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Déjà vu

Por Nelson Menda

A expressão francesa déjà vu, que pode ser entendida, em português, como uma situação já vivida, parece se encaixar como uma luva na atual crise entre a Rússia e a Ucrânia. Ou melhor, entre o “czar” russo Wladimir Putin que, à semelhança de Joseph Stalin, reconhecido como um autêntico representante do “lixo da história” e o jovem Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky.

Putin está tentando reavivar os piores momentos da antiga URSS, ao combater a tentativa do presidente eleito da Ucrânia de se desfazer das amarras com a incompetente e corrupta Rússia e se aproximar dos países ocidentais. Infeliz Ucrânia que, por ser, ao mesmo tempo, pobre e rica, tenta sem sucesso se livrar de um passado repleto de episódios trágicos. Pelo jeito, tanto o canastrão da versão atual, Wladimir Putin, quanto um dos poucos admiradores que conseguiu, sabe-se lá como, amealhar pelos cafundós do mundo, estão condenados a dar com os burros n’água.

Ao invés de sair invadindo um país atrás do outro, como aconteceu durante a Alemanha nazista e do acovardamento das grandes lideranças mundiais da época, parece que os mandatários atuais não caíram na esparrela do “preservar a paz a qualquer preço”. Se, por um lado, o mundo não dispõe de uma liderança lúcida e corajosa de um Winston Churchill, parece que, desta vez, decidiu fazer o dever de casa e aprendeu a lição de que não vale a pena negociar com bandidos.

Com exceção de um país fantoche, a Bielorrússia, manipulado por um tirano que aprendeu seus truques de mágica nos porões da famigerada KGB, todas as demais nações se deram conta de que não deveriam embarcar na canoa furada de uma chantagem nuclear, até mesmo porque nuvens radioativas não respeitam fronteiras. Basta que o vento, de uma hora para outra, mude de direção, para que o feitiço se volte contra o feiticeiro.

Confesso que me surpreendi com a rapidez com que os dirigentes dos países ocidentais, apesar das ameaças nada veladas, decidiram prestar solidariedade ao país agredido. Lamento pelo povo ucraniano, que já teve de suportar, no passado, fome e privações inimagináveis nas mãos de incompetentes e corruptos dirigentes stalinistas, apesar de habitar uma terra de grande fertilidade e operosidade.

Convém recordar o que aconteceu na Ucrânia no período de 1932-1933, em que o país serviu de laboratório experimental para a quadrilha de Joseph Stalin. Apesar da fertilidade do solo ucraniano, a estatização total da economia russa e dos países satélites obrigou os habitantes da Ucrânia a enfrentar uma das piores fomes da sua história. Os ucranianos foram obrigados a entregar, de mão beijada, toda a produção agrícola do país ao governo central da União Soviética. Um número incalculável de ucranianos foi exterminado, por inanição, naquele período, que ficou conhecido por Holodomor que, no idioma ucraniano, pode ser entendido como “morte pela fome”.

Com toda a certeza, os descendentes das vítimas não conseguem apagar da memória o que aconteceu com seus ancestrais, pois deve ter sido trágico constatar que seus familiares passaram fome ao mesmo tempo em que o país era considerado o maior produtor de alimentos do Império Soviético.

Os judeus ucranianos, além da fome provocada, intencionalmente, pela ditadura stalinista, ainda sofreram na carne as atrocidades cometidas pelos nazistas durante a ocupação militar do país na segunda guerra. Estima-se entre cem e cento e cinquenta mil o número de judeus ucranianos mortos durante a ocupação nazista do país. Trinta e três mil setecentos e setenta e um, para ser mais exato, em apenas dois dias, 29 e 30 de setembro de 1941, no Massacre de Babin Yar. Nessa fatídica ocasião, tanto os soldados nazistas quanto os colaboracionistas ucranianos, participaram, lado a lado, de um dos mais trágicos episódios da segunda guerra.

Nada mais natural, portanto, que o povo daquele sofrido país mereça viver em paz e tranquilidade com seus vizinhos. Todavia, Putin, colocando em prática o que aprendeu e, imagino, deve ter exercido nos porões do famigerado serviço secreto russo, decidiu colocar as manguinhas de fora e partir para a agressão. Faço votos que as ameaças e sanções dos países ocidentais surtam efeito e o energúmeno receba o merecido castigo, de preferência com o afastamento do poder, conquistado, verdade seja dita, de forma não muito republicana. E que, na derrocada, leve junto seu “muy amigo” de última hora, que não consegue enxergar um palmo adiante do nariz, ao assegurar, na sua sacrossanta ignorância, que o nazismo era de esquerda. Seria pedir muito?

Foto: (Joenomias) Menno de Jong (Pixabay)

3 thoughts on “Déjà vu

  • Angela Neves

    Também não entendi, agora, essa “amizade” entre o presidente dos USA e o Maduro. Ao meu ver, seria o mesmo que continuar comprando petróleo da Russia. Eta mundo estranho……

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    • Nelson Menda

      Que bom, Angela, se a Venezuela voltasse a fazer parte da lista de países normais. Seria pedir muito?

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  • Eroni dos Santos

    Não acho que os USA comprar o combustível da Venezuela seja um mal negocio para o governo americano, até porque esses governo de esquerda são tudo farinha do mesmo saco.
    Por traz desses negócios tem muitas coisas que nós nuca saberemos.
    Se os homem observassem os mandamentos da constituição divina “ Bíblia” não teria tanta tristeza e miséria no mundo.

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