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Israel seria criado nos dias atuais?

Por David S. Moran

Todo ano, no dia 29 de novembro, Israel comemora o Dia da Partilha da Palestina, que foi votada e aprovada em 1947. Voltando atrás na história, vale a pena relembrar. Em 1917, após 400 anos do reinado do Império Otomano (turco) sobre a região do Oriente Médio, norte da África, leste europeu e a atual Arábia Saudita até o Golfo Pérsico, forças do Império Britânico vencem e conquistam a região.

A Liga das Nações (que antecedeu a ONU) resolve entregar o “mandato” para a Inglaterra governar a região. Uma parte, o Líbano, foi entregue à França. Dezenas de anos, comissões foram formadas para resolver o futuro da Palestina – Eretz Israel.

De 1939 até 1945, o regime nazista na Alemanha e Áustria trava uma violenta guerra na Europa, que custou a vida de dezenas de milhões de seres humanos. A peculiaridade com respeito aos judeus é que o regime nazista declarou abertamente que queria liquidar os judeus. Implantou o plano da “solução final”. Os judeus são perseguidos em toda a Europa e o norte da África. São levados a campos de concentração, onde 6 milhões são assassinados, que representam um terço do total de judeus do mundo todo.

O exemplo do meu pai representa muitos sobreviventes. Ele era casado com um filho de 10 anos e uma filha de 5 anos. Depois das perseguições e trabalhos forçados procurou desesperadamente a esposa e os dois filhos. Não os encontrou, eles foram assassinados em Auschwitz. Depois de um ano conheceu a minha mãe, também sobrevivente do Holocausto e resolveram casar. Ele lhe disse: “não ficaremos aqui, vamos mudar para a Palestina”. Em 1947, a região ainda estava sob o mandato britânico e com todas as dificuldades eles foram à Terra Santa. É em direção a Jerusalém que os judeus rezam, de qualquer lugar no mundo.

Depois de tanto sofrimento e perseguições, era o único lugar para o qual meu pai queria emigrar, bem como centenas de milhares de judeus. Todos sabiam que sua vida nesta região árida, cercada por árabes, não seria nada fácil. Mas, queriam retornar a antiga Pátria, de onde foram dispersos pelos romanos.

Os líderes sionistas encabeçados por David Ben-Gurion eram muito atuantes entre lideranças mundiais para que concordassem em ajudar na aprovação e construção de um Lar Nacional Judaico. Mas estes estavam muito céticos. O então ministro do Exterior americano, veterano herói da II Guerra Mundial, George Marshall dizia que um Estado Judeu não conseguiria sobreviver frente a ataques dos países árabes.

Em Israel, nesta época, viviam cerca de 700 mil judeus. Que chance poderiam ter contra exércitos árabes bem treinados. Mas a liderança judaica estava decidida a ter reconhecimento mundial para criar seu próprio Estado. Assim no dia 29 de novembro foi trazido à ONU, um plano de partilhar a Palestina (região que foi do Mar Mediterrâneo até o Rio Jordão), entre os habitantes judeus e árabes.

A população judaica estava toda emocionada e preocupada. Pelo fuso horário, ninguém foi dormir aguardando um fim para o sofrimento. A resolução 181 da ONU, foi apresentada pelo presidente da Assembleia Geral, o brasileiro Oswaldo Aranha. Esta determinava a partilha da Palestina-Eretz Israel, sob o mandato britânico em dois Estados: um Judeu e um Árabe. Não se falava em palestinos porque quem cobiçava a região eram o Egito e a Síria. Não se falava em palestinos.

Manchete do jornal Yedioth Ahronoth em 30.11.1947, ESTADO HEBREU, 33 países votaram a favor, 13 contra (10 países islâmicos, Cuba, Índia e Grécia) e 10 abstenções.

Foram necessários dois terços dos votos para aprovar a resolução e a cada país que votava a favor, os judeus do ishuv em Israel explodiam de alegria. Esta chegou ao cume, quando Oswaldo Aranha anunciou o final da votação e a aprovação da resolução.

A alegria da população foi rapidamente transformada em preocupação e mobilização, pois tropas do Egito, Síria, Transjordânia, Líbano e Iraque invadiram a região, logo após a saída das tropas britânicas.

Só se fala que Israel expulsou palestinos da região. Há provas de que muitos dos 700 mil árabes que deixaram a região do que seria Israel, o fizeram atendendo à solicitação dos governantes árabes que invadiram a região. “Saiam e nos mataremos os judeus e aí vocês voltarão para suas casas” prometeram. Nem todos atenderam e os árabes que ficaram prosperaram com o Estado de Israel.

Pouco, ou quase nada se fala no mundo, dos cerca de um milhão de judeus de países árabes que foram perseguidos e expulsos de países árabes, onde viveram milhares de anos, mesmo antes da fundação do islamismo. Estes viveram no Iraque, Egito, Líbano, Líbia e outros países em relativas boas condições e quando fugiram às pressas deixaram seus bens e vieram a um país árido e sofrendo consequências econômicas. Os judeus que já viviam em Israel tiveram que acolher seus irmãos vindos dos horrores do Holocausto e dos irmãos de países árabes. Em três anos a população judaica em Israel triplicou.

Os árabes não aceitaram o Plano da Partilha, atacaram os judeus e reclamam ao mundo. A Transjordânia invadiu a parte oriental do que seria o Estado árabe e durante 19 anos que governou a região (a perdeu na Guerra dos Seis Dias, em 1967) não só não criou um Estado Palestino, como o rei Hussein os vigiava com suas forças de segurança e eles eram considerados inferiores.

Contrário à lógica, mas com determinação e apesar de todas as dificuldades e guerra, em 14 de maio de 1948, o líder sionista, David Ben-Gurion declara o estabelecimento do Lar Nacional Judaico, o Estado de Israel.

O problema palestino é uma criação dos árabes para que tentassem se unir contra um país que não o é, que progride, enquanto eles ficam para trás. Tanto é que a Organização de Libertação da Palestina surge só em 1964. Esta não ajudou os palestinos a chegar a coisa alguma. Os palestinos vivem “chorando” ao mundo. Não tentam progredir e não são ajudados pelos seus “irmãos ricos”, riqueza que veio do solo (petróleo e gás) e não de árduo trabalho. A ajuda, inclusive de Catar, que hospeda atualmente os jogos da Copa do Mundo, é dirigida ao Hamas e à Jihad Islâmica e só para armamento e destruição.

Com o passar do tempo, aos poucos, até países árabes passam a entender que têm mais vantagem aliando-se ao Estado de Israel. Pesquisa do Instituto Zogbi, de Washington, de 2019 revela que há maioria no mundo árabe para normalizar relações com Israel. Nos Emirados Árabe Unidos, pesquisa de opinião pública mostra que 84% são a favor (usto explica o sucesso dos Acordos de Abrão). Com 10 milhões de habitantes, o volume das relações comerciais já passa de 1 bilhão de dólares e zona franca). Só para comparar, com o Egito e seus 110 milhões de habitantes e relações diplomáticas desde 1979, o volume comercial é de 100 milhões de dólares. Na Arábia Saudita, que ainda não tem relações diplomáticas com Israel, a pesquisa mostra que 79% são a favor de normalização, mesmo sem resolver o problema palestino. No Egito 73%, na Jordânia 72% e até no Líbano 49% do povo estaria disposto a ter relações normais com Israel. Na Autoridade Palestina, 39% são favoráveis.

O Estado de Israel, com todas as adversidades, é uma ilha de progresso na região. As empresas de alta tecnologia são bem conhecidas, o armamento de Israel é vendido para muitos países, além do material bélico que Israel não quer vender, por receio que caia em mãos alheias. Em agosto deste ano, foi publicado que das 600 companhias “unicórnios” (com valor acima de 1 bilhão de dólares), 97 foram fundadas em Israel, ou por israelenses no exterior.

O Estado de Israel é um orgulho ao avanço das tecnologias, medicina, artes, agricultura e quase todos os ramos das nossas atividades. Um país com menos de 10 milhões de habitantes é um orgulho ao mundo todo.

Se o/a leitor/a pergunta porque ainda não há acordos de paz com os palestinos, a resposta é muito simples. Diversas vezes tentou-se chegar a acordo e os líderes palestinos, Arafat e depois Mahmoud Abbas (Abu Mazen) tiveram medo do seu próprio povo e recuaram. Com o passar do tempo, um possível acordo está cada vez mais difícil de se chegar.

Enquanto Israel, inventa e produz para o benefício da humanidade, os palestinos procuram meios de destruição. Poderiam construir o túnel do metrô de Tel Aviv e ganhariam paz e dinheiro ao invés de cavar tuneis de ataque em direção a Israel.

Mesmo que os países árabes já tenham se cansado dos palestinos e reatam relações com Israel, o mundo ainda coloca os palestinos no pedestal, sem proporção com outros problemas mundiais e maiores. Nesta quinta-feira (30) a Assembleia Geral da ONU passou resolução para organizar atividade central em Nova York, no dia 15 de maio, 2023, para marcar o 75º ano do que chamam de “nakba’ (desastre). Noventa países votaram a favor, 30 contrários e 47 abstenções (Leia em ONU vota a favor da comemoração da “Nakba”)

Porque esses países não se preocupam com o sofrimento no Irã, na Líbia, na Somália, em Afeganistão, na Ucrânia, China, Venezuela e outros com maiores populações e sofrimentos?

Se dependesse deste mundo imundo e insensato atual, o Estado de Israel, não obteria aprovação na ONU.

Em tempo: O Estado de Israel, através de sua Embaixada no Brasil homenageou o diplomata brasileiro, Oswaldo Aranha. Foi numa recepção à neta Zazi Aranha de 80 anos. Na homenagem, Zazi disse: “Meu avô odiava o regime nazista desde muito cedo. Ele sempre apoiou o povo judeu, mesmo antes do desastre do Holocausto”. Em Israel há ruas em nome do Oswaldo Aranha, em Tel Aviv e Beer Sheva e uma praça em Jerusalém.

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