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A terra do leite e do mel… e do azeite

Do Editor

Ao longo da história, e até os dias atuais, o azeite de oliva tem sido considerado um tipo de óleo de excelência. O azeite de oliva desempenhou um papel importante na cultura material na terra de Israel e na antiga cultura hebraica.

Os frutos de oliva forneceram aos ricos e aos pobres óleo para cozinhar, iluminação, cosméticos e remédios, e para ungir profetas e reis (Juízes 9: 8-9). Foi, juntamente com o grão e o vinho, o terceiro grande produto da Terra Prometida (Deuteronômio 7:13).

A oliveira é a primeira árvore mencionada pelo nome na Bíblia

A primeira árvore cujos galhos e folhas irromperam quando as águas do dilúvio recuaram foi a oliveira. Isso ilustra a grande durabilidade da árvore, que também a torna um símbolo da vida eterna. A oliveira é uma árvore perene, que cresce a uma altura de 3-12 metros. Vive mais do que outras árvores frutíferas, e sua rara capacidade de sobrevivência tornou-a um símbolo de poder para uma vida longa.

Exemplos dessas árvores podem ser vistos na Galileia e no jardim da Igreja do Getsêmani, em Jerusalém. No Vale Beit Hakerem na Galileia existem muitas oliveiras de mais de 1.000 anos. Como a oliveira continua a crescer, sua casca se espessa. Em Israel existem árvores cujos troncos têm uma circunferência de mais de 3 metros. O tronco de oliveira geralmente não cresce mais, mas a cada ano outra camada fina de casca é adicionada.

Em diversas passagens bíblicas o azeite é citado: “Unção com azeite deu ao rosto um olhar jovem e feliz” ou “Vinho que alegra os corações dos homens e óleo que faz o rosto brilhar” (Salmo 104: 15).

Nos tempos bíblicos, o óleo de oliva era usado para acalmar e lubrificar o corpo, para curar feridas e contusões: “Da sola do pé até a cabeça não há som algum: feridas, vergões e feridas abertas. Eles não foram fechados, nem enfaixados, nem acalmados com óleo” (Isaías 1: 6).

Em Israel, o azeite de oliva era usado como moeda e os fazendeiros pagavam o dono do lagar de azeite em óleo. A Bíblia também nos diz que azeitonas e azeite de oliva foram exportados de Israel para o Egito: “E o azeite é levado para o Egito” (Oséias 12: 1).

O azeite de oliva foi considerado como tendo qualidades especiais e foi usado para ungir os reis de Israel e os reis da Judeia.

Para construir o primeiro Templo, o rei Salomão deu a Hirão, rei de Tiro, azeite de cedro e ciprestes e o ouro que ele comprou dele, como está escrito: “E vinte medidas de puro óleo ano a ano”.

O calendário dos Manuscritos do Mar Morto, assumido como tendo sido escrito pelos essênios, menciona três feriados de colheita: “Primeiras frutas dos grãos hititas”; 50 dias depois, “Primeiras frutas da vinha” e depois de mais 50 dias “Primeiras frutas do óleo”.

Na heróica batalha dos judeus contra os romanos, os judeus usavam o óleo como arma. Na batalha de Yodfat, José, filho de Matias, comandante da revolta na Galileia, ordenou o derramamento de óleo sobre os romanos quando eles atacaram as muralhas da cidade.

No período do Mishná e do Talmud, o óleo era a principal exportação de agricultores judeus na Galileia. A atividade econômica da indústria do azeite estava concentrada nas mãos de vários homens ricos, incluindo o rabino Judah Hanassi.

Há também evidências de que ele era usado como matéria-prima para fabricação de sabão, lubrificantes corporais e diversos produtos para o cabelo, o que nos ensina sobre a importância do azeite na vida diária local daquela época.

A oliveira e o óleo de oliva desde sempre representam elementos essenciais na cultura e economia de Israel. Essa importância se verifica em diversos trechos do Antigo Testamento. A oliveira representava um símbolo de beleza e fecundidade.

Como descrito na Bíblia, as grandes riquezas de Israel eram trigo, vinho e azeite, que nada mais eram do que a base de sua dieta e as principais fontes de renda do país. Um bom exemplo disso são exportações de azeite de Canaã para Egito e Grécia datadas de mais de 4 mil anos, além das mais antigas prensas de azeitonas, que também foram encontradas em Israel. Em uma das parábolas do livro dos Juízes, as árvores pedem à oliveira que reine sobre elas, a qual se recusa, dizendo: “Renunciaria a meu óleo, com que se honram os deuses e os homens, para balançar-me acima das árvores?” (Juízes 9:8-9). Tamanha importância era dada pelos hebreus ao azeite que a possibilidade de produzi-lo valia mais que o cobiçado poder de reinar.

Esses são alguns pequenos exemplos de quão fundamental foi a olivicultura para economia israelense desde os tempos bíblicos e que ainda hoje é lembrada, como no Monte das Oliveiras ou no Jardim de Getsêmani (Gat Shemen, que significa uma prensa de óleo).

E não se deve esquecer que o nome hebraico da azeitona, zayiit, também semelhante ao aramaico, zaita, e ao árabe, zeituna, foram os responsáveis pelas palavras espanhola e portuguesa que hoje conhecemos, respectivamente, como “aceite” e azeite.

Atualidade

Com um cultivo de aproximadamente 19 mil hectares de oliveiras, Israel é hoje o menor produtor dentre os principais produtores de óleo de oliva do Oriente Médio, atrás da Síria, Jordânia, Palestina e Líbano. Tal situação reflete a sua necessidade em recorrer a esses vizinhos e também à Espanha, Itália e Grécia para satisfazer a demanda interna, uma vez que seu consumo tem sido sempre maior que a produção. Israel produz cerca de 40% de suas necessidades.

Seus olivais estão espalhados por todo o país, porém com maior concentração na Galileia, onde predomina a variedade autóctone Souri, cujo azeite possui aromas herbáceos e paladar com notas de mel, sendo picante e aromático.

No vale de Jezreel, por exemplo, são encontradas, além do cultivar Souri, as variedades Barnea e Nabali. A Barnea, que no princípio era desenvolvida apenas em Israel, hoje se internacionalizou, sendo cultivada na Austrália, por exemplo. Ela possui uma produtividade acima da média, gerando um óleo de oliva extravirgem adocicado, levemente frutado e com aroma herbáceo. A Nabali é também bastante produtiva, originando um azeite mais leve que os produzidos a partir dos outros cultivares de Israel. Algumas variedades internacionais são também produzidas por aqui, sendo a principal delas a espanhola Manzanilla, muito utilizada para o cultivo de azeitonas de mesa.

A espécie Souri provavelmente recebe o nome pela sua origem na cidade de Tiro (Tsur) no Líbano, e não da Síria, como o nome hebraico parece indicar. É uma espécie antiga com frutos particularmente ricos em óleo, cerca de 20 a 35%. As diferenças na qualidade do óleo de diferentes suriguícolas são devidas a diferenças na qualidade do solo, pluviosidade, irrigação e quantidade de frutos produzidos.

Nabali é a principal espécie que cresce nas montanhas de Samaria. O nome é uma corruptela do nome romano da cidade de Neapolis (atual Nablus, ou Shechem em hebraico).

A espécie Extravirgem é semelhante ao souri, mas amadurece mais cedo. Pode suportar condições climáticas severas e seca, e a carne do fruto é mais macia do que a do souri.

Israel é líder mundial na pesquisa fisiológica e bioquímica de novas espécies. Israel é também pioneiro mundial no desenvolvimento e melhoramento de olivais, graças ao desenvolvimento da tecnologia de cultivo de oliveiras em regiões áridas, usando métodos de irrigação e de cultivo intensivo.

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