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Dia Internacional em Memória das Vítimas da Shoá

Por David S. Moran

Sem dúvida nenhuma, a maior tragédia do povo judeu na era moderna, foi a Shoá, ou como é conhecida no mundo todo, o Holocausto. A singularidade desta tragédia é que a liderança do partido nazista declarou, publicamente, que a sua meta era extinguir o povo judeu. Este partido tomou o poder em 1933, na Alemanha, considerada uma nação iluminada e inteligente. Desde 1939, com o início da 2ª Guerra Mundial e até o fim desta guerra, dizimou um terço do povo judeu. Dos 18 milhões de judeus do mundo, 6 milhões foram mortos. Mesmo depois de 77 anos desde o fim da guerra, o povo judeu não conseguiu reparar as perdas e, hoje em dia, calcula-se que há apenas 15 milhões no mundo todo. O maior número, 7 milhões, vive em Israel.

Em Israel o Yom Hashoá ve Hagvura (Dia do Holocausto e Heroísmo) é relembrado anualmente no dia 28 do mês de Nissan. Este ano cai no dia 18 de abril. São poucos dias depois da festa de Pessach (Páscoa) e uma semana depois é o Dia da Memória aos soldados e soldadas que caíram nas guerras de Israel, que antecede o Dia da Independência de Israel.

No mundo, este dia é relembrado no dia 27 de janeiro de cada ano, depois de passar a Resolução da Assembleia Geral da ONU, em 1º de novembro de 2005. Nesta data de 27/1, o exército soviético entrou e libertou os presos do Campo de Concentração de Aushwitz-Birkenau.

Na era nazista, entre 1933 a 1945, os alemães e seus adeptos em outras nações cometeram genocídio contra os judeus. Também mataram ciganos, homossexuais, pessoas deficientes, comunistas e outros. Mas declararam que queriam exterminar os judeus.

O Estado de Israel não existia e não podia dar asilo aos que queriam se salvar. Também os meios de comunicação não eram os que temos atualmente e nem todos sabiam dos acontecimentos.

Os anos vão passando e cada vez temos menos sobreviventes para que possam contar de viva voz os acontecimentos por que passaram. Muitos tinham até vergonha de terem sobrevivido e ou queriam preservar os filhos dos horrores e não lhes contavam como passaram esta fase de suas vidas. Nós, da segunda geração de sobreviventes, tivemos que tirar as informações dos nossos pais e as passamos aos nossos filhos e netos. Mas, as próximas gerações só terão as histórias de livros e filmes. É nosso dever lembrar e não permitir que se esqueça.

Em Israel, há o maior e mais importante Museu do Holocausto, o Yad Vashem (Nome e lembrança aos assassinados durante o Holocausto). Há muitos museus do Holocausto em várias partes do mundo, inclusive no Brasil, em Curitiba e memoriais em São Paulo e Rio.

Na foto do ano passado minha mãe, Hana Markovits, sobrevivente do Holocausto. Em 26/3 completará 103 anos

Relatório do Centro de Pesquisas do Judaísmo Europeu Contemporâneo, da Universidade de Tel Aviv, revela que muitos países, inclusive no mundo árabe e na África introduziram no currículo escolar estudos sobre o Holocausto. Entre outros, em Marrocos, Egito, Arábia Saudita. Nos Emirados Árabes Unidos, além do estudo nas escolas sobre esta tragédia, foi construído o primeiro Museu do Holocausto no mundo árabe em Dubai.

Na quinta-feira (26) o presidente israelense, Yitzhak Herzog falou em Bruxelas ao Parlamento Europeu. Entre outras, Herzog disse: “Duvidar da existência do Estado Judeu não é diplomacia legítima… O antissemitismo volta a levantar a cabeça, não o subestimem, não fiquem de lado”.

O Holocausto ocorreu há cerca de 80 anos, mas ocorrências antissemitas ocorrem no mundo. País longínquo como o Irã ameaça destruir o Estado de Israel. É um país a 3.000km das fronteiras de Israel, sofre de sanções econômicas e outras e isto não o impede de correr para obter arma nuclear. Mesmo as custas do sofrimento do seu próprio povo.

Nada se compara ao Holocausto. Mas, aos mais jovens, que às vezes não conseguem entender como ocorreu uma grande guerra na Europa e durante alguns anos: ninguém moveu o dedo para cessar as chacinas e as ocupações de forças nazistas.

Presenciamos, no último ano, um exemplo concreto de matança de civis, sem lógica, em que tropas russas invadiram a Ucrânia e há um ano estão matando milhares ao bombardear cidades. Estes bombardeios têm por objetivo uma meta, matar civis. E isto continua por cerca de um ano e ainda não se vê o fim. É um alerta a qualquer país, de que se uma nação for alvejada, nada ou pouco se fará para salvá-la. Lembrar e jamais esquecer.

Segundo o relatório dos Sobreviventes da Shoá, publicado na segunda-feira-feira (23/1) em Israel vivem 150.600 sobreviventes do Holocausto, dos quais 94.4% têm mais de 80 anos. Cerca de 32 mil têm mais de 90 anos e 1.100 mais de 100 anos. Dos sobreviventes, 91 mil (60%) são do sexo feminino. Durante o ano de 2022, faleceram 15.193 sobreviventes. Cerca de 10%, fizeram aliá (emigraram a Israel), até o ano de 1948, 71 mil (47%) até o fim da década dos anos 50 do século passado. Mais de 35%, emigraram ao país a partir de 1989, pela grande onda de sobreviventes que veio da antiga URSS.

Tentei obter informações sobre os sobreviventes que vivem no Brasil e não os obtive. Em São Paulo, quem lida com sobreviventes do Holocausto e representa a Claims Conference, é a UNIBES, que trata de cerca de 150 pessoas.

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