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Esquenta a campanha presidencial americana

Por David S. Moran

A dois meses e meio das eleições americanas, a chapa do Partido Democrata já está definida. Esta semana o candidato à presidência pelo partido, Joe Biden, escolheu a candidata para ser sua vice-presidente, a senadora pelo Estado da California, Kamala Harris de 55 anos. A corrida presidencial está esquentando, pois enquanto o atual presidente Donald Trump continua com suas trapalhadas e em entrevistas dá respostas espontâneas que não têm base real, o seu rival na corrida de 4 de Novembro, o “velho” Joe Biden, de 78 anos (o mais idoso candidato a concorrer),- que foi vice-presidente do Barak Obama-, vai conquistando vantagem nas pesquisas de opinião pública.

Na noite de terça-feira (11), Biden tirou uma cartada que parece lhe favorecer ainda mais. Escolheu para ser sua vice, uma mulher, de cor (mulata) – mãe de origem hindu e pai jamaicano -, casada com o advogado judeu Douglass Emhoff. Ela concorreu nas primárias do Partido Democrata e na ocasião até criticou o candidato Biden. Saiu da corrida por não obter o apoio que esperava e a falta de verbas. Biden, conhecendo-a bem e suas qualidades, pôs de lado o passado e a colocou na sua chapa. A Kamala será a terceira mulher da história americana a concorrer para a vice-presidência e talvez tenha a maior chance de se tornar a primeira mulher da história americana a ocupar a presidência, se o Partido Democrata vencer as eleições. Por dois motivos: a idade do Biden. Se ele tiver que se ausentar da presidência, por uma ou outra razão, ela assumirá o cargo, ou se terminar o seu mandato, provavelmente ele não procurará reeleição aos 82 anos e a Kamala terá oportunidade de candidatar-se.

Sua relação com Israel. A Kamala é considerada apoiadora do Estado de Israel, que vê como uma grande aliada dos Estados Unidos. Manifestou-se contra qualquer boicote a Israel, que o BDS incentiva. É a favor de solução para o problema palestino-israelense, com a criação de dois Estados. Em entrevista concedida em 2016 disse: “as condições do acordo entre as duas partes só podem ser estipuladas por eles. EUA, Europa e países árabes aliados podem e devem ajudá-los a chegar à mesa de negociações, que só eles regularizarão… Israel terá que assegurar sua segurança e o reconhecimento (pelos palestinos) de sua existência como o Estado Judeu”.

A Kamala Harris é considerada da ala veterana do Partido Democrata e não da nova linha que está surgindo, a dos “progressistas”, que querem levar o partido para ideologia esquerdista e pró palestina. Ela é mais próxima do lobby judaico, AIPAC e mais distante do novo lobby J-Street.

A senadora Harris, visitou Israel em 2017, encontrou-se na ocasião com o Primeiro Ministro Netanyahu, com o líder da oposição Yair Lapid e outras personalidades politicas. Evidentemente, ela não dá apoio incondicional a todas as ações do governo de Israel e mesmo criticando-o, o faz para o que considera bem de Israel e dos interesses americanos.

A campanha eleitoral do Trump, logo que soube da escolha do Biden, circulou propaganda eleitoral mostrando a então candidata das prévias criticando o Biden de ser racista. Trump, sempre que se refere ao Joe Biden, chama-o de “sleepy Joe” (sonolento Joe), para zombar dele. Desta vez, ele mesmo, Trump, tem que acordar rapidamente. É claro que ele tem uma base sólida, mas suas ações (ou falta de ações) principalmente com a pandemia do COVID-19 expuseram-no negativamente.

Ele tem pouco tempo para decidir se mantêm na sua chapa o seu vice-presidente, Mike Pence, que não teve grande atuação e envolvimento, ou se faz outra escolha. Neste caso para contrabalançar a Kamala Harris, ele poderia escolher para sua chapa uma mulher, com ideologia forte, que lhe dê uma alavancada no eleitorado. Esta poderia ser a sua ex-Embaixadora na ONU, a Nikki Haley, também de origem hindu e que deixou muita boa impressão na ONU. Antes de ser escolhida para servir na ONU, Nikki foi governadora do Estado de Carolina do Sul, de 2011 a 2017. Quando pediu para deixar o cargo nas Nações Unidas, havia rumores que o fazia para se preparar como candidata às eleições presidenciais de 2024. A Nikki teve uma atuação marcante a favor do Estado de Israel.

Nas pesquisas de opinião pública, há oscilações, mas por enquanto todos apontam o Biden como vencedor. Porém, na difícil escolha que é por eleitorados – quem vence num Estado, leva todos os eleitores – tudo ainda é aberto. Vale a pena lembrar que a Hillary Clinton recebeu nas eleições mais votos que o Trump, só que nos Estados mais importantes, Trump conseguiu receber mais eleitores tornando-se o Presidente dos Estados Unidos.

Foto: Gage Skidmore (Flickr)

One thought on “Esquenta a campanha presidencial americana

  • Smulik

    Kamala Harris e mais uma jogada de atarir o voto dos judeus(ja assimilados) americanos liberais. Ela e “a favor de israel” sendo partidaria do suicidio que e dois paises para dois povos!!!

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