Ano novo, pouco mudou
Por David S. Moran
O ano novo judaico (5768) se iniciou, mas pouco mudou. A guerra contra o Hamas na Faixa de Gaza continua em andamento. A passos lentos, as Forças de Defesa de Israel seguem avançando em Gaza, passo a passo, para evitar baixas. Mesmo assim, esta guerra, até o momento, já tem 912 soldados caídos desde 07/10/2023.
Esta guerra exige muito material bélico e os depósitos de armas e munições já estão no vermelho. Isto também pelo embargo que certos países impuseram contra Israel. Por exemplo, a Alemanha, segundo maior fornecimento de material bélico, não entrega peças de reposição e armamento que geralmente fornece a Israel. Esta falta repercute nas operações das FDI, e algumas são abortadas pelas falta de materil que os soldados tem para sua execução. O primeiro ministro Netanyahu está ciente desta situação, mas tapa os ouvidos e os olhos e segue na sua.
Pela mudança mundial impondo embargo a Israel e ao mesmo tempo reconhecimento de um estado palestino, na semana passada, Netanyahu falou em transformar Israel numa “super Esparta” e mercado autárquico, isto é, produz o que necessita. As críticas a esta fala vieram de todos os lados e prejudicou a Bolsa de Valores local.
No meio as festas de Rosh Hashaná, o Iêmen lançou e atingiu a cidade de Eilat, causando 23 feridos, dois em estado grave. Na Assembleia Geral da ONU, os discursos seguiram normalmente. Mesmo países ocidentais como a França, Inglaterra, Holanda, entre outros, disseram reconhecer um estado palestino, sem ao menos mencionar a tragédia do ataque do Hamas contra Israel assassinando 1.200 civis israelenses, moradores de kibutzim e outros que participavam do festival musical Nova.
Já na semana passada, a ONU votou, por iniciativa da França e Arábia Saudita, a seguinte resolução: Pelo reconhecimento de estado palestino, pela “lei do retorno”, condenação à ação de Israel na Faixa de Gaza e a continuação do trabalho da UNRWA na região. A votação foi de 142 países a favor, 10 contra. O cúmulo desta resolução co-iniciada pela Arábia Saudita é que este reinado não tolera os palestinos e sua liderança, mas pela contínua guerra, Muhamed Bin Salman se afasta do Netanyahu e copatrocina uma resolução a que a princípio se oporia. Isto é uma recompensa ao vilão que atacou.
Logo depois da fala de Macron, nesta segunda-feira (22/09) o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas (fará 90 anos no dia 15/11) falou por vídeo (os EUA o impediram de chegar a Nova York). Agradeceu ao francês, chamou Hamas e seus cumplices a entregar as armas. Só a AP terá armas, prometeu que o Hamas não fará parte de um governo palestino, fará reformas e chamará por novas eleições depois da guerra e pediu a Israel para voltar à mesa de negociações.
Surpreendendo a todos, o presidente da Indonésia, o mais populoso país muçulmano, Prabowo Subianto falou no pódio: “Se Israel reconhecer o estado palestino, nós o reconheceremos e asseguraremos sua segurança. Devemos também reconhecer, devemos também respeitar e devemos também garantir a segurança e proteção de Israel. Só então poderemos ter uma verdadeira paz, uma paz real”. Terminou seu discurso com a reza muçulmana e “Salamu aleikum” e falando bem alto “Shalom”, em hebraico.
Infelizmente, e apesar de todas as manifestações populares na frente da casa de Netanyahu e dos seus principais ministros, além de manifestações em centros de cidades e até mesmo em Nova York e em Washington, onde se encontrará na segunda-feira (29/09) com Trump, nada de concreto foi feito para a libertação dos 48 sequestrados, vivos e mortos. Pelas informações oficiais, ainda há 20 reféns vivos. Trump ultimamente diz que há menos, com números variando entre 10 a 18 vivos.
Netanyahu que é “americanologista” e se vivesse naquele país certamente votaria no partido Republicano, coloca todos os seus ovos no cesto de Trump. Esquece que há muitos outros países que deveria cultivar. Ele deveria se lembrar do final do primeiro mandato de Trump, quando se zangou e não mais quis falar com ele. Todos sabem que Donald J. Trump é imprevisível e é homem de negócios e as bolas para negócios estão nas mãos de ricos países árabes, então esta lua de mel com Netanyahu pode acabar bruscamente. Principalmente se Netanyahu recusar o pedido de Trump, que já quer terminar esta guerra e ganhar o Nobel de Paz “que tanto mereço”.
Foto: picryl (2017)
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