UE discute sanções econômicas contra Israel
A União Europeia está se aproximando de um passo incomum em suas relações com Israel: os membros da Comissão devem aprovar, hoje, um novo pacote de sanções, com a suspensão de cláusulas comerciais essenciais nos acordos de parceria com Israel.
Trata-se de uma medida drástica que pode prejudicar as exportações israelenses para o mercado europeu, um dos maiores parceiros comerciais de Israel. Um porta-voz da Comissão Europeia confirmou hoje que a proposta a ser votada inclui a “suspensão de certas cláusulas comerciais”, o que significa a negação de algumas das preferências comerciais de que Israel desfrutava no acordo com a UE.
A decisão também deve incluir a suspensão do apoio bilateral – verbas transferidas a Israel em áreas institucionais e de desenvolvimento, com exceção de projetos nas áreas de memória do Holocausto e sociedade civil, como o Yad Vashem.
Segundo estimativas, isso equivale a dezenas de milhões de euros por ano: cerca de 6 milhões de euros do Programa de Assistência de Vizinhança da UE e outros 14 milhões de euros destinados a projetos em andamento. “Essas medidas refletem nosso compromisso de responder a graves violações de direitos humanos e exigir que Israel cumpra suas obrigações internacionais”, disse o porta-voz.
A medida exigirá uma maioria qualificada dos Estados-membros da EU: 15 dos 27 países, representando pelo menos 65% da população da UE.
Uma luta interna já está emergindo: países como Alemanha, Hungria e Áustria expressam reservas e até oposição, enquanto outros países pressionam por uma linha mais dura. Por trás da decisão está a crescente pressão na Europa para tomar medidas práticas contra Israel, tendo como pano de fundo a guerra em Gaza e as alegações de violações do direito internacional humanitário. Autoridades da UE argumentaram em várias discussões recentes que “a população civil em Gaza está sofrendo de fome e graves dificuldades humanitárias, e a situação exige ação”.
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As consequências econômicas da medida podem ser graves: em 2024, o comércio entre Israel e a UE totalizou aproximadamente € 42,6 bilhões. O cancelamento de algumas preferências comerciais significa aumento de preços, novas tarifas e uma desaceleração na exportação de produtos israelenses para a Europa.
Se as medidas forem aprovadas amanhã, será um marco incomum nas relações entre Israel e a União Europeia, o que pode marcar o início de uma profunda crise política e econômica entre os dois lados.
O ministro do Exterior, Gideon Saar, enviou uma carta à presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen (foto), em preparação para a discussão que será realizada amanhã sobre o assunto. Em sua carta, ele afirmou que se trata de uma decisão sem precedentes, que nunca foi implementada contra nenhum outro país, e constitui uma clara tentativa de prejudicar Israel durante a guerra.
Saar afirmou que Israel não foi previamente notificado sobre o assunto. “Pressão por meio de sanções não será eficaz. O Estado de Israel é uma nação soberana e orgulhosa; não sucumbiremos a ameaças quando nossa segurança estiver em jogo”.
Ele ainda afirmou: “Vocês não cumpriram nem mesmo os requisitos mínimos do devido processo legal e agiram de má-fé. Israel não recebeu nenhuma notificação adequada sobre a proposta atual, nem teve a menor oportunidade de responder. A presidente e a UE se baseiam fortemente em dados não verificados e distorcidos, provenientes do controle do Hamas. Ao fazer isso, a UE está fazendo o jogo do Hamas e de sua estratégia calculada para prejudicar Israel”.
Saar conversou com o ministro das Relações Exteriores tcheco Jan Lipevsky, que disse: “A República Tcheca se opõe à suspensão do Acordo de Associação entre Israel e a União Europeia e se oporá claramente a ela”.
Fonte: Revista Bras.il a partir de Maariv
Foto: European Parliament (Flickr)