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Cada vez mais isolados

Por David S. Moran

A guerra Espadas de Ferro, que foi a reação de Israel ao ataque da organização terrorista Hamas, conseguiu, muito injustamente, fomentar um antissionismo e antissemitismo no mundo e esta onda tronou-se moda. Uma guerra de um Estado soberano contra uma organização terrorista de quem os órgãos internacionais nada exigem é totalmente desigual.

Mesmo passados 686 dias, a Cruz Vermelha não visitou os sequestrados e nada informou de suas condições de saúde. Eles não foram visitados por nenhuma agência da ONU e isto passa sem nenhuma reclamação do secretário-geral da organização, ou por qualquer governante do mundo, mesmo aqueles que criticam e condenam o governo de Israel.

O presidente ucraniano Volodymir Zelensky foi visitar o presidente americano Donald Trump e recebeu reforço dos presidentes da França, Emmanuel Macron, da Finlândia, Alexander Stubb, a presidente do Conselho Europeu, Úrsula von der Leyen, o secretário-geral da OTAN, Mark Rutle, o primeiro-ministro inglês, Keir Starmer, a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, chanceler alemão, Friedrich Merz. Ao contrário do primeiro encontraro, quando Zelensky levou um pito de Trump, desta vez foi tudo às mil maravilhas. O esperado encontro de reconciliação e acerto de contas com Putin ainda não saiu, mas Zelensky recebeu apoio de todos, inclusive o compromisso americano de defender a Ucrânia.

Infelizmente, o primeiro ministro israelense Benjamin Netanyahu está muito longe desta posição. Ele tem apoio do Trump, mas isolado da Europa, para onde nem pode viajar, talvez com exceção da Hungria, de Orban. Macron disse que reconhecerá o estado palestino na próxima reunião da Assembleia Geral da ONU, em setembro, e foi seguido por outros líderes europeus e da Austrália.

Este país revogou (19/08) o visto de entrada do deputado Simcha Rothman (Sionismo Religioso), que iniciaria um tour na Austrália, para falar com comunidades judaicas do país. A alegação foi que ele espalha “ódio e divisão”. O premier Netanyahu então mostrou a sua ira (20/08) pois a Austrália também disse que reconheceria o estado palestino. “A história lembrará de Anthony Albanese pelo o que ele é, político fraco que traiu e abandonou os judeus australianos”. A resposta imediata foi do ministro do Exterior israelense, Gideon Saar, que revogou o visto dos diplomatas australianos para a Autoridade Palestina, que moram em Israel. O fogo foi aumentado com o comentário da ministra do Exterior australiana, Penny Wong. “O governo do Netanyahu isola Israel e prejudica os esforços internacionais pela paz e pela solução de dois Estados”.

Quando se fala de dois Estados, ninguém sabe onde será a fronteira. A Autoridade Palestina controla algumas áreas da Judeia e Samaria (Cisjordânia) e fala num “estado palestino com a capital em Jerusalém Oriental”. Algo muito improvável, pois Jerusalém está unificada e em volta de Jerusalém Oriental há bairros judaicos. A capital de Israel atualmente tem 1 milhão de habitantes. Quando lá cheguei, em 1968, tinha 250.000, igual a Taubaté (SP). Além disso, Jerusalém sempre foi o centro na história judaica. É mencionada 687 vezes na Bíblia e nenhuma vez no Al Corão. Só se tornou importante aos muçulmanos para atacar Israel.

Infelizmente, Israel está hoje mais isolado do que nunca e o seu governo não ajuda para reverter o quadro. Depois de longo tempo sem negociação (indireta) com o Hamas, esta organização, sob pressão militar israelense, atendeu ao plano Wilkof e está disposta a devolver a Israel 10 reféns vivos e 18 corpos de reféns em 60 dias.

Netanyahu, que o tempo todo aceitou que o acordo fosse por etapas, agora diz que quer negociação definitiva, isto é, o retorno de todos os 20 reféns, que se acredita estarem vivos e 30 corpos de reféns que foram mortos. Desde segunda feira (18/08), até quinta-feira (21/08), Israel não respondeu se aceita o acordo.

O governo de Israel emitiu 130.000 convocações a reservistas e aprovou o plano de atacar a cidade de Gaza, para tentar eliminar de vez os terroristas da Hamas. Ao mesmo tempo, Netanyahu, que acredita que se aprovar a atual negociação, verá seus ministros extremistas, Ben Gvir e Smotrich se demitirem, já está costurando a entrada de Ganz na coalizão. Ganz já fez parte da coalizão, demitiu-se e acusou o governo, mas agora parece disposto a voltar.

Militarmente, o Hamas já perdeu a guerra há mais de um ano, agora tem que ser derrotado politicamente. Na quarta-feira (20/08) houve uma tentativa de cerca de 20 terroristas que saíram de túneis próximos a uma estação provisória das FDI, de matar ou sequestrar soldados. A tentativa foi frustrada ante a imediata reação dos soldados que mataram 15 terroristas e feriram vários outros, Um soldado israelense foi gravemente ferido e dois levemente.

Uma coisa é certa: os países ocidentais não conseguem (ou não querem) enxergar as atividades do Hamas como elas são. O Hamas não se interessa por Gaza, ele quer a Palestina inteira. Esta ideologia emana da inspiração da crença religiosa extremista-jihadista. Se conseguisse seu objetivo, visaria os países europeus e até os EUA. O novo prefeito eleito de Mineápolis é um muçulmano extremista, mais do que o candidato a prefeitura de Nova York. Há pouco tempo ninguém imaginaria esta situação. O mesmo fenômeno acontece na Europa. Apesar da violência palestina e muçulmana que já ocorreu no mundo, o mundo não quer enxergar a realidade e parece dar apoio e prêmio àqueles que cometem mortes e selvageria.

Foto: Revista Bras.il

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