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Mudança no mundo árabe em relação a Israel

Por David S. Moran

O novo governo de Israel está aguardando a visita do presidente americano, Joe Biden, prevista para a próxima quarta-feira (13) e que se estenderá por dois dias. Daqui seguirá para Arabia Saudita, onde participará com representantes dos países da GCC – Bahrein, Kuwait, Qatar, Omã, Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos. Com eles estarão o presidente do Egito, o rei da Jordânia, o primeiro-ministro do Iraque e talvez um representante de Israel.

Aos poucos, depois de 74 anos da independência de Israel, países árabes e muçulmanos estão mudando de atitude em respeito ao Estado Judeu. O primeiro foi o então presidente do Egito, Anwar Sadat, assinando Acordo de Paz em 1979. O segundo foi o rei Hussein da Jordânia, que assinou acordo de paz em 1994.

Outros países tinham ligações sigilosas com Israel. O Irã, até a deposição pelos aiatolás em 1979, os cristãos no Líbano. Países como o Marrocos, Mauritânia, Qatar tinham até representações. A alavanca para a mudança de atitude gradual dos árabes em relação a Israel deve-se ao fato de que o pequeno país (21.000km²) é um fato consumado e contribui para a humanidade em várias áreas. No caso destes países, Israel pode lhes auxiliar na irrigação, agricultura, ciências, defesa militar e mais áreas. O perigo militar aumentou com a ameaça iraniana, de maioria xiita, enquanto o mundo islâmico tem grande maioria de sunitas.

Desde o estabelecimento de relações entre Israel e os Emirados, Bahrein e Marrocos, já houve contatos nestas áreas e também na da Defesa. Em 26/06/2022, o Wall Street Journal disse que em Sharm Al Sheique, Egito, houve encontro secreto entre os comandantes dos exércitos da Arábia Saudita e Israel, com representantes do Egito, EAU, Bahrein, Qatar e Jordânia, sob coordenação americana. Estudou-se a possibilidade de incluir Israel no Comando Central do Exército Americano – US CENTCOM – com sede no Qatar.

Israel é considerado uma potência na área dos aviões não tripulados (ANT) e em armas antiaéreas, como o Domo de Ferro e outros. Estreitar relações com Israel pode ajudar na defesa dos poços petrolíferos da Aramco e dos castelos nos países vizinhos do Irã.

Os países árabes também entendem que o caso palestino é de menor interesse a todo mundo. Eles receberam, durante dezenas de anos, bilhões de dólares que foram para utilidade dos líderes palestinos e não da população. Nem os países europeus e ocidentais se deram conta de que a sua limpeza de consciência não melhorou a vida dos palestinos.

O presidente Biden encontrará em Beth Lehem (Belém) o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, de 85 anos, sem energia e sem vontade de passar o bastão a outro. Pelo visto não dobrará o governo de Israel em autorizar abertura de consulado americano em Jerusalém, onde EUA tem Embaixada, que serve israelenses judeus e muçulmanos. Consulado podem ter em Ramallah, sede da Autoridade Palestina.

Até com a Turquia do Erdogan, que é islamista e foi radical anti-israelense, há mudanças de atitude. O Ministro do Exterior, Yair Lapid iniciou negociações com o presidente turco, que estão dando resultado. Já se fala do retorno de embaixadas e ontem (7) foi anunciado um novo acordo aéreo entre Israel e Turquia. Até agora a companhia aérea que mais ligava Israel ao mundo era a da Turquia. Os aviões israelenses não voavam para lá, pois as autoridades turcas não autorizavam seguranças israelenses estarem armados. O novo acordo permitirá e companhias israelenses voarão à Turquia.

O presidente Biden enfrenta problemas internos e externos como a invasão russa à Ucrânia, a corrida nuclear do Irã, etc… Esperamos que obtenha sucesso na sua intervenção entre o Estado de Israel e os países árabes que estão se aproximando de Israel.

Yair Lapid é o primeiro-ministro interino

A entrada do primeiro ministro interino, Yair Lapid foi natural e tranquila. Ele foi primeiro-ministro substituto do Naftali Bennett, por um ano. Seu primeiro ato foi ir ao Museu do Holocausto, em Jerusalém, Yad Vashem. Isto em reverência ao seu pai, sobrevivente do Holocausto da Hungria e os sobreviventes que construíram um moderno e prospero Estado.

Seu caminho não está trilhado por rosas. Ele tem que lidar com inúmeros problemas, sem mencionar os políticos, com eleições em quatro meses. Convidou o líder da oposição, Benjamin Netanyahu a terem encontro mensal para lhe atualizar da situação militar do país, como é de praxe. Mas este continua com sua recusa de reconhecer o governo que o substituiu, não atendeu o premier Naftali Bennett nenhuma vez. Para mostrar seu rancor, transferiu-lhe o cargo em menos de meia hora, apesar de Israel ter inúmeras coisas para tratar e que são de suma importância.

Netanyahu se dispôs a receber relatórios da área militar do Secretário Militar do Primeiro-Ministro, o que o premier Lapid recusou. Esta atitude do líder da oposição não tem cabimento, principalmente em Israel onde a segurança do país está acima de divergências.

Logo de início, Lapid viajou à França onde foi recebido com grande afeto pelo presidente Macron. O motivo foi para convencer a França e a partir dela tentar abortar o acordo da questão nuclear com o Irã, por ser mau para Israel e para o mundo.

Agora, por quatro meses, a vida israelense se voltará à política e toda atenção girará em torno das eleições, as quintas em três anos e meio. Mesmo assim a vida continua. No sábado (2) Israel abateu três drones da Hizballah lançados em direção ao navio de extração de gás “Karish” perto da fronteira marítima com o Líbano. Também ocupa muito a atenção o julgamento do ex-Primeiro-Ministro, Netanyahu, no tribunal em Jerusalém, onde depõe a Hadas Klein, auxiliar direta do empresário Arnon Miltchen, e contará dos presentes caros que o casal Netanyahu o obrigava lhes dar. O Irã continua a ser um problema grave. O presidente Biden também colocará na pauta a negociação com os palestinos, que todos acham improvável no momento.

Atualmente, as pesquisas de opinião pública para o resultado das eleições do dia 1 de novembro, dão um empate técnico, com pequena vantagem ao bloco do Likud e suas coligadas. Mas, até o dia das eleições muita coisa pode mudar. Depende de novos elementos que possam eventualmente ingressar na política, como por exemplo, o Tenente General (Res) Gadi Eizenkot, ou políticos que se retiram, como o deputado por 23 anos do Likud, Yuval Steinitz, que foi Ministro da Fazenda (2009-13), Inteligência (2013-15), Energia (2015-21) e chegou à conclusão de que não teria vez no partido atualmente. Desabafou: “mereço e minha família também respirar um pouco de ar puro”.

Foto: Amos Ben Gershom / Government Press Office (Israel), CC BY-SA 3.0 (Wikimedia Commons)

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