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Trump superstar

Por David S. Moran

Que semana emocionante foi esta. Depois de anunciado o fim da guerra entre a organização terrorista Hamas e o Estado de Israel, o próprio arquiteto deste acordo, o presidente dos Estados Unidos, Donald J. Trump, ele próprio veio ao Estado Judeu para falar na Knesset.

Sua chegada no Air Force 1 foi triunfante e o avião fez uma volta a baixa altitude por cima da Praça dos Sequestrados, até Herzliya para que todos soubessem que ele estava aqui. Seu avião até passou por cima da minha casa. Este povo espetacular unido, emocionado e vibrando pelo fim da guerra e o retorno de todos os sequestrados vivos e mortos.

Dois dias antes, sábado (11/10), o enviado especial do presidente, Steve Witkoff, ladeado por Jared Kushner e sua esposa e filha do presidente, Ivanka estiveram na Praça dos Sequestrados em Tel Aviv. Witkoff falou a cerca de 500.000 pessoas lá reunidas, na maior manifestação popular da história de Israel. Witkoff: “Sonhei com isto esta noite. É algo especial. Muitos pensaram que era impossível acontecer. Estar aqui é a prova viva de que quando a coragem encontra crenças, milagres podem acontecer. Quero elogiar Israel, que mostrou ao mundo que a paz não é uma fraqueza, é a maior forma de potência”.

Ele estava muito emocionado e enfatizou: “O presidente Trump adoraria ver o que está acontecendo aqui. É o maior presidente da história americana”. O público retribuiu vociferando: “Thank you”. Ele gradeceu ao Kushner, aos líderes árabes e ao Netanyahu. Mas, quando falou este nome, o público vaiou. Durante todos estes 735 dias, o governo Netanyahu ignorou e nunca foi visitar a Praça dos Sequestrados, onde Witkoff esteve três vezes.

Voltando ao Trump na Knesset, nesta segunda-feira (13/11), todos os dignitários do Estado lá estiveram presentes, desde o presidente Herzog, parlamentares atuais e do passado. Mas duas pessoas não foram convidadas, mesmo que o protocolo o exigia: o presidente da Suprema Corte e a conselheira jurídica do Governo, a quem Netanyahu aceita, antagonizando o Poder Judiciário.

O presidente americano deu um show de comédia. Muito à vontade, falou da grande alegria da volta dos 20 sequestrados vivos e dos 28 sequestrados mortos (ainda nem todos retornaram, apesar do acordo). “Este não é só o fim da guerra, é o fim da era do terror e da morte e o início da era da fé. É o amanhecer histórico de um novo Oriente Médio”.

Agradeceu a cooperação com Netanyahu, falou da entrega de armas americanas nos combates, das forças caóticas que estão enfraquecidas e a formação de nova coalizão e que, graças a nós, os inimigos da civilização estão em retirada”. Deu credito às Forças de Defesa de Israel e sua aviação que junto com os B-2 americanos destruíram o poderio nuclear do Irã. “O Hamas será desarmado e a segurança de Israel não será ameaçada. “Tenho orgulho de ser o melhor amigo que Israel já teve”. “Israel venceu o mal e agora é o tempo de traduzir esta vitória em paz e progresso no Oriente Médio”. “Israel é um pequeno pedaço de terra e é inacreditável o que vocês conseguiram fazer com este país pequeníssimo. Vocês fizeram um milagre, agora vamos construir um Israel mais forte, maior e melhor do que nunca”. Ele falou mais de uma hora, temperando suas palavras com humor. Deu um certo desconforto quando, a pedido de Netanyahu, pediu ao presidente Herzog para dar-lhe anistia dos seus julgamentos. Aliás, que ainda não tiveram vereditos.

Logo mais tarde, Trump viajou à Sharm al Sheik, Egito para uma Convenção de Paz com mais de 20 presidentes e primeiros-ministros. Entre outros, Alemanha, França, Inglaterra, Catar, Turquia, Jordânia, Indonésia, Paquistão, Itália, Espanha, Chipre. Por incrível que pareça “o noivo” não foi convidado para o “casamento”. Ressalto que o Egito tem acordo de paz com Israel desde 1977. Trump ouviu o absurdo e ligou para o presidente egípcio Abdel al Fatah A Sisi e com Netanyahu na conversa, forçou A Sisi convidar Netanyahu. Este aceitou o convite, mas pouco depois cancelou alegando a entrada da Festa de Simchat Tora. Mera desculpa. Netanyahu deveria estar lá, era uma grande oportunidade de falar diretamente com líderes de países muçulmanos, árabes e outros, mas o medo que partidos da coalizão o derrubem o fez retroceder. Talvez tenha sido a ameaça do Erdogan que, no avião sobrevoando Sharm, disse que se Netanyahu fosse ele voltava à Turquia.

Quando parece que tudo vai às mil maravilhas, quem assim o crê, não conhece o Oriente Médio. Além da ausência de Israel, se ausentaram os líderes da Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Omã. Estes por divergências com o Egito e A Sissi que quer tomar a liderança do mundo árabe. Quem, sim, esteve em Sharm foi o presidente da Autoridade Palestina, líderes de países radicais islamistas como Catar e a Turquia, entre outros.

Infelizmente, o que estava previsto aconteceu. O acordo tem alguns buracos como num queijo suíço. Logo depois de devolver os 20 sequestrados vivos – para a alegria geral da nação – o Hamas iniciou suas manobras para não devolver os 28 corpos sequestrados como reza o acordo. Devolveu quatro corpos e o IML israelense identificou só 3 sequestrados. Ante as reclamações, no dia seguinte, enviou mais dois e depois mais dois, dizendo que não sabe onde estão os demais. Isto apesar das FDI poder lhes informar onde tem mais corpos. Esta atitude da organização terrorista Hamas contraria os acordos assinados.

Em represália, Israel avisou e exige das partes envolvidas pressionar o Hamas a cumprir o acordo com rigor e enquanto não o fizer, Israel manterá fechada a passagem de Rafah – é a entrada entre Gaza ao Egito – e a ajuda humanitária à Gaza será reduzida.

O fato de as tropas israelenses cumprirem o acordo e se retiraram até a Faixa Amarela e de que os ativistas da organização terrorista Hamas não deixaram as armas e continuam controlar a Faixa de Gaza levou a dezenas de mortes promovidas por esta organização contra os seus adversários, em plenas praças públicas, na frente de multidões e assim também amedrontando-os.

Como o povo de Israel é o povo do “Hatikva”, a “Esperança”, e todos aqui são otimistas sabemos que as coisas não terminam tão rapidamente, haverá empecilhos, mas no fim o bom senso prevalecerá. Se não, voltaremos a combater o mal e vencê-lo, não há outra alternativa.

Foto: Knesset

Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores e não expressam necessariamente a opinião da Revista Bras.il.

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