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Não esquecemos nem perdoamos

Por José Antonio Mariano

Um dos mais tristes símbolos do massacre vivido pelos israelenses no dia 7 de outubro, o maior morticínio a atingir a comunidade judaica desde o Holocausto, foi a exibição do cadáver da alemã-israelense Shani Louk pelas ruas de Gaza.

Àquela altura, ela já havia sido violentada e assassinada. Seu corpo, já aviltado – ensanguentado, ferido, com as pernas em uma posição grotesca, indicando que haviam sido quebradas – foi ainda mais vilipendiado pelos exultantes moradores de Gaza que, à passagem da camionete onde era exibida, se esmeraram em cuspir no cadáver, demonstrando todo o seu júbilo e apoio a um dos mais atrozes acontecimentos do século XXI, aos brados de “Allahu Akbar”.

Há duas semanas, forças e voluntários das FDI recuperaram parte de seu crânio, o que levou a evidente constatação de que Louk havia sido decapitada. Após a descoberta, um consternado Isaac Herzog, presidente israelense, assim se pronunciou: “Isto significa que estes animais bárbaros e sádicos simplesmente lhe cortaram a cabeça enquanto atacavam, torturavam e matavam israelenses; é uma grande tragédia e apresento as minhas mais profundas condolências à sua família”. Pêsames oficiais, entretanto, ainda não puderam ser apresentados às famílias de 40 assassinados cujos corpos, de tão desfigurados por disparos, incendiamentos e outros ultrajes, ainda não foram identificados.

Na imagem horrível que correu o mundo, pode se ver quatro terroristas, três plenamente identificáveis, um com rosto de perfil. Ao que parece, o terrorista que está em pé, apontando para o corpo de Louk, foi morto. Não há detalhes sobre como se deu o fato, mas é provável que tal como Osama Bin Laden, que teve como última visão, a mira laser de um fuzil M4 dos Seals, o terrorista tenha vislumbrado a morte ao divisar a bandeira azul e branca no ombro do guerreiro israelense. Quem sabe, em seus últimos suspiros, tenha amaldiçoado o dia em que resolveu ser assassino de judeus e se borrado de medo ao perceber que o longo, justo e letal braço de Jeová o alcançara.

Identificação

É só o início. Depois do assassinato dos atletas israelenses em Munique, em 1972, pelo grupo “Setembro Negro”, os israelenses dispararam a “Wrath of God” (WoG), operação que matou quase 40 membros da organização, incluindo Ali Hassan Salameh, o mentor do massacre, explodido em sua perua Chevrolet, em Beirute, em janeiro de 1979 e um ataque de commandos ao QG da OLP/FPLP em Beirute e Sidon que matou perto de 50 terroristas. Agora, uma operação semelhante, que nos bastidores do Mossad vem sendo chamada de “Wrath of God II”, foi iniciada. Utilizando cada imagem captada pelas câmeras dos kibutzim, das casas, dos próprios terroristas, os rostos dos assassinos estão sendo identificados.

Amir Bohbot, correspondente militar do Jerusalem Post, afirma que o Shin Bet, o serviço de segurança interna de Israel, criou uma nova unidade chamada “Nili”, um acrônimo em hebraico para “A eternidade de Israel não é uma alegoria”. Caberá a esta unidade, rastrear, localizar e eliminar todos os indivíduos que desempenharam um papel no massacre nos assentamentos ocidentais de Negev, sobretudo os membros da Nukhba (“Elite”), comandos navais das forças especiais das Brigadas Izz ad-Din al-Qassam, o braço militar do Hamas. Tanto o Shin Bet como o Mossad possuem registros de vários terroristas deste agrupamento e é de se esperar que eles ainda estejam operando em Gaza.

Assim, cada face, mesmo fragmento, vem sendo confrontado com registros dos bancos de dados e diante da confirmação da participação do terrorista, sua sorte estará selada. Se ele der sorte, morrerá nos escombros de Gaza. Se conseguir escapar, um comando do Kidon, executores do Mossad, o rastrearão e darão a ele o que ele não deu às suas vítimas: uma morte rápida. Tanto quanto a WoG I, a II levará o tempo que for preciso e, na verdade, pode durar enquanto qualquer um que tiver participado do 7/10 estiver vivo. Quando da WoG I, horas antes de cada terrorista ser assassinado, sua família recebia flores com um cartão de condolências que dizia: “Um lembrete de que não esquecemos… e nem perdoamos”.

José Antonio Mariano é psicanalista em São Caetano do Sul, SP; jornalista especializado em história militar e defesa, autor dos livros “Enquanto formos vivos, a Polônia não perecerá: A Polônia nos campos de batalha da II Guerra Mundial” e “A segunda queda, o fim do império colonial francês na Indochina e o começo da era americana no Vietnã”.

Foto: FDI (Captura de tela X)

One thought on “Não esquecemos nem perdoamos

  • Max Mathias

    O Guarda de Israel, o Eterno, nunca dorme.

    Resposta

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