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Lula considerado “persona non grata” em Israel

O embaixador brasileiro em Israel foi repreendido pelo ministro do Exterior, Israel Katz, no Memorial Yad Vashem, em Jerusalém, nesta segunda-feira, em resposta às comparações do presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, entre a guerra de Israel contra o Hamas e o Holocausto.

Katz exigiu que Lula se retratasse e pedisse desculpas pelo que ele disse ser um “grave ataque antissemita” ao comparar “as justas operações de Israel contra o Hamas a Hitler e ao extermínio de seis milhões de judeus pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial”.

“Não esqueceremos e não perdoaremos. Este é um grave ataque antissemita. Em meu nome e em nome dos cidadãos do Estado de Israel, informe ao Presidente Lula que ele é uma persona non grata em Israel até que ele se retrate”, afirmou Katz.

A expressão “persona non grata” é um instrumento jurídico amplamente reconhecido e utilizado nas relações internacionais. Ela confere aos Estados a prerrogativa de indicar que um representante oficial estrangeiro não é mais bem-vindo em seu território, permitindo ao país que enviou tal representante retirá-lo do país receptor.

Quando alguém é rotulado como “persona non grata”, essa pessoa deixa de ser reconhecida como membro da missão diplomática, não recebendo o status diplomático ou consular, além das imunidades e privilégios internacionalmente garantidos para visitar o país em questão. Essa medida é comumente adotada para punir membros do corpo diplomático que cometem infrações, para expulsar diplomatas acusados de espionagem e para expressar simbolicamente o descontentamento do país anfitrião. No caso do presidente Lula, a razão para essa designação está relacionada ao último fator no contexto atual.

O embaixador brasileiro, Frederico Mayer, desfilou diante das câmeras da imprensa até a sala do Livro de Nomes, onde estão inscritos os nomes dos judeus assassinados no Holocausto. O embaixador viu quão extenso e profundo era o documento que ocupava toda a sala.

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Katz disse que era importante trazer o embaixador à sala para “mostrar-lhe o Livro dos Nomes para lhe mostrar a diferença” entre a guerra de 2023 e o genocídio nazista em que os seus pais sobreviveram e perderam família.

Katz disse que havia uma “linha vermelha” e que Israel não poderia “ficar calado contra os libelos de sangue”.

As repreensões aos diplomatas estrangeiros são geralmente realizadas no prédio do Ministério do Exterior, e não no Memorial e Museu do Holocausto.

Lula fez comparações com as ações israelenses e o Holocausto na Cúpula da União Africana, no domingo.

“O que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino não existe em nenhum outro momento histórico”, disse Lula. “Na verdade, existiu quando Hitler decidiu matar os judeus”.

Katz já havia condenado as declarações do presidente brasileiro no domingo, como “vergonhosas e sérias. Ninguém questionará o direito de Israel de se defender”.

O presidente do Yad Vashem, Dani Dayan, disse no domingo que era “extremamente decepcionante que o líder brasileiro, um país de estatura significativa, recorresse à distorção do Holocausto e à propagação de sentimentos antissemitas de maneira tão flagrante”.

Os comentários de Lula “exibem um claro antissemitismo” e estão em contradição com a definição de antissemitismo da Aliança Internacional para a Memória do Holocausto (IHRA), disse Dayan. O presidente do Yad Vashem observou que o Brasil buscava aderir à organização IHRA.

Dayan argumentou que era inaceitável comparar as ações defensivas de um Estado contra o ataque terrorista de 7 de outubro, que deixou 1.200 pessoas mortas, com o assassinato sistemático de seis milhões de judeus pelo regime nazista.

O ministro do Exterior de Israel presenteou o embaixador brasileiro com o memorial “Livro de Nomes”, inaugurado no ano passado com mais de 4,8 milhões de nomes da maioria das vítimas judias do Holocausto, com centenas de milhares ainda precisando ser acrescentados.

No Livro de Nomes, o ministro mostrou os nomes de seu próprio avô Israel Katz e da avó Shprinza Katz.

Fonte: Revista Bras.il a partir de The Jerusalem Post e i24NEWS
Foto: Michael Dimenstein (GPO). Embaixador Frederico Mayer e Ministro Israel Katz.

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