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A aliá e a persistência

Por Mary Kirschbaum

Bem amigos, sinceramente não é fácil, nada fácil.

Vou completar cinco anos de aliá daqui um mês, e não sobraram “todos” que vieram comigo. “Alguns” não persistiram, ou não resistiram.

RESISTÊNCIA, esta é a palavra.

Eu escrevi num post de um grupo de Facebook, e não sei quantas pessoas me entenderam, mas digo e repito: “A aliá não é para os fracos!!”

Aqui, tudo, absolutamente tudo, é difícil para o brasileiro:

Existem trabalhos. E eu já havia dito num post anterior que ninguém que deseja realmente trabalhar aqui, fica sem emprego. Mas trabalhar com o israelense não é nada fácil. O israelense, normalmente, é autoritário, sem paciência, enxerido, e não te deixa livre ou tranquilo para você fazer as coisas, do jeito que acha que sabe fazer. O seu “menahel” (gerente) ou os próprios colegas de trabalho, normalmente, não te deixarão muito em paz. Você vai se sentir exigido o tempo todo.

Bom, aí, você não vai entender se não entendeu o hebraico, ou o serviço a ser feito… e vai voltar pra casa muito bravo e frustrado, querendo trocar de emprego, e muito “magoado” com tudo que te aconteceu, nas 9 horas que você “camelou” lá dentro e tentou fazer o melhor que pôde.

Você vai sair deste trabalho e achará outro em dois dias e, depois, perceberá que foi e está sendo tudo igual.

O israelense, normalmente não tem muito tato pra falar com os outros, e principalmente se ele tiver no trabalho. E principalmente também, se for um olê chadash que não fala direito o hebraico.

Você quer treinar seu hebraico, mas ele não terá a menor paciência, e ele tenderá a parecer um “buldogue”, falando com você, porque eles normalmente ficam muito nervosos no trabalho. Se seu colega de serviço ou “menahel” souber um pouco de inglês, ele não deixará você treinar seu hebraico, porque ele não terá paciência para isto.

Bem, e o Bituach Leumi?

Tente entender ou precisar deste órgão de seguro nacional, que precisamos toda hora.

Do nosso salário, sempre é descontado uma porcentagem para este órgão, que será responsável pela sua aposentadoria depois, uma espécie de FGTS. Se você fica desempregado, precisa correr para ver como pagar o Bituach Leumi. Se você é uma mãe solteira, vai receber ajuda do Bituach Leumi, se você tem alguma deficiência, também. Mas não é nada fácil entender este órgão, que você não consegue ligar para eles, não consegue entrar direito na “aplicátzia” (aplicativo), etc, etc, é um saco.

Agora, tente entender a “Pênsia”. Um fundo de pensão que também vai contribuir para a sua aposentadoria, e que todo trabalhador precisa receber, metade dela paga pelo seu empregador e a outra metade nós mesmos que pagamos. Mas alguns empregadores tentam burlar este pagamento, ou porque ele não está a fim de pagar, ou porque nem ele mesmo, israelense, entende como fazer.

Bizarro!

E vamos para a sexta feira (yom shishi). Todo mundo quer sair para um “café”, ou um restaurante legal para um belo brunch, já que, para muitos é um dia de folga, junto à família…

Mas, todos os “cafés” estarão lotados e os funcionários vão estar estressados e com pressa, para ir para casa, pois é o início do Shabat e 14:30, no mais tardar fecha tudo…

Uma loucura, né!

E se você for ao shopping de sexta feira, não fique muito empolgado pois, às 14:30, as portas estarão fechando e todo mundo correndo para voltar para casa.

As contas chegam, tudo em hebraico… não entendemos metade delas… mas tente não pagá-las, porque você e um olê chadash e não entendeu o que era. Elas vêm o dobro ou o triplo depois! Principalmente as multas, que levamos a “rodo”!

Aqui tudo é motivo de multa. As de trânsito, lugares proibidos para estacionar, cocô de cachorro que você não cata (1000 shekels), falta de coleira no cachorro, etc etc.

Aliás, falando em trânsito, todo mundo buzina o tempo todo!! eles não tem nenhuma “savlanut”, ou paciência, para esperar um segundo depois do farol abrir…

Cansei, gente! Posso ficar aqui falando mais um milhão de horas, porque a aliá é tão difícil para nós brasileiros.

Então, porque eu fiquei? E vou completar cinco anos aqui!

Porque sou persistente, e sionista, e acredito neste pequeno país, de religião judaica, que comemora as festas que eu comemoro desde criancinha, quando morava na diáspora. Porque acho que, apesar de tudo, é um país sério e as coisas acontecem e dão certo aqui.

Apesar de ter gente com baixa renda, não vemos miseráveis aqui.

Sinto este país como uma grande “mishpachá”, (“A grande Família”). Minha grande família!

Então por aqui vou ficando, neste texto, e neste paisinho que tanto adoro!

Um beijo

7 thoughts on “A aliá e a persistência

  • Natan Galkowicznatangal

    voce esqueceu de dizer que logo mais Israel vai virar uma ditadura no duro . Eu cheguei a viver a “nossa” ditadura no Brasil e vim prá Israel , como uma das razões principais ….

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    • José Cosme Batista da Silva

      É muita ignorância dos Árabes no mundo, qualquer evento, por simples que seja, excluí os Judeus de participarem, que ódio cruel, que Deus tenha misericórdia deste povo!

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  • Victor Lucats

    Excelente artigo. Valeu p/desabafo . Shalom !

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  • Raia Tochner

    Excelente! concordo com absolutamente tudo que vc escreveu.

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  • Joseph El-Mann

    sou fã de sua coluna e entendi a dificuldade dos olim hadashim em Israel. Nunca é fácil a vida de imigrantes, agora somente o abençoado Israel recebe o imigrante de braços abertos, lhe ensina o idioma, lhe oferece cidadania, ajuda de custo para se alimentar e moradia provisória até arrumar emprego etc. por 6 meses. Doce e bendito país da terra santa. Te amamos demais, AM YISRAEL HAI.

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  • Tomas

    Ola Mari!

    Sou Israelnse 100% (morei no pasado no Brasil), cada lugar tem suas vantagens e desvantagens.

    Só não concordei com uma coisa que você escreveu, seu chefe não precisa ser seu professor de Hebraico, o mais facil para que voce e ele vao se entender é em ingles… caso voce quiser falar em Hebraico, não treina no seu trabalho… ou pode… mas com os amigos e nao com seu chefe…

    mas concordo plenamente que aqui é muito estressante e a situação agora nem ajuda…

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  • daniel

    me desculpe , eu vivo em israel desde 18 anos, hoje tenho 48 anos, fiz exercito, duas faculdades, tenho meu apartamento, trabalho, alto nivel de saude, adoro o pais, o clima, as comidas. claro que israel e um pais diferente do brasil e de muitos outros, e um pais de um povo e nao de simples cidadaos . e como judeu ( nao sou religioso) viver em israel e o melhor lugar do mundo!!! mesmo nao sendo um lugar perfeito. agora, se esse pais nao foi bom para voce, ou voce nao ter as qualidades ou personalidade para se adaptar a outro pais …nao culpe o pais. essa tua generalizacao ou impressao nao e nada objetivo. acho ate uma vergonha voce como psicologa nao?, uma profissional que deveria ter a cabeca um pouco mais aberta para entender e analisar nao consegue ser matura e humilde para descrever uma experiencia de vida curta em outro pais. existem pessoas “kri kris” que so sabem reclamar e culpar os outros ao inves de se perguntar …talvez eu seria o problema ou da educacao que recebi na infancia?….va para o brasil e viva em um condominio trancado com medo de sair…muito melhor para voce

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