InternacionalNotícias

Documento revela plano para Blair administrar Gaza

Um documento de 21 páginas vazado recentemente revela um plano detalhado para estabelecer uma autoridade internacional de transição para administrar a Faixa de Gaza após a guerra, liderada pelo ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair.

O plano, formulado por uma equipe associada ao gabinete de Blair e a círculos americanos e israelenses próximos ao governo Trump, propõe uma estrutura governamental internacional que operaria em Gaza por 3 a 5 anos, até que o controle fosse transferido para uma autoridade palestina “reformada”.

O documento, intitulado “Autoridade Internacional de Transição de Gaza” (GITA), detalha a estrutura governamental proposta, identifica as principais figuras que devem preencher cargos de alto escalão e descreve o plano econômico e de segurança que o acompanha.

No cerne do plano está a criação de um conselho diretor internacional composto por 7 a 10 membros, incluindo empresários, diplomatas e economistas. Tony Blair chefiaria o conselho como coordenador geral ou presidente executivo, e seria responsável por tomar todas as decisões centrais relativas a política, segurança e economia na Faixa de Gaza.

A sede temporária da autoridade deverá ser em al-Arish, no Egito, ou Doha, na Catar. Blair, de 72 anos, que foi enviado do Quarteto para o Oriente Médio, entre 2007 e 2015, emergiu como um ator ativo nos bastidores nos últimos meses. Ele se reuniu com líderes árabes, participou da importante reunião na Casa Branca sobre o futuro de Gaza e até se encontrou com o presidente Donald Trump e seus principais assessores, incluindo Jared Kushner, em agosto passado, para discutir possibilidades de reabilitação de Gaza.

O documento detalha os nomes das figuras de alto escalão designadas para ocupar cargos-chave na autoridade. Ao lado de Blair, Sigrid Kaag (ex-vice-primeira-ministra da Holanda) atuaria como vice-presidente para assuntos humanitários, Marc Rowan, dos EUA, como presidente do fundo de reabilitação, Naguib Sawiris, do Egito, seria responsável pelos investimentos regionais, e Aryeh Lightstone, com dupla cidadania israelense-americana, como representante dos Acordos de Abraão.

LEIA TAMBÉM

Além disso, o plano menciona um representante palestino cujo nome não é divulgado “por razões simbólicas”, mas enfatiza que ele não teria poderes executivos reais. Essa estrutura reflete a abordagem segundo a qual a gestão efetiva ficaria nas mãos de agentes internacionais, enquanto a representação palestina permaneceria, muitas vezes apenas em caráter simbólico.

Abaixo do conselho internacional, operaria uma camada de gestores palestinos “neutros”, escolhidos entre figuras profissionais e apartidárias. Estes seriam responsáveis ​​pela gestão dos setores públicos – saúde, educação, prefeituras e serviços adicionais -, mas trabalhariam sob a supervisão direta do conselho internacional e estariam sujeitos à auditoria contínua de um comitê internacional. Simultaneamente, seria estabelecido um conselho consultivo local, composto por palestinos de Gaza e da Samaria e Judeia, mas seu papel seria apenas consultivo, sem qualquer autoridade executiva real.

A dimensão econômica do plano baseia-se na criação de um fundo internacional denominado “Fundo de Reabilitação e Investimento de Gaza”, que seria gerido pelos empresários detalhados no documento. Espera-se que o fundo seja financiado por doações de países do Golfo, principalmente Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos, investimentos ocidentais e empréstimos com garantia internacional. O modelo operacional seria voltado para o lucro empresarial – as empresas investiriam em projetos de reabilitação e infraestrutura e participariam dos lucros gerados.

No âmbito da segurança, o plano prevê a criação de uma força de segurança multinacional sob os auspícios da ONU ou de uma coalizão liderada pelos EUA, com proibição absoluta de qualquer facção armada palestina em Gaza durante o período de transição. As forças de segurança palestinas seriam reorganizadas sob supervisão internacional, e a autoridade de transição teria plenos poderes para nomear juízes, ministros e chefes de órgãos de segurança. O documento enfatiza que a autoridade exerceria todos os poderes – executivo, legislativo e judiciário – e que nenhum órgão palestino poderia revogar suas decisões.

O cronograma proposto inclui uma fase de preparação de três meses, durante a qual a autoridade seria estabelecida e seus membros selecionados, seguida de uma fase inicial de implantação de seis meses, durante a qual a gestão propriamente dita teria início. A fase de reabilitação, com duração prevista de dois a três anos, se concentraria em grandes projetos de infraestrutura. Após aproximadamente cinco anos, prevê-se uma transferência gradual da governança para uma Autoridade Palestina “reformada”, um termo cujo significado exato ainda não está claro.

Fonte: Revista Bras.il a partir de Israel Hayom
Fotos: Pavel Golovkin (European Union) e Wikimedia Commons 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *