Cessar-fogo entre Israel e Hezbollah entra em vigor
Entrou em vigor às 4h da manhã desta quarta-feira, um cessar-fogo entre Israel e o Hezbollah no Líbano, interrompendo quase 14 meses de combates na fronteira norte, que começaram no dia seguinte ao ataque terrorista do Hamas em 7 de outubro de 2023 no sul de Israel.
O acordo, que o gabinete de segurança nacional de Israel aprovou com apoio de 10 ministros contra um (do ministro da Segurança Nacional Itamar Ben-Gvir), prevê um período de transição de 60 dias, durante o qual as FDI retirarão suas forças do sul do Líbano, enquanto o Exército libanês enviará cerca de 5.000 soldados ao sul do rio Litani, incluindo 33 postos ao longo da fronteira com Israel.
O texto completo do acordo de cessar-fogo não foi publicado.
Embora o Hezbollah tenha dito que aceitava a proposta de cessar-fogo, um alto funcionário do grupo terrorista disse, na terça-feira, que ainda não havia visto o acordo em sua forma final.
“Após analisar o acordo assinado pelo governo inimigo, veremos se há uma correspondência entre o que declaramos e o que foi acordado pelas autoridades libanesas”, disse Mahmoud Qamati, vice-presidente do conselho político do Hezbollah, à rede de notícias Al Jazeera. “Queremos o fim da agressão, é claro, mas não às custas da soberania do estado” disse ele. “Qualquer violação da soberania será recusada”.
O cessar-fogo pareceu se manter na manhã de quarta-feira, com sinais de comemoração em Beirute, um dia depois de Israel realizar sua mais intensa onda de ataques aéreos na capital libanesa desde o início dos conflitos.
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Quando o cessar-fogo entrou em vigor, o coronel Avichay Adraee, porta-voz de língua árabe das FDI, alertou os civis libaneses para não retornarem às aldeias no sul do Líbano. “Não se movam em direção às aldeias que a FDI evacuou ou em direção às forças da FDI na área. Para sua proteção e a segurança de suas famílias, evitem chegar à área”. Ele acrescentou que as FDI os informariam “sobre a data segura para retornar às suas casas”.
A Reuters informou que fluxos de carros transportando pessoas deslocadas pelos meses de conflito foram vistos retornando para o sul, pouco mais de uma hora após o cessar-fogo entrar em vigor.
Rajadas de tiros foram ouvidas em Beirute depois que o cessar-fogo entrou em vigor, embora não tenha ficado imediatamente claro se o tiroteio foi comemorativo, já que tiros também foram usados nas últimas semanas para alertar moradores que podem ter perdido os avisos de evacuação israelenses.
Tanto Israel quanto o Hezbollah continuaram operando nas horas que antecederam o cessar-fogo. As FDI disseram que atingiram 20 locais em dois minutos nos subúrbios ao sul de Beirute, após emitir alertas de evacuação.
Sete edifícios alvos dos ataques eram usados pelo Hezbollah para gestão e armazenamento de fundos, disse a FDI, incluindo sedes, cofres e filiais da associação Al-Qard al-Hasan, conhecida por ser usada pelo grupo terrorista como um quase banco.
Entre os outros 13 locais estavam um centro de forças aéreas do Hezbollah, uma sala de comando da divisão de inteligência, depósitos de armas e outras infraestruturas militares, disseram as FDI.
O Hezbollah também continuou a lançar foguetes e drones contra Israel nas horas que antecederam o cessar-fogo, disparando alarmes no centro e no norte do país.
O disparo de foguetes de longo alcance por volta das 22h20 de terça-feira acionou alertas em Pardes Hanna, Hadera, Harish e várias cidades próximas, bem como comunidades próximas à fronteira com o Líbano. As FDI disseram, pouco tempo depois, que as defesas aéreas derrubaram com sucesso três mísseis. Não houve relatos de feridos.
Enquanto isso, as FDI continuaram a emitir alertas de evacuação para mais edifícios nos subúrbios ao sul de Beirute, antes dos ataques aéreos contra ativos do Hezbollah, e ataques aéreos foram relatados na capital menos de uma hora antes da trégua entrar em vigor.
Segundo a agência de notícias estatal síria SANA, jatos israelenses atingiram as passagens de fronteira de Arida e Dabousiya com o Líbano, na província de Tartus. Cerca de 18 pessoas teriam ficado feridas na passagem de Arida e um número não especificado na passagem de Dabousiya. O Crescente Vermelho Sírio relatou que um voluntário foi morto e outro ficou ferido em supostos ataques israelenses na fronteira entre Líbano e Síria.
O Crescente Vermelho disse que seus voluntários estavam “cumprindo seu dever humanitário de resgatar os feridos na manhã de quarta-feira” quando os ataques foram lançados. A organização médica disse que os ataques danificaram diversas ambulâncias e pontos de trabalho. Não houve comentários imediatos das FDI.
O Comando Central dos EUA também disse, na terça-feira à noite, que havia realizado um ataque aéreo na Síria, visando “uma instalação de armazenamento de armas de uma milícia alinhada ao Irã”. Em uma breve declaração, disse que o ataque foi uma resposta a um ataque às forças dos EUA na área no dia anterior e que seu propósito era “degradar a capacidade das forças alinhadas ao Irã, de planejar e lançar ataques futuros às forças dos EUA e da Coalizão que estão na região”.
O comandante do CENTCOM, general Michael Kurilla, alertou que os EUA “não tolerarão nenhum ataque ao nosso pessoal e aos parceiros da coalizão”. “Estamos comprometidos em tomar todas as medidas necessárias para garantir sua proteção”, acrescentou.
O impacto do ataque não ficou claro, disse o CENTCOM, mas observou que não houve relatos de vítimas civis.
O Hezbollah começou a lançar foguetes em Israel no dia seguinte ao ataque do Hamas no sul de Israel em 7 de outubro de 2023, em apoio ao grupo terrorista apoiado pelo Irã, gerando represálias israelenses e levando ao deslocamento de cerca de 60.000 moradores do norte de Israel.
Os combates se intensificaram no final de setembro, com Israel matando grande parte da liderança do Hezbollah e lançando uma incursão terrestre em 1º de outubro, na qual soldados vasculharam vilas em busca de foguetes e outras armas mantidas pelo grupo terrorista, além de atacar seus túneis terroristas e outras infraestruturas.
Fonte: Revista Bras.il a partir de The Times of Israel
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