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Acordo histórico entre Israel e o Líbano

Por David S. Moran

Depois de 10 anos de contatos e negociações sobre a fronteira marítima entre Israel e o Líbano, finalmente foi assinado um acordo. O governo libanês aprovou o acordo na semana passada e na quinta-feira (27) foi assinado pelo presidente libanês, Michel Aoun. Este deixa o posto no dia 31 de outubro e isto apressou a assinatura. No mesmo dia, o governo israelense também aprovou o acordo, que foi assinado pelo primeiro ministro, Yair Lapid.

O absurdo é que o Líbano – que assina o acordo com o Estado de Israel, mencionado 25 vezes – declarou que não reconhece a existência do Estado de Israel (assinou com o espirito de Israel?). Neste mundo do absurdo do Oriente Médio, a assinatura não será numa sala festiva, como seria esperado. As duas delegações não estarão numa sala. O representante libanês entrega o acordo ao mediador americano, Amos Hochstein. O documento israelense assinado é levado pelo diretor geral do Ministério das Energias, encabeçando uma delegação, num helicóptero até Rosh Hanikrá. Do outro lado é a aldeia libanesa de Nakoura, onde há um quartel general da UNIFIL. Esta que observa as violações na fronteira israelo-libanesa. Um só fotografo, da UNIFIL, vai registrar o evento histórico. Ele pulará de uma sala a outra, junto com Amos Hochstein, que depois de obter os devidos documentos, os levará a sede das Nações Unidas, em Nova York, onde serão guardados. Foto conjunta das duas delegações? Nem se fala. Aperto de mãos? “Deus me livre”. (Que pena).

O Líbano ainda não achou gás no campo marítimo de Kana, mas há perspectiva. Isto poderia salvar a antigamente chamada “Suíça do Oriente Médio” da falência, que a Hizballah trouxe ao país.

Enquanto isto, a companhia inglesa, Energean, que fez testes no campo de Karish (que não estava em disputa, a fronteira é a da linha 23) na última quarta-feira (26) e tudo correu bem. A produção deste campo será de 8 BCP anual. Israel exportará gás para a Europa através do Egito e da Jordânia, que já compram gás de Israel. Estas atividades que ligam ainda mais o Estado de Israel a países árabes que o combatiam até há alguns anos. Israel já produz gás dos seus campos marítimos de Leviatã, Tanin e Tamar.

Os benefícios do acordo

Um país (o Líbano) que considera o outro (Israel) inimigo, assina um acordo com ele. O benefício para o Líbano é econômico e pode trazer de volta prosperidade, se a Hizballah não o envolver em combates e guerras. Na quinta (27), o líder dessa organização terrorista, Hassan Nasrallah, do fundo do seu abrigo subterrâneo, no bairro de Dahia em Beirute, contou vitória. Agradeceu aos seus bravos combatentes e os chamou para “baixar as armas”.

O político libanês cristão, Samy Gemayel, sobrinho de ex-presidente Bashir Gemayel, que foi assassinado por agentes sírios antes de assumir, em 1982, disse a LBC TV (libanesa): “quero o Líbano vivendo em paz e que nossas crianças não enfrentem guerras a cada ano ou dois”.

Israel, que continua em estado de alerta na sua fronteira norte, acompanhará as atividades da Hizballah, que se desconfia estar preparando uma armadilha para cantar vitória. Israel advertiu a Hizballah de que se houver ataque, as forças armadas de Israel agirão de uma maneira ostensiva. Isto leva os dois lados ao “balanço do horror”.

Os trabalhos do campo de Karish, agora se intensificarão e Israel, que já é autossuficiente em gás, exporta este produto que falta nos lares europeus, devido a guerra da Rússia contra a Ucrânia e o inverno que já está batendo nas portas.

O gás de Israel, além de beneficiar o Estado Judeu, ajuda-o nas relações com o Egito e a Jordânia, agora com o Líbano e até com a Turquia. Na quinta-feira (27) o ministro da defesa, Benny Gantz, fez uma visita relâmpago à Turquia, o primeiro de alta autoridade israelense neste país. Surpreendentemente, foi até convidado para conversar com o presidente turco, Erdogan. Este que de ótimas relações entre os dois países, pelo seu radicalismo islâmico levou-as à lona. Agora quer esquentar as relações, desejando receber os gasodutos de Israel, no Mediterrâneo, que passem pela Turquia para abastecer a Europa. Aí Israel tem que andar cautelosamente, pois suas aliadas a Grécia e o Chipre, almejam o mesmo e são rivais da Turquia.

Pelo fato de Israel estar às vésperas de eleições gerais (no próximo dia 1.11.22) evidentemente que a oposição se opôs ao acordo. No entanto, houve um raro consenso entre todas as organizações de segurança de Israel – FDI, Mossad, Shabak, etc – da necessidade deste acordo. Muitos políticos se manifestaram “a boca pequena” que o Netanyahu também abraçaria o acordo com as duas mãos, mas estando na oposição, tem que criticar.

Se todos estão satisfeitos com o acordo “entre inimigos” isto significa que todos podem ter vantagens. Mas, isto não quer dizer que Israel tem que dormir no ponto. Tanto é, que mesmo com tudo que enfrenta nestes momentos, sua luta contra o estabelecimento de Irã na Síria ou mesmo no Líbano continua.

Após mais de um mês que sua aviação não teve que intervir para abortar transporte de armamento iraniano à Síria e depois ao Líbano, na madrugada de sexta-feira (21) a Força Aérea atacou instalações militares e armazéns sírios, inclusive baterias antiaéreas, nas proximidades de Damasco. O ataque alvejou transporte de carga iraniana que chegou na quarta. Na segunda-feira (24) a FAI realizou um segundo ataque, também nas redondezas de Damasco, desta vez em pleno dia, depois de ter informações, que não poderiam esperar para um ataque noturno. Informações deram conta que equipamento militar que incluía Aviões Não Tripulados iranianos foram destruídos. Na quarta feira (26) novamente a aviação israelense entrou em ação contra as tentativas iranianas em enviar material bélico à Síria. É muito raro atacar em menos de uma semana, três vezes na Síria. Talvez os iranianos queriam testar a vigilância de Israel.

Foto (ilustrativa): campsmumCC BY 2.0 (Wikimedia Commons). Rosh Hanikrá

One thought on “Acordo histórico entre Israel e o Líbano

  • Basta de Mentiras

    RIDICULO!!!! Esse acordo favorece apenas Hezbollah que e quem governa o LIBANO!! Esse dinheiro sera usado para fazer mais misseis de longo alcance contra Israel!! So os esquerdistas de carteirinha aprovaram esse acordo! alias, acordo sem valor porque foi feito as escondidas sem aprovacao do Knesset e por um governo provisorio. Sera anulado apos as eleicoes de amanha!!!

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