Israel ataca no Iêmen, Netanyahu nos EUA
Por David S. Moran
Semana repleta de ações históricas. Começou com os rebeldes Houthis do Iêmen, súditos do Irã, conseguindo enviar um drone, na sexta-feira (19/07) que voou mais de 15 horas sobre o espaço aéreo do Sudão e do Egito alcançando o Mar Mediterrâneo para penetrar do mar e explodir em Tel Aviv. Os houthis já haviam enviado 220 misseis e drones em direção a Eilat, no sul do país. A maioria dos projéteis foi derrubada por forças americanas e inglesas acantonadas no Golfo Pérsico. Os que passaram esta barreira, foram derrubados pelas forças de Defesa de Israel (FDI).
A penetração do drone iemenita, aconteceu por falha humana e não devia ocorrer, pois o drone foi detectado muito tempo antes. Alguém pensou que fosse um drone amigo. A consequência foi que uma pessoa morreu e oito ficaram levemente feridas.
Israel está combatendo ao mesmo tempo em sete frentes (Gaza, Samaria e Judeia, Líbano, Síria, Iraque, Irã e Iêmen) e o último país era o único que não tinha sofrido retaliação. O ataque surpresa não podia passar sem retaliação. Preparativos para longa e dura distância podem levar semanas e meses, mas os planos já estavam preparados.
A distância de cerca de 2.000 km (50% a mais do que o Irã) requer sincronização com elementos ocidentais e árabes, logísticas de reabastecimento, Inteligência, Divisão de Operações, resgate (se for preciso), comunicação.
Ao entardecer de sábado (20/07), 22 caças israelenses acompanhados de aviões de reabastecimento e de aviões da Inteligência fizeram um longo voo, no qual havia muitos reabastecimentos em pleno ar e depois de cerca de três horas de voo atacaram o porto, as refinarias, a infraestrutura elétrica e bases militares em Hudeida. Os iemenitas não entenderam de onde tudo isto veio sobre eles. No dia seguinte, tentaram uma retaliação, com drone em direção a Eilat, que foi abatido muito antes de alcançar o espaço aéreo israelense.
Quem mostrou satisfação com o ataque israelense foram a Arábia Saudita e os Emirados Árabe Unidos que já sofreram ataques dos houthis.
Israel diariamente está sendo atacado pela organização terrorista Hizballah, que se apoderou do Líbano. Ali, Israel só reage. Quarenta e três povoados ao longo da fronteira foram evacuados, inclusive a cidade de Kiriat Shmona. Cerca de 70.000 pessoas saíram de suas casas e não sabem quando retornarão. O Instituto de Pesquisas Alma, contabilizou que desde 8 de outubro até 21 de julho foram lançados do Líbano 364 drones, 874 misseis antitanque, 1.052 foguetes e 30 misseis antiaéreos. O norte de Israel está queimando, destruição por toda parte e ataques diários. Que país no mundo aguentaria tudo isto? E o mundo cinicamente condena Israel.
No meio de tudo isto e enfrentado protestos populares nas cidades israelenses, o primeiro-ministro Benjamin (Bibi) Netanyahu decide viajar aos EUA, falar no Congresso americano. Isto, mesmo depois do hurricane político com o anúncio (21/07) do presidente Joe Biden de que não concorrerá pela reeleição. Os americanos estão agora concentrados na sua política interna e nas eleições de novembro.
Netanyahu estava decidido a viajar pela primeira vez no avião especial “Asa de Sion” e levou 11 malas a bordo com (evidentemente) sua esposa Sara e foram (21/07) a Washington. Estava programado que na terça-feira (23/07) se encontraria com Biden, o que foi adiado para quinta (25/07). O encontro com o candidato republicano e seu preferido, Trump, ficou marcado para quarta-feira, adiado para quinta-feira (25/07) e como disse o próprio Trump, a pedido do Bibi transferimos para sexta feira no Mar a Lago, Florida. Assim não dá tempo para retornar a Israel antes do Shabat, o que obriga o casal a permanecer na Florida e comemorar o aniversário do filho, Yair, auto exilado na confortável Miami. Aliás, ele está em idade que poderia servir nas FDI como reservista. E ganha tempo, pois a Knesset sai no domingo (28/07) para férias de verão, até 27 de outubro.
Netanyahu no Congresso americano
O premier fez um discurso (24/07) no seu primoroso inglês. Ninguém tira do Netanyahu o poder da oratória. Ele falou aos senadores e congressistas com patos, unindo os interesses dos EUA com os de Israel e vice-versa. Apresentou uma refém que foi libertada, quatro soldados heróis, falou que vitória de Israel é vitória dos EUA, do Bem contra o Mal. Foi aplaudido muitas vezes, mas não falou de um acordo para libertar os reféns que hoje, já estão completando 294 dias no cativeiro.
Também não foi divulgado à mídia que os corpos de cinco sequestrados israelenses foram resgatados pelas FDI em Khan Younes. Para que nada atrapalhe o discurso do Netanyahu. Elogiou o Biden, mas mostrou sua preferência dando mais espaço aos elogios “ao presidente Trump, que reconheceu Jerusalém, capital de Israel”. Não mencionou Kamala Harris, que tem chance de se tornar Presidente. Estiveram ausentes no Congresso, o vice do Trump, JD Vance, a vice do Biden e candidata à presidência Kamala Harris, a líder democrata e amante de Israel, Nancy Pelosi e vários congressistas do Partido Democrata.
Um político que foi casheirizado por Netanyahu, o radical Itamar Ben-Gvir, transformado no ministro da Segurança Nacional, aproveitou a ausência do Netanyahu para declarar: “Eu sou o poder político, e eu permito que judeus subam ao Monte do Templo para rezar”. O monte, onde atualmente se encontra a Mesquita de Al Aksa é o lugar mais explosivo. Aliás, grandes rabinos proibiram judeus de rezar ali. O ministro da Defesa, Yoav Gallant chamou Ben-Gvir de piromaníaco que quer incendiar o Oriente Médio. Netanyahu, de Washington, mandou a mensagem “o status-quo sobre o Monte do Templo não mudou e nem mudará”.
Enquanto isto, na China, 14 organizações palestinas assinaram acordo. A Conferência de Pequim realizou-se entre 21 e 23 de julho, intermediada pelo Ministro das Relações Exteriores chinês. Foi decidido fundar um Estado Palestino cuja capital é Jerusalém (os palestinos podem determinar sua capital em Jerusalém e Israel não?). Continuarão a luta contra a ocupação israelenses. A Fatah e a enfraquecida organização terrorista Hamas assinaram acordo para formar um governo unido sobre o território da Autoridade Palestina, a Faixa de Gaza e Jerusalém. Não haverá eleição ao parlamento palestino, em Ramallah (aos amantes do regime democrático, a última vez que houve eleições para os palestinos foi em 2005, há 19 anos). O líder palestino, o velho Mahmoud Abbas, de 86 anos, tem a autoridade de formar um governo.
Indo pelos ventos que sopram pelo mundo, a Federação Palestina de Futebol, liderada por Jibril Rajoub, que há anos era parceiro de Israel, apresentou à FIFA moção para expulsar Israel pelas violações dos direitos humanos de palestinos. A ousadia de tal pedido grita aos céus. Em equipes israelenses e até na seleção nacional há jogadores árabe-israelenses. Mas, nos dias de hoje tudo é possível. A Bélgica que é pró-Palestina recusa-se a hospedar seu jogo contra a seleção de futebol israelense, alegando motivos de segurança, obrigando a seleção a jogar na Hungria. Isto sem mencionar as inúmeras ameaças e as medidas de segurança que agentes israelenses e franceses tem que tomar para proteger os 88 atletas israelenses que competem nas Olimpíadas.