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Denúncias de antissemitismo aumentam 961% no Brasil

A CONIB e a FISESP apresentaram dados inéditos em eventos em São Paulo e outras capitais que marcaram o Dia Internacional do Combate ao Fascismo e Antissemitismo

O aumento da violência e do discurso de ódio a partir do conflito no Oriente Médio é uma realidade preocupante, evidenciada por dados da Confederação Israelita do Brasil (CONIB) e da Federação Israelita do Estado de São Paulo (FISESP). Mesmo geograficamente distante da guerra, o Brasil tem o registro de crescimento de 961,36% de denúncias antissemitismo apenas no mês de outubro, em comparação ao mesmo mês do ano passado.

O estudo foi apresentado nesta quinta-feira, dia 9 de novembro, em eventos em São Paulo e em outras quatro capitais do país, Brasília, Porto Alegre, Recife e Salvador,  que marcam o Dia Internacional do Combate ao Fascismo e Antissemitismo. “Não podemos imaginar um cenário em que as minorias sejam discriminadas, em que o discurso de ódio se faça presente e que as manifestações violentas se expressem mais que o sentido da convergência e do entendimento”, afirmou o presidente da CONIB, Claudio Lottenberg.

Foram 467 denúncias registradas pelo Departamento de Segurança Comunitária CONIB/FISESP no mês passado, contra 44 em outubro de 2022. Crianças, jovens, homens e mulheres de todas as idades que sofreram algum tipo de violência por serem judeus. Se considerado o acumulado do ano, de janeiro a outubro, o aumento é de 133,6%.

“Por trás desses números, crianças que sofrem bullying na escola, estudantes ofendidos em universidades, professoras que receberam mensagens saudando o grupo terrorista Hamas, mães e pais de família constrangidos com palavras discriminatórias por vizinhos, e muitos, muitos, comentários antissemitas, de apologia ao nazismo e ameaças de morte pelas redes sociais”, aponta Lottenberg.

A apresentação dos dados para jornalistas e autoridades foi marcada por uma série de exemplos de ofensas e manifestações públicas do discurso de ódio contra Israel e contra os judeus. Os números refletem as denúncias que chegam aos canais da CONIB, mas acredita-se que há subnotificação.

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O vice-presidente da Confederação, Daniel Bialski, reforçou em seu discurso que a sociedade brasileira não pode tolerar este tipo de atitude preconceituosa. “Vemos novamente os judeus serem perseguidos pelo mundo apenas pelo fato de serem judeus. São cenas chocantes, como que ocorreu num aeroporto da Rússia recentemente e que lembra o terror ocorrido há 80 anos. Muitas pessoas, quero acreditar que por desconhecimento, se manifestam em redes sociais misturando as questões judaica e israelense. Não existe guerra contra o povo palestino, e sim contra os terroristas que praticaram ações cruéis e indescritíveis. No Brasil, não podemos ser tolerantes com o terrorismo”.

Suas palavras foram acompanhadas pelas do presidente da Federação Israelita do Estado de São Paulo, Marcos Knobel. “Toda minoria que for agredida, nós vamos sentir juntos. Esta é uma briga de todos nós, do bem contra o mal. Contra o terror!”, ressaltou.

  • Aumento de 961,36% das denúncias antissemitismo em out/2023 (467) em comparação a out/2022 (44)

  • Aumento de 133,6% das denúncias antissemitismo no período de jan-out/2023 (876) em comparação a jan-out /2022 (375)

  • Aumento de 24,17% das denúncias no período anterior ao conflito, de jan-set/2023 (411) em comparação a jan-set/2022 (331)

Dia Internacional contra o Fascismo e Antissemitismo

Escolhido pelo Parlamento Europeu como o Dia Internacional contra o Fascismo e Antissemitismo, o dia 9 de novembro tem um significado histórico. Nesta data, em 1938, tropas nazistas destruíram casas e estabelecimentos comerciais de judeus, incendiaram sinagogas em várias cidades alemãs e dezenas de judeus foram mortos – um número que pode chegar a mil. No dia seguinte, as ruas estavam cobertas de vidros quebrados, por isso, o episódio passou a ser conhecido como a Noite dos Cristais Quebrados.

“Esse pogrom é considerado hoje o marco inicial da perseguição aos judeus que culminou no Holocausto. Rememorar o 9 de novembro, ano a após ano, assinala o dever compartilhado de manter viva essa memória para as futuras gerações, para que nunca mais se repita”, declara Claudio.

9/11 fará parte do calendário oficial de São Paulo

O Dia Internacional contra o Fascismo e Antissemitismo, 9 de novembro, fará parte do calendário oficial da cidade de São Paulo. O prefeito Ricardo Nunes sancionou, na terça-feira, dia 7 de novembro, o projeto de lei aprovado na Câmara Municipal na semana passada.

O evento contou também com a participação da Vice-Presidente Sênior para Assuntos Internacionais da Liga Antidifamação, Marina Rosenberg, no painel sobre o avanço do antissemitismo e discurso de ódio no mundo e no Brasil.

“Os números que estamos vendo no Brasil sobre antissemitismo são bastante parecidos aos que estamos vendo em outros lugares do planeta. São aumentos no patamar de 1000% na Inglaterra e França e quase 400% nos EUA. Por isso, estamos muito preocupados com a situação de judeus e judias no mundo todo. Precisamos estar unidos para lutar contra qualquer discriminação e de ódio na sociedade civilizada. Governos e autoridades precisam tomar uma decisão muito clara neste combate”.

A Liga Antidifamação (ADL, sigla em inglês) foi fundada em 1913 e fez história na luta contra o ódio, o preconceito e o racismo nos Estados Unidos. Hoje, a ADL ampliou suas ações e luta contra todas as formas de antissemitismo e preconceitos, por meio de inovação e de parcerias. É líder mundial na luta contra o antissemitismo, o extremismo e a intolerância e trabalha para proteger a democracia e garantir uma sociedade justa e inclusiva para todos.

Fonte: CONIB  e ANK Reputation
Foto: CONIB

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