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Bolsonaro, adie tua viagem a Israel

O presidente brasileiro está programado para chegar a Israel no dia 31 de março (Dia da Revolução de 1964) e ficar dois ou três dias. O Presidente Bolsonaro é muito bem vindo, mas eu o aconselharia a adiar esta visita histórica. A razão é que a data é bem próxima às eleições gerais em Israel (9 de abril) e é inconveniente e pode parecer para muitos como intervenção do governo brasileiro no processo eleitoral local e apoio ao atual premier. O Brasil goza de uma grande admiração e simpatia entre os israelenses, algo privilegiado que nenhum outro país alcança.

A batalha eleitoral, infelizmente, torna-se cada vez mais suja e até vulgar, com acusações de todos os lados. O fato do Presidente do Brasil vir no meio desta luta acirrada não fica bem, pois sem dúvida, Netanyahu o envolveria nesta disputa eleitoral. Nada de mal aconteceria se esta visita importante e histórica ocorresse alguns dias depois da constituição de um novo governo, seja ele liderado por Bibi ou por um dos seus oponentes.

Me impressiona que nenhum dos conselheiros do Presidente Bolsonaro, lhe tenham aconselhado a adiar a viagem em alguns dias ou semanas. Com certeza o lado israelense não o faria, pois o Primeiro Ministro, que também é o Ministro do Exterior, da Defesa, Absorção e também da Saúde, tem interesse de recepcionar o ilustre Presidente do Brasil, na véspera das eleições, para dar mais um impulso na sua propaganda eleitoral.

No Brasil, parece que o Presidente Bolsonaro encontra dificuldades internas para transferir a Embaixada nacional para Yerushalaim, como prometeu na campanha eleitoral. Parece que agora encontrou um meio mais fácil. Na primeira fase, o Brasil abrirá uma representação diplomática em Jerusalém, na forma de Escritório Comercial. Aliás, como esta semana o Ministro do Exterior da Hungria abriu. Israel ainda espera que tanto a Hungria, bem como o Brasil e as demais nações com quem tem relações diplomáticas, passem suas Embaixadas à Capital do país que é Jerusalém.

 

Yair Netanyahu ainda não pagou sua hospedagem no Rio

Pode parecer até perseguição dos oponentes do Primeiro Ministro Netanyahu, mas não é. O fato da família Netanyahu não meter a mão no bolso e fazer os outros pagarem por eles é notório no país. Muitos condenam os opositores da esposa e do filho Yair, afirmando que não deveriam criticá-los. No entanto, ambos se colocam, às vezes, na frente e evidentemente dão o motivo de tratar deles.

O jornal Haaretz noticiou que Yair de 27 anos, o filho do premier, aproveitou a viagem dos pais para a posse de Jair Bolsonaro e pegou “carona” no avião para visitar o Brasil, particularmente. Ele não fez parte da comitiva oficial e teria que arcar com seus gastos para não deixar ninguém falar mal dele. Yair hospedou-se no novo Hotel Hilton Copacabana e pelos três dias que ali passou deixou, segundo a recepção, uma despesa de R$ 6,934,50. Quando a comitiva do primeiro ministro deixou o hotel, o Netanyahu Jr. foi também. Só que saiu deixando um saldo devedor de quase sete mil reais. O radialista israelense Shay Goldstein ligou ao hotel, dizendo que quer pagar a dívida e perguntou o valor exato. A resposta foi que o Hotel agradeceria se pagasse o valor acima escrito deixado por Yair.

 

A disputa eleitoral esquenta mais

No meio do processo eleitoral israelense, os partidos políticos, até parece que esqueceram que tem que apresentar programações ideológicas e de como pretendem alcançar suas metas. No lugar disso, cada partido joga lama nos rivais, naturalmente como se faz nesta época, acompanhado também de fake news e distorções.

Na última sexta feira (15/03) alguém vazou que o celular do principal rival do Netanyahu, o ex-comandante das Forças Armadas de Israel, Major General (Res.) Benny Gantz, foi invadido e violado pelo Irã. Só que isto teria acontecido há cinco meses, quando Gantz ainda não era candidato. Ele foi informado pela Shabac. Segundo Gantz, seu celular não continha nenhum dado importante para o público e nada da segurança de Israel. Então, especula-se que ele tem no celular “material comprometedor” sugerindo suposto caso fora do casamento. Para Gantz tudo isto não passa de “fofocas baratas” de quem quer lhe prejudicar politicamente. Gantz adicionou: “entrei na política para servir o Estado de Israel. Sei que pago preço pesado, e lido com pessoas cujas regras éticas estão no nível do chão”. Aliás, esta é uma das razões que gente de boa fé e boas intenções afasta-se da vida política.

O ex-deputado do Partido Trabalhista e especialista em cibenética, Erel Margalit disse que suspeita que esta “revelação” é apenas uma cobertura. “Em poucos dias surgirão informações falsas, supostamente tiradas pelos iranianos do celular do Gantz. Os políticos tratarão dessas “noticias” como se fossem fatos reais, apenas para sujar o candidato principal na disputa com Netanyahu”. Assim o foi com a Hillary Clinton, com Macron, na França e no caso do Brexit na Inglaterra. Segundo Margalit, o Irã não está atrás disso. Para ele são elementos políticos. Dias após esta revelação jornalística o governo iraniano negou que tivesse violado o celular do Gantz. Alegou que é uma forma do governo Sionista falar mal do Irã.

O Primeiro Ministro de Israel, Banjamin Netanyahu continua negar entrevistas aos meios de comunicação do país, mas é muito ativo nas redes sociais. Muitas vezes revela coisas que não devia, até colocando a segurança do país em perigo. Tudo isto devido a sua luta para se manter no poder. Durante a cerimônia do 50º ano do falecimento do ex-premier Levi Eshkol, Netanyahu se antecipou dizendo: “estamos mantendo contato com meia dúzia de importantes países árabes, que até há pouco eram hostis”.

Todos sabem que as eleições estão na porta, mas para que “revelar” coisas que ainda não afloraram. Na quinta-feira (21) surgiu a notícia de que Netanyahu pressiona Trump para deixar o ex-espião israelense deixar os EUA para viver em Israel. Netanyahu soltou ultimamente a língua algumas vezes, deixando para trás a política de ambigüidade, assumindo que Israel atacou na Síria mais de 200 vezes. Assim o foi com a revelação dramática (e desnecessária) da captura e trazer para Israel o arquivo nuclear iraniano entre outras revelações. Tudo, parece, pode servir de munição para vencer eleições, mas certas coisas, principalmente na área militar, podem ser prejudiciais e voltar como bumerangue.

 

O que indicam as pesquisas

Há os que invalidam as pesquisas, mas elas podem dar indicações das tendências dos eleitores. De qualquer jeito, pesquisas dos dois principais canais de TV de Israel mostram que o novo partido Kachol Lavan (Azul e Branco) venceria o Likud, mas o bloco da direita teria mais deputados do que o bloco do centro esquerda. Quem é mais capacitado para ser 1º Ministro: Netanyahu 36%, no Canal 12 contra 34% de Gantz. No Canal 13 é o inverso, Gantz com 42%, Netanyahu 41%.

Votação nos partidos: Kachol Lavan, 32 deputados (canal 12) e 31 (canal 13); Likud, 27 e 29 (respectivamente); Partido Trabalhista, 10 e 9; PC e Taal (árabe), 8 e 7; Yahadut Hatorá, 7 (em ambos); Hayamin Hachadash, 6 (em ambos); Ichud Miflagot Hayamin, 5 (12) e 7 (13); Shas, 5 (ambos); Kulanu, 4 (12) e 5 (13); Meretz, 4 (12) e 5 (13);, Raam-Balad (árabe), 4 em ambos;, Israel Beiteinu, 4 (em ambos); Zehut, 4 (12), 5 (13).

 

Dados sobre as eleições

No registro do TRE israelense estão inscritos 5.8 milhões de eleitores. Cada mandato vale 48.333 votos, mas cada partido tem que obter pelo menos 3.25% dos votos para passar a barreira do bloqueio de entrada no Knesset, o equivalente a 188.500 votos. Nas eleições passadas votaram 72% dos eleitores e para entrar cada partido tinha que obter pelo menos 135.720 votos.

Dos eleitores, 79% são judeus, 16% árabes e 5% com religião não definida. Quarenta e três partidos e legendas concorrem para os 120 assentos no Knesset, destes só aproximadamente 12 entrarão.

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