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A guerra em Israel

Por David S. Moran

Após o primeiro impacto do ataque surpresa que a organização terrorista Hamas lançou sobre Israel, as Forças Armadas de Israel (FDI) estão se organizando.

A cada dia que passa desde o sábado (7), infelizmente, sobe o número dos assassinados e dos feridos pelo Hamas. Até hoje foram identificados mais de 1.300 mortos (equivalente a 45.000 americanos ou 30.000 brasileiros, proporcionalmente a população), 3.300 feridos e um número desconhecido e avaliado em 150 sequestrados.

A única coisa constante é que ninguém do governo se manifesta para esclarecer o que aconteceu, porque e principalmente, porque ainda não foi constituído um governo de União, para que seja um governo representativo do povo. Logo depois da enorme tragédia, o líder da oposição, Yair Lapid, falou que é necessário formar governo de união, sem os extremistas que nada sabem da área militar referindo-se aos ministros Ben-Gvir e Smotrich. O líder do Partido Hamachané Hamamlachti, Benny Gantz também foi convidado.

Levou ao premier Netanyahu, cinco dias para concordar em formar com Gantz governo de União. Este concordou em entrar sem restrições. Foi uma perda de tempo pois ao lado de Gantz está Gadi Eizenkot, os dois foram chefes do Estado Maior das Forças Armadas de Israel e tem um pouco mais de experiência do que Ben-Gvir, que não serviu e Smotrich, que se esquivou do exército.

A tragédia do ataque surpresa de sábado atingiu toda a sociedade israelense. De repente, a divisão entre os que apoiam o governo e os contrários a ele, foram apagados e foi uma demonstração de união, de solidariedade. Reservistas que foram chamados ao exército se apresentaram em cheio. Mesmo muitos que não foram chamados se apresentaram e as autoridades disseram que o recrutamento foi de 150%.

Em todas as cidades e comunidades gente de bem se organizou e começaram a coletar mantimentos, roupas e brinquedos e todo o necessário aos residentes que foram evacuados da fronteira, bem como aos soldados. Do mundo todo vieram notas de solidariedade com Israel e de condenação ao Hamas, de governantes de países europeus, norte e sul-americanos, Oceania e da Ásia. Entre elas a do Presidente Lula.

O presidente Lula condenou o ataque da organização terrorista Hamas contra Israel. Disse: “Fiquei chocado com os ataques terroristas realizados hoje (sábado) contra civis em Israel. Expresso minhas condolências aos familiares das vítimas. Conclamo retornar a negociações que conduzam a uma solução do conflito, que garanta a existência de um Estado Palestino com economia viável, convivendo pacificamente com Israel, dentro de fronteiras seguras para ambos os lados”. O senhor presidente só se esquece de uma coisa. O Hamas, bem como sua tuteladora, o Irã, dizem abertamente (não escondendo) que seu objetivo é eliminar o Estado de Israel do mapa mundial. E aí como ficamos?

A mais emocionante, foi do Presidente norte americano, Joe Biden. Na terça-feira (10) ele apareceu na TV e disse que os EUA estão com Israel que receberá tudo que necessitar para vencer esta guerra. Biden avisou: “a cada organização ou país que quiser tirar vantagem da situação de Israel, não o faça”. Ele até apagou uma lágrima ao dizer que “o Hamas violou todos os códigos de humanismo. Assassinou e degolou bebês, sobreviventes do Holocausto, famílias inteiras… o Hamas não apoia os direitos de autodeterminação dos palestinos, está interessada em assassinar judeus e se esconde usando mulheres e crianças como escudo humano. Israel não tem só o direito em se defender, tem todo o direito de reagir a estes ataques”.

O Tsahal (FDI) bombardeou desde o Domingo (8) centenas de objetivos militares na Faixa de Gaza. Isto depois de avisar a população civil para se retirar. O Ministro da Defesa americano ordenou a frota do porta aviões Gerald Ford partir para o Mediterrâneo e uma segunda frota de porta aviões está pronta para zarpar para a mesma região. Isto num claro ato de solidariedade e também de aviso ao Irã e suas proxies de não entrar na guerra.

Mais de 5.000 misseis e foguetes foram lançados contra cidades e comunidades israelenses, obrigando a população a buscar abrigo, quando as sirenes tocam em sua região. Há uma unanimidade de que o conceito de que a organização terrorista Hamas, que é igual a Daesh (Estado Islâmico), não se interessa com o seu povo e seu bem-estar. Todas as aberturas que Israel lhe deu, como a entrada diária de 18 mil trabalhadores em Israel para ganhar muito mais do que na Faixa de Gaza e de permitir que o Catar transfira milhões de dólares mensais. Adicionando a isto que Israel passa à Faixa de Gaza água potável, combustível, eletricidade e a ajuda a exportar seus produtos passando por Israel e não pelo “país irmão” com quem tem fronteira, o Egito. Esta unanimidade também exige do governo que Israel acabe de vez com a organização terrorista Hamas-Daesh. Esta tarefa não é fácil. Por outro lado, deixar a ala política e militar do Hamas-Daesh, sem eliminá-la é deixar como está até a próxima batalha. O governo pensou que com todos os benefícios que dá ao Hamas e à população de Gaza, esta organização terrorista estaria dissuadida. O Prof. Uzi Rabi, especialista no Oriente Médio da Universidade de Tel Aviv diz: “Achar que o Hamas está dissuadido diz quem não conhece a cultura, mentalidade e fanatismo desta organização”.

Diante desta catástrofe, muitos países, inclusive socialistas como o governo da Suécia decidiram congelar verbas que mandariam aos palestinos. Pela situação local, a maioria das companhias internacionais pararam seus voos a Israel. O governo brasileiro colocou à disposição quatro aviões para retirar turistas brasileiros que queriam deixa a Terra Santa.

Um dos absurdos é que Israel ainda não fechou os escritórios da Al Jazeera, emissora de Catar, com quem não tem relações e é conhecida pelo seu extremismo anti-judaico e anti-Israel. Esta emissora incentiva os árabes israelenses e os árabes da Cisjordânia, bem como a organização terrorista irmã, a Hizballa do Líbano e da Síria, a entrar na luta. A Hizballa está testando a paciência de Israel e lança de vez em quando morteiros, ou envia terroristas para ver a reação das FDI. Isto acaba com retaliação israelense. Ao mesmo tempo, há concentração de tropas nesta fronteira também.

A população está relativamente tranquila, mas se abastecendo, para que nada lhe falte se a guerra se expandir. No dia seguinte, tudo foi reposto.

Na quarta-feira (11) o presidente Biden falou com Netanyahu e reiterou sua solidariedade com o Estado de Israel. Enviou o Secretário de Estado, Antony Blinken a Israel onde conferenciou na quinta-feira.

Na quarta-feira (11), Israel permitiu que a mídia visitasse alguns kibutzim que foram atacados pelo Hamas. Os repórteres ficaram estarrecidos. Viram o mal encarnado. Viram casas onde viviam famílias que foram queimadas por não conseguir abrir as portas. Foi um massacre de civis. Fora os tiros que deram para todos os lados, para matar quem estava correndo, ou escondendo-se. Saquearam tudo que estava a sua frente. Concentraram 40 bebes e crianças e os fuzilaram. Decapitaram alguns deles. Os repórteres não se contiveram, muitos choraram ao ver estas atrocidades inumanas. Também sequestraram mulheres, crianças e homens e os levaram para dentro da Faixa de Gaza. Algumas mulheres e jovens foram estupradas.

O mundo ficou horrorizado quando Daesh (a organização terrorista Estado Islâmico) invadiu vários países árabes e fez matanças e outros horrores até serem combatidos e quase aniquilados. O Hamas é como já dito, irmã e agora demonstrou que não cai nos horrores que sabe promover. No Kibutz Beeri, um próspero kibutz de 1000 membros, que foi tomado de surpresa e os terroristas do Hamas assassinaram 120 indivíduos, entre eles famílias inteiras. Entre elas, a Família Kedem Siman Tov, do pai Yonathan, a mãe Tamara (36), as gêmeas Shachar e Arbel de 6 anos e Omer de 4, do Kibutz Nir Oz. Eles se refugiaram no abrigo e os terroristas atearam fogo na casa matando-os sufocados.

Agora também aparecem histórias de valentia como da Inbal Liberman (26) responsável pela segurança do Kibutz Nir Am a 1 km da fronteira. Ao ouvir do ataque, ela não esperou por instruções. Tomou a iniciativa convocou o grupo interno de segurança, membros do próprio kibutz e os colocou nas grades para emboscar os invasores. Graças a sua ação mataram 25 terroristas e se salvaram.

Na noite adentro do dia do ataque, perto do Kibutz Reim, milhares de jovens festejaram no festival Rave, orquestrado pelos DJs brasileiros Alok (32) e seu pai, Juarez Petrillo, mais conhecido por DJ Swarup. Os jovens só queriam se divertir ouvindo música eletrônica. Às 6:30h de sábado viram caminhonetes com metralhadoras avançando e metralhando todos pela frente. Assassinaram 260 jovens israelenses e de outros países. Outros conseguiram se esconder nos vales, ou escondidos nos galhos das laranjeiras.

O ex embaixador de Israel no Brasil, Yossi Shely, que é Chefe de Gabinete do Netanyahu, teve a infelicidade de aparecer na TV e dizer a asneira de que a festa rave “contribuiu ao caos”. Depois das críticas, ele se desculpou.

O trauma é total. Há muitas perguntas, que o governo e o exército vão ter que responder. Por enquanto todos estão unidos e atentos ao que há de vir. Israel está preparando-se para uma operação que acabe com o Hamas. Isto deverá ter um alto custo, mas a exigência é de que não podemos ter mais surpresas como esta e nem sentir ameaça constante.

Agora à noite, o primeiro ministro Netanyahu falou na Knesset, em transmissão direta por todas as emissoras de TV. Disse que visitou uma unidade e todos estão prontos para lutar. Não tomou nenhuma responsabilidade pela falha e despreparo. O general (Res.) Noam Tibon qualificou sua fala de “zero liderança”, enquanto que o Comandante das Forças Armadas, Tenente-General Herzi Halevi, assumiu a tarde sua culpa, como responsável pelo exército, pela trágica falha que permitiu a invasão do Hamas para o sul de Israel.

Foto: GPO

One thought on “A guerra em Israel

  • Roberto Blatt

    excelente, mais uma vez. E vou adotar o Hamas-Daesh, brilhante

    Resposta

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