Um novo Itzhak Shamir nas próximas eleições
Por Janine Ayala Melo
Não há mais políticas e políticos como Merkel e Shamir. Quer dizer, há. Mas nós quase não ouvimos falar deles.
Quando comparámos os processos históricos pelos quais a Alemanha passou com os de Israel, podemos ver uma infeliz semelhança. Após a Primavera Árabe, Angela Merkel, ex-chanceler da Alemanha, abriu as portas do seu país aos refugiados que inundaram a Europa devido às guerras e revoltas no Oriente Médio. Especialistas argumentam que esta política, chamada de “porta aberta” (Open-Door Policy), levou ao fortalecimento da extrema direita e sua ascensão na política nacional sob a forma do AfD.
Nas eleições gerais federais de 2017, o partido “Alternativa para a Alemanha” (AfD) obteve 12,6% dos votos. Foi a primeira vez desde o estabelecimento da República Federal Alemã que um partido populista de direita, do qual muitos de seus ativistas expressam retóricas fascistas e de perdão ao passado nazista, entrou no parlamento. O Prof. Oria Shavit argumentou em seu artigo sobre a era pós-Merkel que por causa da ascensão da extrema direita, o partido de Merkel, um partido conservador-cristão, perdeu a possibilidade de formar uma coalizão sem contar com o apoio de pelo menos um partido do campo oposto (os social-democratas e os “verdes”).
Pois bem, o que isso tem a ver com Israel?
Aqui na Aretz a extrema direita vem se fortalecendo. Porém, diferentemente da Alemanha que tinha uma chanceler que conhecia os perigos da AfD e nunca, em nenhum momento de sua carreira, cogitou a possibilidade de formar uma coalizão com esta, aqui em Israel partes da direita não hesitam em piscar o olho e até apoiar o kahanismo representado pelo partido “Tzionut Datit” – “Sionismo Religioso” (cujo nome realmente deve ser mudado, me dói cada vez escrever este par de palavras no contexto acima).
Onde estão os dias de Itzhak Shamir, primeiro ministro de Israel nos anos 80-90 pelo partido Likud, que sempre foi um fervoroso sionista, a favor da ideia de uma Terra de Israel Completa (ארץ ישראל השלמה) e sempre fez questão de alertar contra o kahanismo e se opor ao partido “Kach” (כך)? Onde estão os dias em que movimentos como Beitar e Bnei Akiva participaram de manifestações contra o racismo e o kahanismo?
Este artigo de hoje é uma carta aberta a todos os amigos e leitores da direita israelense. Não há e nunca haverá uma desculpa para o abraço recebido por pessoas que hoje representam as ideias de Kahana na Knesset. Assim como a Alemanha no século 21 que teve Angela Merkel, uma das maiores líderes que o mundo conheceu, o Estado de Israel teve no século 20 governos de direita que souberam manter seus valores e combater o racismo e o fascismo – sem negligenciar seus valores nacionais, nem por um segundo.
As próximas eleições estão chegando, e assim como o CDU (Christian Democratic Union of Germany) de Merkel soube formar uma coalizão, mesmo com partidos de diferentes posições, sem se render ao populismo da extrema-direita, precisaremos votar em um partido com uma ideologia clara que saiba se opor à ideias perigosas e extremistas como as representadas pelos partidos Tzionut Datit e Otzma Yehudit hoje. É possível votar para a direita e lutar contra o kahanismo. Lembrem-se disso no primeiro de novembro.
O papel sofre qualquer coisa que escrevem sem reclamar mas os leitores podem e devem reclamar. Tem limite para o que alguem escreve sem conhecer profundamente a politica e a história. Kahanismo não é nada de concreto e existe muita confusão sobre o assunto que é “delicado”. Shamir????????? Foi aquele que assinou o acordo de OSLO e nos levou ao poço mas o “highlight” foi escrever EXTREMA DIREITA…pura demagogia. Quem decide o que é extremo ou não e quem disse que a suposta extrema direita de Israel é considerada extrema em outros paises…pura demagogia. Primeiro atira e depois ai correndo com o alvo para ser tipo TIRO E QUEDA.