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As condições de Israel para transferir a Faixa de Gaza para a AP

Diante da pressão árabe e internacional para que aceite a Autoridade Palestina (AP) como governante da Faixa de Gaza e avance para uma solução que inclua um estado palestino, Israel está impondo uma série de reformas e mudanças na AP, exigindo ainda o cancelamento do status de refugiado dos palestinos que vivem na Judeia e Samaria e na Faixa de Gaza.

Segundo fontes diplomáticas árabes e ocidentais, essas condições incluem a cessação das atividades de todas as agências da ONU que lidam com refugiados, principalmente a UNRWA, em todas as áreas da Autoridade Palestina, especialmente na Faixa de Gaza, e a própria AP assumindo a responsabilidade por todas as necessidades da população. Israel também exige a transformação dos “campos de refugiados” em bairros ou assentamentos regulares e a abolição da definição de refugiado nos territórios da Autoridade Palestina.

O canal i24NEWS informou que Israel condicionou a retirada das FDI dos campos de Jenin e Tulkarm, onde operam há vários meses, à cessação das atividades das agências da ONU para refugiados. Segundo fontes diplomáticas, essa exigência foi levantada em negociações entre Israel e os EUA, com mediadores europeus, incluindo Tony Blair e o chanceler alemão Friedrich Merz, em uma reunião realizada hoje.

Paralelamente a isso, Israel apresentou as exigências já conhecidas: desarmamento do Hamas; controle total da segurança israelense e liberdade de ação militar, mesmo em áreas sob controle da Autoridade Palestina; desmilitarização completa dos territórios palestinos, com exceção das forças policiais armadas, apenas com armas leves; uma mudança real nos programas educacionais das instituições de ensino da Autoridade Palestina, da educação infantil à universidade, e a remoção de todo conteúdo antissemita e anti-Israel; um processo de desradicalização da população; atuação efetiva de todas as forças de segurança da Autoridade Palestina contra organizações terroristas, entre outras. Da perspectiva de Israel, essas são as condições para concordar em avançar com o processo que, em última instância, estabelecerá um Estado palestino, conforme exigido pelo plano Trump, ao qual o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu aderiu.

Em uma conferência de imprensa após seu encontro de ontem com Merz, Netanyahu disse: “Acreditamos que existe uma maneira de promover uma paz mais ampla com os países árabes, e também uma maneira de estabelecer uma paz viável com nossos vizinhos palestinos, mas não vamos criar um Estado que se comprometa a nos destruir bem à nossa porta. A única coisa em que sempre insistiremos é que a autoridade soberana sobre a segurança estará nas mãos de Israel. Ignoramos a Autoridade Palestina porque ela não está interessada na paz. Todos dizem que eles vão mudar. Duvido. Eles precisam parar de educar seus filhos para assassinar israelenses e de pagar terroristas”.

Entretanto, as negociações prosseguem rumo a um anúncio americano sobre o avanço para a implementação da Fase 2 do plano Trump. O principal obstáculo é a não libertação do último civil sequestrado, o major Ran Gvili, combatente morto em confronto com terroristas do Hamas em 7 de outubro, após ter matado dezenas deles.

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O chefe do Shin Bet, David Zini, visitou o Cairo na semana passada e discutiu com os egípcios informações de inteligência que indicavam a localização aproximada de Gvilli. Como resultado, ontem, as buscas por ele foram retomadas no bairro de Zeitoun, no leste de Gaza, com a presença de membros da Cruz Vermelha e do Hamas.

Os EUA estão pressionando para que seja anunciado o início da Fase 2 do acordo, mesmo que Guilli não seja encontrado. A família de Gvilli pediu a Netanyahu que suspenda qualquer progresso até que Gvilli seja encontrado. Segundo eles, Netanyahu concordou.

A segunda fase do plano de Trump inclui o processo de desarmamento do Hamas e a transferência do poder para uma entidade civil internacional, juntamente com uma retirada israelense mais ampla, em conformidade com os acordos de segurança. Altos funcionários do Hamas declararam repetidamente que a organização não entregará suas armas. Há uma disputa dentro de sua liderança sobre o assunto, mas mesmo os mais moderados não estão dispostos a uma rendição completa das armas.

Fontes árabes afirmam que apresentar a situação como se não houvesse progresso nos preparativos para a transferência de controle é errado e que, nas próximas semanas, será apresentado o novo órgão governamental que deverá assumir a responsabilidade pela Faixa de Gaza, incluindo o Conselho Executivo, com participação internacional, bem como um órgão administrativo burocrático composto principalmente por residentes palestinos de Gaza, alguns dos quais eram funcionários da Autoridade Palestina antes da tomada do poder pelo Hamas.

Ontem, ocorreu em Washington uma reunião entre o chefe do Mossad, David Barnea, o enviado Steve Witkoff e um alto representante do Catar. Este foi o primeiro encontro no processo de distensão, acordado entre Netanyahu e Trump.

Na reunião, ficou acordado que, como parte do processo mediado pelos EUA, as conversações seriam realizadas uma vez por mês e que temas controversos seriam debatidos nesses encontros. Na pauta da reunião atual estão: a hospedagem de membros do Hamas no Catar, a “mediação” catariana que, segundo Israel, não trouxe os resultados desejados, e a exigência do Catar de um compromisso israelense de abster-se de ataques em seu território.

Fonte: Revista Bras.il a partir de Israel Hayom
Foto: Wikimedia Commons

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