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Fechamento da AJ pode afetar laços com a Rússia

O primeiro-ministro, Yair Lapid, alertou a Rússia, neste domingo, contra o fechamento dos escritórios da Agência Judaica no país, dizendo que tais medidas seriam um “evento grave” que poderia afetar negativamente os laços diplomáticos entre Jerusalém e Moscou.

A advertência aberta de Lapid a Moscou veio em resposta a medidas recentes das autoridades russas contra a organização israelense, que tem a tarefa de facilitar e encorajar a imigração judaica para Israel.

Na semana passada, o Ministério da Justiça russo pediu oficialmente a “dissolução” das atividades da Agência Judaica na Rússia, alegando que a organização violou várias leis locais.

Israel, no entanto, acredita que essas medidas não se devem a questões legais, mas sim uma forma de retaliação de Moscou contra Jerusalém por seu apoio à Ucrânia.

Nas últimas semanas, a Agência Judaica pediu ajuda ao Ministério do Exterior, fazendo com que o embaixador israelense na Rússia a defendesse em seu nome.

Na semana passada, Lapid, que também atua como ministro do Exterior, anunciou que seu gabinete enviaria uma delegação a Moscou para conversar com autoridades russas sobre o assunto. No domingo, membros da delegação se reuniram no gabinete do primeiro-ministro para uma avaliação da situação.

Lapid disse na reunião que os laços com a Rússia são importantes para Israel. A comunidade judaica na Rússia é grande e importante e aparece em todas as discussões diplomáticas com o governo em Moscou, disse o gabinete do primeiro-ministro em comunicado.

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“Fechar os escritórios da Agência Judaica seria um evento grave, que terá consequências sobre esses laços”, dizia o comunicado.

O gabinete do primeiro ministro disse que a delegação estaria pronta para partir para Moscou assim que “receber a aprovação russa para as negociações”.

A delegação incluirá representantes do Gabinete do Primeiro-Ministro, Conselho de Segurança Nacional, Ministério do Exterior, Ministério da Justiça e Ministério da Imigração e Absorção e será liderada pelo diretor-geral do Ministério do Exterior, Alon Ushpiz.

A reunião deste domingo contou com a presença de representantes de todos esses ministérios, incluindo a ministra da Imigração, Pnina Tamano-Shata, bem como dois ministros que imigraram para Israel da antiga União Soviética: o ministro das Finanças, nascido na Moldávia, Avigdor Liberman, e o ministro da Construção, nascido na Ucrânia. Zeev Elkin.

No final do mês passado, as autoridades russas informaram à Agência Judaica, que facilita e incentiva a imigração judaica para Israel, que planejavam tomar medidas legais contra a organização, a menos que esta aceitasse uma série de demandas, de difícil adesão.

Na quinta-feira passada, isso mudou de advertências para medidas práticas, quando o Ministério da Justiça local apresentou seu recurso ao tribunal de Basmanny em Moscou.

“O tribunal recebeu uma ação movida pelo principal departamento do Ministério da Justiça em Moscou solicitando a dissolução da Agência Judaica”, disse o tribunal em um comunicado divulgado pela agência russa RIA.

Ekaterina Buravtsova, porta-voz do tribunal, citada por agências russas, disse que o pedido foi feito após violações legais, sem fornecer mais detalhes, segundo a agência de notícias Interfax.

A audiência preliminar do recurso está marcada para esta quinta-feira.

A postura agressiva do governo russo é vista como extremamente incomum, vindo em aparente retaliação à posição de Israel sobre a invasão de Moscou à vizinha Ucrânia, bem como à campanha em andamento de Israel contra o Irã na Síria, à qual a Rússia às vezes se opõe.

Aparentemente procurando minimizar as preocupações, a Agência Judaica disse em comunicado que esta era apenas uma “audiência preliminar” e uma “continuação do processo legal” que já estava em andamento.

“Como afirmamos anteriormente, não faremos nenhum comentário durante o processo legal”, disse a organização.

Uma fonte dentro da organização também disse ao The Times of Israel no início deste mês que as novas demandas russas não deveriam forçar a Agência Judaica a interromper completamente suas operações no país e eram mais um “incômodo” do que uma ameaça legítima às suas atividades.

A Agência Judaica tem dito, durante toda a campanha da Rússia contra ela, que continua operando normalmente na Rússia, por enquanto.

Ministros israelenses protestaram contra o processo do Ministério da Justiça russo na quinta-feira. “Os judeus russos não serão reféns da guerra na Ucrânia. A tentativa de punir a Agência Judaica pela posição de Israel na guerra é deplorável e ofensiva”, disse o Ministro de Assuntos da Diáspora Nachman Shai em um comunicado.

“Os judeus da Rússia não podem ser separados de sua conexão histórica e emocional com o Estado de Israel”, completou.

A saga trouxe à memória a situação dos judeus na União Soviética, que foram impedidos por muitos anos de imigrar para Israel e de praticar abertamente sua fé.

A Agência Judaica, um braço não oficial do governo israelense, tem a tarefa de supervisionar e incentivar a imigração para Israel. As pessoas que desejam imigrar para Israel devem enviar solicitações por meio da Agência Judaica. A organização também executa programas educacionais e uma série de outras atividades.

Para facilitar esses esforços, a organização mantém escritórios em muitos países e cidades ao redor do mundo, incluindo Moscou. Nos últimos anos, dezenas de milhares de cidadãos russos imigraram para Israel, com cerca de 10.000 chegando apenas desde que a invasão russa da Ucrânia começou no final de fevereiro.

Fonte: The Times of Israel
Fotos: Wikimedia Commons (montagem)

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