário pela direção da UNRWA no Líbano por meio de movimentos de protesto pacíficos e de intensificação gradual, utilizando diversas medidas e métodos”.
Sharif, juntamente com a coalizão terrorista, passou a coordenar protestos nas instalações da UNRWA no Líbano nos meses seguintes. Após a morte de Sharif, ele foi publicamente homenageado pela UNRWA e pelo Hamas. Seu corpo foi envolto em uma bandeira do Hamas em seu funeral.
Quando questionado em uma coletiva de imprensa da ONU em Genebra no dia em que Sharif foi morto sobre o motivo de ele não ter sido demitido, Lazzarini respondeu que “a investigação ainda estava em andamento” sobre as ligações de Sharif com o Hamas.
Assim como al-Hindi, muitos dos colegas de Sharif na UNRWA também eram membros do Hamas. O relatório da UN Watch detalha 13 indivíduos, incluindo vários diretores e vice-diretores de escolas.
De acordo com a UN Watch, a UNRWA nunca expressou qualquer surpresa pelo fato de seus principais educadores serem líderes terroristas e que as escolas da ONU estivessem sendo usadas para “construir uma geração educada” que estivesse “comprometida com a resistência”, com “a luta pela libertação da Palestina” e com “uma jornada cheia de sacrifício e sangue”.
“A UNRWA ignora as ligações de seus funcionários com o Hamas e sua incitação ao terrorismo e ao antissemitismo do Hamas, a menos que seja forçada a tomar medidas para evitar escândalos e preservar sua imagem pública nos países ocidentais que são os principais doadores”, concluiu a UN Watch.
A UN Watch alegou que os líderes internacionais da UNRWA sabem que não têm controle sobre sua equipe local e são impotentes para impor a neutralidade diante de tal oposição.
Fonte: Revista Bras.il a partir de The Jerusalem Post
Foto: David Scaduto (Flickr), CC BY-NC-SA 2.0