IsraelNotícias

Comunidade brasileira recebe governadores em Raanana

O auditório do Yad Lebanim, em Raanana, com capacidade para 450 pessoas, ficou lotado para receber os governadores Ronaldo Caiado, de Goiás, e Tarcísio de Freitas, de São Paulo.

Muita gente ficou do lado de fora. Brasileiros de todos os cantos de Israel prestigiaram o evento em homenagem aos sequestrados pelo Hamas.

Os governadores estão visitando Israel a convite da ONG Gmach Brasil e da Kehilá brasileira Or Israel, de Raanana com o apoio da Fundação Daniele, e estão sendo recepcionados pelos representantes da comunidade Alberto Rabinovitch e Nilton Migdal, pelo empresário Moti Sonnenfeld e pelos porta-vozes do exército de Israel Ronnie Kaplan e Rafael Rozenszajn.

O evento foi apresentado pela famosa guia brasileira em Israel, Aline Szewkies e contou com momentos musicais com o cantor Yonatan Razel. Após o hino nacional brasileiro, Aline falou sobre os acontecimentos do dia 7 de outubro, o dia mais sangrento da história de Israel, quando mais de 1.200 pessoas foram assassinadas e 250 sequestradas. 134 israelenses continuam reféns do grupo terrorista em Gaza, entre eles mulheres, idosos e crianças, inclusive um idoso que acaba de completar 86 anos e um bebê que completou seu primeiro ano no cativeiro.

O prefeito de Raanana, Chaim Broide saudou os convidados e expressou sua gratidão aos dois governadores, que se mostraram verdadeiros amigos de Israel, numa época em que o antissemitismo cresce em todo o no mundo. “Somos um país que tem memória e sabemos valorizar a gratidão. Lembraremos sempre de vocês ao nosso lado”, disse o prefeito.

O rabino da Kehila Or Israel, Yaacov Zilberman leu a carta de uma tia da família Bibas – pai, mãe e duas crianças reféns do Hamas – onde expressa sua dor e saudade e agradeceu a vinda dos governadores por apoiar este momento tão triste da história de nosso povo e de nosso país. “Infelizmente, vivemos num mundo que tem muita mentira e muita escuridão. Agradeço vocês por estarem ao lado da verdade, por estarem ao nosso lado neste momento tão difícil”.

LEIA TAMBÉM

Em seguida, subiu ao palco Alberto Rabinovitch, diretor do Gmach Brasil, uma instituição filantrópica fundada há 30 anos, e o grande mentor da vinda dos governadores. Rabinovitch agradeceu os governadores por “terem se permitido testemunhar o que aconteceu, por darem voz às nossas saudades e compartilharem o luto da perda que todos sofremos. Iniciativas como a do governador Caiado com a criação do Parque Am Israel em seu estado, nos permite encontrar essa parte perdida e saber que há quem nos acolha. Quando o Governador Tarcísio assina a adesão de São Paulo à definição internacional de antissemitismo, nós entendemos que é possível para judeus encontrar segurança em nosso país de origem”.

O empresário e filantropo Moti Sonnenfeld, presidente da Fundação Daniele, falou da perda de sua filha, morta tragicamente em um acidente de automóvel, que faria 29 anos ontem, e de como ela aprendeu, no Brasil, o que é importante na vida, o que é humanidade e solidariedade. “A vinda dos governadores, que representam mais 50 milhões de brasileiros, demonstraram durante esta semana e na visita ao presidente israelense Isaac Herzog e o primeiro ministro Netanyahu, que eles sabem qual a verdade dos fatos, eles sabem de que lado qualquer pessoa digna deve estar e que essa luta, se não for combatida aqui vai chegar a outros países como já está acontecendo. A esses dois grandes líderes nossa eterna gratidão. Nosso coração se encheu de alegria em recebê-los aqui e nos inspiraram a continuar acreditando no nosso querido Brasil”.

A tia da refém Naama Levy, de 19 anos, que foi vista num vídeo dos terroristas, no dia 7 de outubro, após o seu sequestro, com as mãos amarradas e calças de moleton ensanguentadas, dando origem a especulações generalizadas de que ela tinha sido abusada sexualmente pelos seus raptores, agradeceu a solidariedade recebida e falou dos momentos de angústia de toda a família. “As imagens de Naama em choque, com as roupas ensanguentadas e mancando foram as últimas imagens que vimos de nossa querida sobrinha. Não conseguimos esquecer essas imagens nos últimos meses e todos os dias pensamos em como ela está, se está com frio, com fome, se teve chance de se limpar. O tempo está correndo para Naama e os outros sequestrados. Nos ajudem, ajudem a trazer Naama e os outros reféns para seus lares em segurança”.

O Governador de Goiás, Ronaldo Caiado, cumprimentou a todos, e contou um pouco da sua trajetória política, como deputado federal, senador e agora governador. Falou de sua vida de médico cirurgião, especializado em coluna vertebral e compartilhou também a tristeza, como a de Moti Sonnenfeld, de perder um filho, aos 40 anos, e saber qual é sentimento de um pai.

“No momento em que assisti o que acontecia naquele 7 de outubro, pela mídia, fiquei imaginando como estaria este povo, que sobreviveu diante de situações que sempre pesaram sobre ele”. Caiado lembrou do brasileiro Oswaldo Aranha que presidiu a sessão da ONU, na votação histórica que aprovou a partilha da Palestina. Ele falou que o que mais o encantou nesta sua primeira viagem a Israel foi a alegria do povo. “Ao caminhar pelas ruas vi um povo alegre e acolhedor. Um povo que cada vez volta os olhos para avançar na ciência, na tecnologia e na inovação”.

Caiado falou de tudo o que viu nestes dias de visita: a ida aos kibutzim que foram invadidos pelos terroristas, o depoimento de uma sobrevivente que contou que era uma das que ajudavam os moradores de Gaza para serem tratados nos hospitais israelenses, o local da festa Nova onde cerca de 350 jovens foram assassinados, os depoimentos dos brasileiros moradores do Kibutz Bror Chail, próximo da Faixa de Gaza, o filme de 47 minutos captado pelos terroristas, mostrando as atrocidades que cometiam em tempo real.

“Têm sido dias pesados para nós, ver e ouvir os atos de violência que aconteceram, as casas incendiadas, e todo o massacre praticado”.

Por fim, Caiado fez questão, em nome do povo brasileiro, dizer que a fala do presidente Lula não condiz com o pensamento do brasileiro. “Peço desculpas ao povo judeu. É inadmissível e inaceitável um homem que não conhece a história fazer um depoimento que agride a todos os judeus”.

Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo, cumprimentou a todos, em especial as famílias de sequestrados presentes. Em seu discurso, Tarcísio falou que esta era uma viagem diferente de todas que já realizou. Muitas voltadas para falar de investimentos, falar de infraestrutura, levar negócios de e para o Brasil.

“Não me lembro de ter feito uma viagem com uma carga emocional tão grande. Não lembro de ter visto o que estamos vendo aqui”. Pensei que era uma pessoa experiente por ter passado 17 anos da minha vida nas Forças Armadas, por ter passado por missões no exterior, por ter participado da missão de paz no Haiti, por ter vivido na Amazônia”.

Tarcísio falou da admiração que tem pela comunidade judaica de São Paulo, a maior do Brasil. “Uma comunidade que nos orgulha, pelo trabalho, pela contribuição na sociedade, pela filantropia, e pela assistência médica e pela solidariedade”.

Ele lembrou da ajuda da comunidade judaica na tragédia de São Sebastião. “Os primeiros médicos que chegaram eram médicos judeus. Conheci, naquela oportunidade, o departamento de segurança comunitária e o trabalho da organização Hatzalah. Naquele momento, vimos a mão da comunidade judaica estendida para nós e agora está na hora de estendermos a nossa mão para a comunidade”.

“Se engana quem pensa que os terroristas do Hamas querem um estado Palestino. Não, eles não querem, está claro que eles querem a destruição de Israel e, esse é só o começo.  Impressiona como o mundo e líderes não tenham percebido o risco que nós corremos. Se Israel não estivesse aqui, a civilização ocidental teria acabado, eles tomariam a Europa e as Américas com o fundamentalismo agressivo que nada tem nada de Deus e nada de religião”.

“Hoje a harmonia mundial depende do Estado de Israel. É o estado de Israel que vai impedir o avanço do terror e precisamos nos juntar a este esforço. Nunca tivemos dúvida qual era lado certo da história. E é importante estarmos aqui para atuarmos como porta-vozes, porta-vozes da verdade”.

Fonte: Revista Bras.il
Foto: Haya Benmuyal

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Pular para o conteúdo